Em sua boca o silêncio
Em suas mãos calos
Em seu ser um vazio completo,
Vazio de força para a luta
Vazio de coragem para a crença
Vazio de intenções simples ou nobres
Vazio de fome, de miséria, de ignorância.
Em sua pele o suor
Em seus olhos o conformismo
Em sua vida o câncer, o infarto,
O estupro como coisas comuns...
Inverso em todos seus atos,
Análogo a um sorriso que não surge.
Quisera poder lançar ao mundo sua voz
Mas está sozinho e sem semblante!
Quisera poder amar como os homens amam
Mas já não possui um coração!
Quisera poder respirar o ar puro da liberdade
Mas já está preso à uma engrenagem sólida!
Quisera poder abraçar seu filho amado
Que já foi levado nas asas de um crime.
Crucificado, dilacerado, esquecido,
Ousa ainda sorrir um sorriso sem graça
Sem dentes, sem futuro ou presente.
Olha ainda o céu escuro
E agradece a um Deus que lá está!
Mas por ser analfabeto não consegue ler
As entrelinhas do “olhar Divino”
Dizendo para ele se deitar,
Fechar os olhos e desistir...