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Artigos-->CASA DAS ROSAS - A COLEÇÃO L. C. VINHOLES -- 19/07/2024 - 11:23 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 

CASA DAS ROSAS

A COLEÇÃO L. C. VINHOLES

 

L. C. Vinholes

19.07.2024

 

 

Quem procurar saber algo a respeito da Casa das Rosas, encontrará resposta principalmente no Google, sem dúvida alguma, uma das mais acreditadas fontes de informações à disposição do público, sempre que os usuários mantenham seus dados atualizados.

 

Desta vez a informação que recebi não foi correta, pois os nomes “para diretor executivo” e “para diretor” – Clovis Carvalho e Plínio Correa -, não foram confirmados, mas a instituição contatada, se mostrou surpresa e, gentilmente, adiantou o nome da nova diretora: Maria Beatriz Henriques.

 

A Casa das Rosas, situada na Avenida Paulista nº 37, Bela Vista, em São Paulo “é um casamento no estilo clássico francês”, “projetado em 1935 pelo Escritório Ramos de Azevedo”, tendo como responsável o arquiteto  Felisberto Ranzini (1881-1976 ), nascido em Mântua, Itália, e falecido em São Paulo, destacando-se também como artista plástico, pintor e desenhista brasileiro. Foi professor “da Escola Politécnica da USP (1921-1951)” e da “Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (1948-1952)”.

 

Os jardins de rosas da Casa das Rosas foram sempre um dos ícones da beleza das antigas residências da Avenida Paulista, sendo a rosa “a flor de maior simbolismo na cultura ocidental” e “consagrada à muitas deusas do zodíaco. Símbolo de Afrodite e de Vênus (deusa grega e romana do amor). O Cristianismo adotou a Rosa como o símbolo de Maria”.

 

A Casa das Rosas deixou de ser o Palácio dos Bandeirantes e passou a ser chamado “Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura”, graças ao Decreto nº 49.237, de 9 de dezembro de 2004, assinado pelo então Governador Geraldo Alckmin, hoje vice-presidente da República.

 

Segundo o Google, "A Casa das Rosas é um dos principais Museus da Cidade de São Paulo e o seu acervo bibliográfico é composto por obras do poeta paulistano Haroldo de Campos, um dos criadores do movimento da poesia concreta na década de 1950”. “Atraindo milhares de visitantes sustentados na Cultura Brasileira, sua programação, diversa e plural, é composta por exposições, cursos, palestras, saraus, oficinas, lançamentos de livros, performance, apresentações teatrais, entre outras. O Museu é gerido pela Poiesis, Organização Social de Cultura, em parceria com a Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo."

 

Antecedentes

 

Em abril de 1960, fui curador da I Exposição de Poesia Concreta Brasileira no Exterior, montada com a colaboração do arquiteto paulista João Rodolfo Stroeter e realizada com o apoio institucional e financeiro do Museu de Arte Moderna de Tokyo, na pessoa do seu diretor Atsuo Mayusumi, ex-delegado japonês à Bienal de São Paulo. O evento teve repercussão significativa e, historicamente, se constituiu na “cabeça de ponte” das profícuas relações que se seguiram entre os grupos Noigandres e VOU (lê-se vao) de poetas de vanguarda do Brasil e do Japão, liderados, respectivamente, por Haroldo de Campos e Katsue Kitasono.

 

Conheci a Casa das Rosas, em 2012, na gestão de Frederico Tavares Bastos Barbosa, quando lá estive em companhia de grande amiga Carmem de Campos, para apresentar a proposta de doação da minha coleção de antologias, livros, revistas, cartazes, convites, cartas e demais documentos, a maioria relacionada à poesia japonesa, bem como a dos poetas do Brasil, França, Inglaterra, Canadá, Itália etc.

