A lingüística, como ciência da linguagem, principalmente através da diacronia, mostra-nos as numerosas contribuições que as línguas estrangeiras trouxeram – e trazem – à nossa língua materna. Essa ciência nos mostra que a incorporação de termos estrangeiros é um processo natural, enriquecedor, produtivo e constante na língua de um país. Afinal, quem negaria contribuições de palavras incorporadas em nossa língua, como: alface, alfinete, bife, futebol, beque, abajur, xampu, dentre outras. E continuamos a importar palavras, pois vivenciamos um processo cíclico que necessita de uma atenção especial.
Entretanto, devemos preocupar-nos com o abuso destas invasões, que maltratam a beleza de nossa língua portuguesa. A incorporação desnecessária de vocábulos estrangeiros a nossa língua fere nossa vaidade e nosso orgulho. Termos já existentes na língua portuguesa devem ser preservados por quaisquer invasões estrangeiras. Quem não já assistiu na televisão a uma corrida de fórmula 1 e ficou sem entender muitas palavras que o narrador proferia, como: “safety car”, “pit stop”, “finish start”, “clock speech, Record, etc. O uso imbecilizado de palavras estrangeiras exclui milhões de pessoas de comunicações simples e de importante compreensão, como por exemplo, entender o que estabelecimentos comerciais quer-nos dizer quando expõe na vitrine: 50% “off”, “fast food”, “making of”, “milk shake”, “self service”. Por quê utilizar essas palavras se já possuímos equivalências em nosso vocábulo? Sem dúvida, os marketeiros (palavra aportuguesada) intencionam ludibriar os consumidores, atraindo-os ou simplesmente lhes subjugando.
Hoje, o estrangeirismo saiu do campo da lingüística e passou para o campo da política. Então nossa preocupação primordial é manter a soberania nacional e nossa identidade cultural. A lingüística, como meio de propagação, torna-se o campo da aculturação e da dominação. Na história da humanidade, todo país que intencionava estabelecer domínio sobre outro país, introduzia sua língua e sua cultura para garantir uma plena conquista. Assim foi com o Império Romano, Alexandrino (Macedônia), Português, Anglo-Saxônico,...
O cuidado com a identidade nos preocupa hoje, principalmente, porque estamos vivenciando um período de dominação, a qual os E.U.A. querem anexar a economia – riquezas – dos países periféricos. E a tática dos estadunidenses não é diferente da tática dos impérios antigos.
A perda da identidade de uma nação para a aquisição de uma identidade universal-hegemônica chama-se globalização. Eis o por que do seguinte questionamento: “será que a globalização é benéfica a maioria dos países ou somente a uma minoria deles? A “guerra antiterror” nos comprova esta idéia. As falácias de George W. Bush fazem com que milhares de pessoas de vários países vistam camisas dos E.U.A. expressando apoio ao discurso norte-americano. É de se admirar um país que provocou quase 40 guerras pelo mundo somente no século XX passe da condição de terrorista a aterrorizado gerando comoção mundial*. Essa inversão de culpa faz parte desse processo de aculturação.
É curioso e importante o processo lingüístico e suas contribuições estrangeiras. Entretanto a preservação dos termos já existentes em nossa língua, além de ser uma demonstração de amor ao nosso idioma, é a manutenção de nossa soberania e o fortalecimento de nosso orgulho nacional. Diga não ao xenofobismo e sim ao patriotismo.
* Vietnã (2.000.000 de mortos), Correia (5.100.000 de seres humanos assassinados), Golfo (140.000 de mortos), Hiroshima (140.000 de mortos), Iraque (6.000 pessoas todos os meses morrem).