Confesso que, de uma forma ou outra (prosa ou verso), você me remete a pássaros. Vôa através das reflexões e nas traduções registra, não mais a bico de pena (rs...), mas com muita eficiência, matérias que eu jamais tomaria conhecimento, não fosse através dos seus trabalhos.
Quanto aos versos, abusei ao propor lúdica continuidade a “Por entre rimas em ão”. Havia me esquecido do fato de Jorge Amado ter gostado da quadrinha no encontro que tiveram em Paris. Consegui no verso uma brecha que não obtive em outros que também aprecio, mas são definitivos e não admitem brincadeira:
“Ai de mim,
minhas nenhumas asas.
A saudade é um pássaro.” ( “A saudade é um pássaro” –set/2000 )
“Ouço cantar o pássaro desta manhã,
dia adentro, pintopia.
Hoje ainda não cantei,
sou pássaro de um outro dia.
Ave, senhor dos galhos!
Ave, senhor das gaiolas!
Me desarvoro,
vôo, vôo, vôo,
vou “ ( “Ave” – jul/2000)
De qualquer forma, continuo atenta e aguardo a publicação de seu livro, já em processo de organização por Jônatas Protes. Queria poder dizer a ele:
“Jardineiro, meu amigo,
cuida bem deste jardim.” (Jardineiro – maio/2001)
Tenho certeza de que o seu trabalho decorre de
“Olhos arregalados,
meninice e invenção:
matéria de poesia.” (ZPA)