 

Em clima de entendimento de ambas as partes, não tardaram minhas providências para enviar a quase totalidade de tudo que possuía, “como depositário fiel”, e que passaria a fazer parte do acervo da Casa das Rosas. Posteriormente, tomei conhecimento de que o material por mim enviado não seria acrescido ao de Haroldo de Campos, mas sim permaneceria em estantes separadas por se tratar de uma coleção específica. Certa ocasião, tive oportunidade de visitar o subsolo da Casa das Rosas e ali apreciar o singular encontro de farto material de pesquisa, a meu ver, simbolizando a continuidade das fraternais relações de dois amigos com o mesmo propósito.

 

 

 

 

Com data de 19 de novembro de 2012, a quase totalidade da minha biblioteca com livros, antologias, fotos, cartas, convites, manuscritos, etc. descriminados em listas anexadas, foi acomodada em 8 (oito) caixas e entregue à transportadora que me foi indicada, seguido para o Centro de Referência Haroldo de Campos da Casa das Rosas, endereçadas aos cuidados de Simone Homem de Mello, Coordenadora do referido Centro. Segundo o inventário, a doação era de 737 (setecentos e trinta e sete) itens, documento que assinei e devolvi à Casa das Rosas. Registro que, no anexo único do Contrato Poiesis nº 079/2014, de 12 de outubro de 2014, “Termo de Doação Pura e Simples de Acervo Bibiográfico para a Casa das Rosas – Centro de Referência Haroldo de Campos”, constam 728 itens, nove itens a menos, a saber: 156 (cento e cinquenta e seis) livros, 162 (cento e sessenta e dois) periódicos, 21 (vinte e uma) separatas, 379 (trezentos e setenta e nove) documentos e 10 (dez) objetos. Dez anos depois, na gestão de Júlio Mendonça, em abril de 2022, pela Transportadora Pontual, enviei 3 (três) caixa com mais publicações e documentos, para serem acrescidas à Coleção Vinholes.

 

 

Dedicatórias

 

Em carta de março de 1999, a professora Marly Kubota, que estava em Londres preparando sua monografia de mestrado em música, perguntou-me: “Qual é a sua relação com os poetas concretos brasileiros (Pignatari, Campos)?” De Milão, respondi elencando contatos e afinidades com os poetas brasileiros, e, como prova da amizade e afinidade com os concretistas paulistas, encaminhei relação de publicações com suas dedicatórias, especialmente as recebidas de Haroldo de Campos, inclusive a de 27 de julho de 1999, no exemplar de Ideograma: Lógica, poesia e linguagem, na qual ele declara: “Ao querido Amigo Vinholes, companheiro de aventura intelectual e Marco Polo do mundo literário japonês, - ao amigo, ao compositor, ao poeta”. O exemplar aqui mencionado, bem como aqueles citados na carta à professora Kubota, estão relacionados no artigo Dedicatórias de Haroldo de Campos[i] e fazem parte da Coleção L. C. Vinholes, doada à Casa das Rosas.

 

80 anos em 80 minutos[ii]

 

A Rádio Cultura de São Paulo, pertencente à rede educativa vinculada à Fundação Padre Anchieta, homenageando meus 80 anos e relembrando os 10 anos da morte do poeta Haroldo de Campos, transmitiu o programa 80 anos em 80 minutos, de diálogo entre a entrevistadora Shirley Ribeiro e Simone Homem de Mello, registrando o concerto de 26 de abril de 2013, no qual foi destaque o uso das Instruções 61[iii] para quatro instrumentos quaisquer e quatro colaboradores, por mim criadas.

 

Shirley e Simone teceram comentários e fizeram uma retrospectiva das minhas atividades no Japão, ao mesmo tempo chamando a atenção para o fato de que o concerto daquela noite era parte da mostra Ideograma e Poesia Concreta, “primeira exposição baseada no acervo de Luiz Carlos Vinholes, em processo de doação à Casa das Rosas”.

 

 

Cartas, haikais e concretos de Pedro Xisto

 

Um dos poetas que, tardiamente, aderiu ao concretismo, mas que se tornou uma das figuras importantes, foi Pedro Xisto Pereira de Carvalho, ou simplesmente Pedro Xisto como se assinava e gostava de ser tratado.

