O JANGADEIRO
Renato Ferraz
Quando o jangadeiro é impedido
de pegar a jangada e sair para o mar,
se o tempo não estiver favorável,
ele se sente um peixe fora d’água.
A vontade que tem é de chorar,
seu desejo é sair para pescar,
sua vida está ligada ao mar.
Ele não fica um dia sem navegar.
Porque um dia lhe parecerá um ano,
é como se lhe roubassem o ar.
Não que a vida no mar seja doce,
mas aquele amor o faz assim achar.
Durante a noite o frio às vezes o maltrata.
Já durante o dia é o sol que vem queimar.
A solidão da pesca o faz pensar.
De sofrimento ninguém gosta,
mas nem isso o faz desanimar.
Cada pescaria o enche de esperança.
Orgulha-se voltar com o pescado para a terra.
As intempéries, aprendeu a dominar
porque do céu lhe vem a inspiração.
Às vezes joga a rede, mas volta vazia.
A paciência o ensinou que outra vez
quando lançar, virá cheia, compensará.
Seu pai lhe ensinou alguns segredos
e o presenteou com o mar.
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