A que tudo indica, a triste fama de Defuntódromo, como o Centro Cultural Mauro Cunha, em Gurupi, no Estado de Tocantins, também ficou conhecido, está com os dias contados.
É que sensível aos apelos da classe artística que não mais aguentava ver o Centro Cultural sendo usado como Capela Mortuária, finalmente a Prefeitura está providenciando um lugar apropriado para se velar os nossos mortes.
Numa parceria com a Maçonaria, a primeira casa de velórios de Gurupi será instalada onde antes funcionava a Loja maçónica na Avenida Santa Catarina, entre as Ruas 6 e 7.
O projeto da Casa de Velórios é arrojado (pra defunto nenhum botar defeito). Lá, finalmente, os nossos mortos poderão ser velados em paz, sem que seja preciso interromper as atividades artísticas e administrativas do Centro Cultural e até mesmo da biblioteca.
A "cultura" de se realizar velórios no Centro Cultural Mauro Cunha começou depois que lá fizeram o primeiro velório. Foi quando o pessoal viu que o local é bem localizado, espaçoso e, ainda por cima, de graça. Ai virou moda.
A cada velório ali realizado, certamente indignado, o saudoso Mauro Cunha se revirava no caixão (ou do que restou dele), pois como grande artista que era jamais aprovaria que o Centro Cultural fosse usado para velar os mortos, já que cultura é arte e arte é vida.
Para quem não conhecia a triste fama de Defuntódromo do Centro Cultural, chegava a ser estranho, até, o fato de num dia, ao se passar pelo local, se via um monte de pessoas tristes e um morto bem no meio do salão de eventos (hoje, transformado em Galeria de Arte Kathie Tejeda). Já no dia seguinte, no mesmo local, se via um grupo de Street Funk ensaiando uma coreografia, ou mesmo a Banda Municipal tocando lindas marchinhas carnavalescas sob a batuta do maestro Alexandre.
Para vocês terem uma vaga idéia de como o Centro Cultural Mauro Cunha ainda é visto por muitos como casa de velórios, na manhã do dia 30 de março, quando ali acontecia uma reunião dos artistas com o presidente da Fundação Cultural do Tocantins, Júlio César Machado e o diplomata francês, Romaric Buel, ao ver toda aquela movimentação, pelo menos três pessoas haviam entrado ali para ver quem "havia morrido!"
Com todo o respeito aos familiares dos mortos, mas convenhamos, o Centro Cultural Mauro Cunha não é um local apropriado para velórios, a menos, que seja um velório artístico, bem alegre, descontraído com direito a aplausos calorosos após um final feliz, tudo, é claro, com a aquiescência do maior interessado: o falecido!