 

Certas vez em Brasília, encontrei ao amigo-diplomata embaixador na Nicarágua, Antônio Genaro Mucciolo, e um dos assuntos com o qual nos ocupamos foi sobre a perda de Pedro Xisto em julho de 1987, um amigo com o qual tínhamos afinidades, sendo uma delas o seu interesse pelo Japão e pela cultura japonesa. Os haikais que ele escrevia e incluía no texto de suas cartas, mereceram nossos comentários. Antes de nos despedirmos, Genaro prometeu enviar-me cópia da correspondência de 1963 a 1974, trocada com nosso saudoso amigo comum.

 

Em contato com a Casa das Rosas, em setembro de 2019, encaminhei à Coordenadora Simone Homem de Mello a relação das cartas da correspondência minha e de Genaro com Pedro Xisto. Nos dias 10 e 11 de dezembro do mesmo ano, ela que, como eu, desaconselhava o envio do material pelo Correio, veio a Brasília e recebeu o que estava elencado em três listas: 1) a minha correspondência com 57 itens, 2) a correspondência de Genaro com 20 itens e 3) os haicais e os poemas concretos e a biografia de poeta com 12 itens. Levou, ainda, um pen drive com as três listas acima mencionadas e as imagens de todo o material doado, bem como um painel com suporte de madeira forrado com cartolina preta, medindo 49,5 x 41 x 1,5cm, exibido recortes de poemas de Pedro Xisto. Esses documentos, incluídos na Coleção L. C. Vinholes, hoje pertencem ao acervo da Casa das Rosas.

 

 

COLEÇÃO L. C. VINHOLES

 

Justificando o porquê do título desse artigo usar a expressão Coleção L. C. Vinholes, digo que é por ser ela utilizada não só nas conversas, mas também na correspondência que, eventualmente, faz referência às doações que fiz à Casa das Rosas. Valho-me também do fato de que na Cláusula Sexta do Contrato nº 79/2014, por mim assinado, está escrito que os “DOADORES autorizam a vinculação por prazo indeterminado de seus nomes ao conjunto dos BENS ora doados, na forma de COLEÇÃO VINHOLES, no sistema de catalogação, registros e divulgação ao público da Casa das Rosas”.

 

Uma vez que as doações que fiz à Casa das Rosas no correr dos anos foram positivamente apreciadas e úteis, confesso que gostaria de ver que na divulgação do rico e singular acervo da Casa das Rosas no tocante à poesia concreta e seu histórico, ao lado do legado de Haroldo de Campos, possa ser encontrada justificativa e espaço para mencionar também a Coleção L. C. Vinholes, com sua rica lista de antologias japonesas.

 

Por oportuno, no final deste artigo, desejo deixar registradas duas homenagens que, modestamente, aceitei e das quais muito me orgulho: fui patrono da 42ª Feira do Livro de Pelotas e, no seu encerramento, em 29 de outubro de 2014, em cerimônia no Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas, a diretora professora Ursula Rosa da Silva, assistida pelo coordenador Mário de Souza Maia, anunciou minha nova credencial, a de Patrono da Discoteca daquele Centro.

 

[i] Desde março de 2011.o artigo Dedicatórias de Haroldo de Campos está disponível no site .

[ii] Desde 23.05.2013, o artigo 80 ANOS EM 80 MINUTOS - RÁDIO CULTURA, BRASIL Diálogo entre Shirley Ribeiro e Simone Homem de Mello, está disponível no site .

[iii] Parâmetros ou bula de instruções criadas por L.C. Vinholes, para quatro instrumentos quaisquer e quatro colaboradores, para produção de música aleatória

Comentarios

Roseli k. Shiroma  - 24/07/2024

Prof. Vinholes, é muito bom saber que temos acesso ao seu acervo e às suas memórias. Agradeço sempre por sua atenção.

Maria do Carmo Maciel Di Primio  - 22/07/2024

Grata Prof. Vinholes por mais este artigo!! Na próxima vez que for a São Paulo, visitarei a Casa das Rosas !!

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