Olhando as mensagens que chegam a mim, pela moderna Era Cibernética - virótica, eis que chega uma maravilha de escrito de uma mulher que, se não fosse eu mulher, casar-me-ia com ela...
Estive lendo e perguntando ao meu ID, por quais cargas d água eu resolvi deixar de ser mulher de marido mandão, para ser dominadora funcionária publica, adquirindo então meus direitos de cidadã.
Sem respostas.
Achei melhor não ouvir meu Ego dizer que fiz besteira. Que a troca não foi tão boa quanto eu imaginei ser.
Esta é a verdade. Nós, mulheres, um dia decidimos que deveríamos ter as mesmas funções dos homens, afinal tínhamos mais inteligência que eles - quem disse isso algum dia? - e saímos a campo para conquistar os espaços que nos faltavam para a felicidade completa...
Nos vestimos como eles, de ternos ajeitados e até gravatas; Que bravata!
Saímos pra rua - mesmo ouvindo resmungos e lamentações - a procura de um emprego. Concursos feitos, lugares conquistados. Faculdade abarrotadas de mulheres que procuravam um lugar ao sol. E a lua era testemunha. Estamos na rua cedinho, levamos filhos para a escola enquanto os pais - sortudos estes - dormem placidamente esquecendo-se das mulheres batalhadoras. Corremos entre carros, enfrentando o perigo das outras mulheres no volante. Vamos dar razão a quem de direito. Elas dirigem mal mesmo. Exceto eu!
Da escola dos pequenos para o trabalho, enfrentando chefes e colegas, nem todas com caras amistosas. Horário de almoço. Que alivio!
Para quem?
Saímos correndo do trabalho, tem que passar no supermercado, comprar carne, pensar na janta também, pagar a conta e ficar imaginando se é o nosso dinheiro que devemos usar ou o deles. Ficamos sem respostas e.sem dinheiro.
Corrida Maluca, para a escola. beep beep, aquelas buzinas horrorosas das mulheres que ficam atrás de nós perguntando porque paramos em fila dupla. E até tripla. Mas basta que saiamos da fila para que ela se adone daquele lugar maravilhoso e estratégico da frente do portão da escola.
Um grito e lá vem à criança e toda a parafernália: mala, sacola, lancheira, brinquedo, livros...Etc...
Corremos para o porta-malas. E a pergunta. Será que vão caber mais coisas alem das compras?
Mais buzinas e, o que é pior, de homens que "eventualmente" passavam ali e falam aquelas palavras tão gentis que faz nosso intimo dar respostas não tão gentis: Eiii Dona Maria, vai pra casa, vai cuidar das panelas... Mas quem cuida dos filhos? O homem, a sua maioria, jamais chegou na porta da escola.
Bom, temos que ir em frente e não assassinar o primeiro homem que nos xinga na rua.
Correr pra casa com os filhos gritando no carro. Agora temos a facilidade do celular. Meu Deus! Deixei no escritório...
Chegando em casa, felizmente temos uma ajudante que, sempre, tem algo que não sabemos definir, pois adoram fazer tudo ao contrário do que pedimos.
Mas não vivemos sem elas.
O marido já chegou e esta em frente à televisão. Apenas um olhar e já sabemos como estará o clima do almoço.
Todos fazem o que é necessário e pulam pra mesa.
A mãe não. Esta vai para a cozinha porque a Benedita não terminou o almoço. A providencial Super Mãe faz tudo ficar rápido.
Todos na mesa agora e o almoço transcorre feliz. A filha fala, o pai retruca, a mãe desconversa pra evitar maiores danos.
Sobrevivemos a esta refeição. Amem!
Agora, hora de descanso. Para os pais.
A mãe tem que preparar o que deverá ser feito pelos filhos, levar a mais velha na casa da amiga com a promessa de que voltará a pé na hora certa. A mais nova quer colo. Não serve o do pai.
Desdobro-me como mãe.
Lá vou eu para o carro. Na volta fura o pneu. Não tenho celular pra chamar ninguém. Quem mandou esquecer lá?
Tento e me arrebento. Quando tiramos a Carteira de Habilitação, ensinaram a trocar pneus?
Não lembro disso. E eles receberam as mesmas instruções?
Como sabem onde mexer quando o carro enguiça?
Por que não esquecem de olhar a gasolina e nunca ficam sem ela nas horas mais importantes?
Isso só acontece com mulheres?
Estranhas essas perguntas sem respostas. Há um segredo entre eles e um comum-acordo para nunca falarem a respeito.
Por sorte ainda existem almas boas e anjos. E, às vezes, tem olhos verdes. Eis que para um desses arroubos da sorte e ajuda na troca de pneus. Um agradecimento, uma boa tarde e lá vai eu.
Para compensar, recebo um olhar fulminante do maridão, que ficou em casa repousando, coitado, sem ao menos perguntar porque do atraso e lá vem bala.
Uma pega raspando e eu desvio. Mas a segunda é certeira.
- Onde estava a boneca?
Depois dizem que não temos paciência com eles.
A boneca estava trocando o pneu que furou.
- levou pro borracheiro?
Esquecimentos ocorrem. Não, não levei.
Lá vem outra bala e esta é mortal.
- Pra variar, você esquece sempre o que é importante.
Fico me perguntando o por que desses comentários, mas são respostas que não vamos conseguir em lugar algum.
Um até logo mal dado e lá vou eu pro borracheiro...
Atrevido e mal encarado, mas lá vou eu ao trabalho, sem estepe.
O chefe já chegou e olha com o rabo dos olhos para o relógio de mesa.
Sem palavras.
O que eu estou fazendo aqui que não pude seguir o conselho de minhas avós que faziam o almoço e depois passavam a tarde em casa...
Uma tarde desgastante, de serviços, a tela do computador que dá respostas necessárias ao meu trabalho.
Que tarde comprida.
Um telefonema para saber se a filha mais velha chegou. Claro que não.
Mais uma ligação e recebo um atrevido “já vou megera” ·Engulo as palavras, pois não poderia engolir minha filha.
Mas bem que me arrependi de não tê-la engolido quando nasceu e eu disse “que bonitinha, dá até vontade de comer".
Sigo a vida... Ou é briga?
Final de expediente corro no borracheiro, mais um gracejo, pagamento, do meu, claro e lá vou eu enfrentar a fera que deve vir pra casa no mau humor frequente.
Mas eu sei que esse humor vai se modificar quando chega a hora de dormir. A única hora que temos nossa realmente e que encostamos a cabeça no travesseiro e quando o sono vem, feito chumbo, escutamos aquele celebre frase. “Vamos amorzinho...” ·Grrrrrrrr, amorzinho agora né?
E nós que somos geniosas...
A vida segue como sempre e eu, antes de dormir, fico aqui perguntando, para ter a pergunta sem resposta, por que razão eu quis ser igual aos homens?
Se fossemos iguais a eles, só reclamaríamos, faríamos xixi de pé, sem nos importar quem sentaria ali, molharíamos mais o vaso sanitário, sairíamos com os amigos para um papo descontraído, reclamaríamos da comida, da roupa e da empregada, não pegaríamos filhos na escola...
Quem inventou essa coisa de igualdade?
Quem sabe um dia ainda possamos ver um HOMEM tomar nosso lugar por um dia.
UM UNICO DIA!