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Artigos-->COMO ENTENDER A INQUISIÇÃO? -- 29/09/2024 - 18:37 (LUIZ ROBERTO TURATTI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

COMO ENTENDER A INQUISIÇÃO?

 

Prof. Felipe Aquino

A Inquisição muitas vezes é julgada pela sociedade de forma injusta e fora do contexto da Época que ela foi criada. Ela (a Inquisição) se transformou em propaganda contínua para os inimigos da Igreja Católica e de Jesus Cristo que tentam denigrir a Igreja e o Cristianismo com os erros de algumas pessoas da Igreja que “pecaram” como foi dito pelo saudoso Papa João Paulo II em seu pedido de desculpas pelos erros dos filhos da Igreja.

Após a Idade Média com os ditos filósofos “iluministas” que propagaram o ateísmo e julgaram que jogaram “luz sobre as trevas da sociedade cristã”, ela se tornou de heroína do povo e dos bons valores para a vilã e o marco de falta de progresso da sociedade cristã medieval. Essa propaganda anticatólica sobre a Inquisição se deu com os filósofos “iluministas” tendo Voltaire à frente.

Devemos ter em mente irmãos como era a sociedade medieval e como era o homem medieval. Dizia São Tomás de Aquino, contemporâneo da época da Inquisição, que o crime mais grave do que falsificar a moeda é falsificar a fé, pois quem falsifica a moeda só traz danos ao bolso, mas quem falsifica a fé traz danos que podem ser irreversíveis à alma.

A Inquisição foi criada em uma época onde “a salvação do corpo valia mais que a salvação da alma” como ressalta o escritor medieval Gil Vicente em sua obra “O Auto da Barca do Inferno”. Lendo este clássico da literatura portuguesa entenderemos um pouco a sociedade medieval, no que se trata aos judeus, mouros (árabes), cruzadas e o infeliz concubinato que havia entre os padres e que manchava a honra da instituição da Igreja Católica, concubinato esse que foi definitivamente condenado pela Igreja no Concílio de Trento.

Em uma sociedade que estava se recuperando da queda do Império Romano do Ocidente (476 D.C.) e que estava sendo reconstruída pela Igreja Católica, pelo trabalho educacional dos monges beneditinos e pela caridade dos monges franciscanos, que muitas vezes eram a única assistência caritativa que o povo medieval tinha, este mesmo povo aprendeu a defender essa Santa Igreja-e por ventura a única- com unhas e dentes pois o homem medieval foi civilizado pela Igreja, trazido do mundo bárbaro ao Cristianismo pela cruz que dobrou a espada. O homem medieval era grato à Igreja e aprendeu a amá-la, por isso nesta época o herege era muito mais que alguém que discordava da Igreja, era uma ameaça à sociedade que estava ressurgindo na sombra da Igreja de Cristo, e que poderia colocar todo o trabalho de reconstrução da Europa pela Igreja Católica à perder. Por isso os hereges eram tratados como criminosos não só por lesa-majestade, mas por lesa-majestade divina.

Tudo começou com a ameaça cátara que semeava anarquia e era uma seita violenta e também com outras seitas como os Hussitas, os Irmãos do Livre Espírito, os Valdendes de Pedro Valdo entre outros que negavam o sacramento do matrimônio que a Igreja batalhou para colocar no coração dos povos europeus, antes bárbaros e agora cristãos. Nesses artigos veremos a questão cátara, o caso Joana D’Arc, Giordano Bruno, Galileu Galilei, o Index, as Inquisições espanhola e portuguesa. Que Deus os bendiga!

 

O SURGIMENTO DA INQUISIÇÃO

A Inquisição surgiu no ano de 1184 pelo Concílio de Verona através do Papa Lucio III. Foi criada para julgar os casos de heresia que surgiam dentro da Igreja, que muitas vezes se dava por padres como João Huss que do nada viravam hereges e atacavam violentamente a Igreja e semeavam rivalidades e traziam desordem pública.

Seu primeiro local de atuação foi Languedoc (França) para combater a heresia cátara que como já foi abordado, era anarquista, anticatólica e incentivava a Endura (suicídio sagrado) e ataques à propriedades rurais e da Igreja. Há relatos que mulheres eram abusadas sexualmente durante os rituais da “igreja cátara”.

“Mata-se muito mais pela ausência de Deus do que quando se usa Ele como justificativa para fazer o mal.”.

 

A HERESIA CÁTARA

Muita gente hoje em dia é analfabeta de fé e de história ao considerar os cátaros como mártires “do Cristianismo puro”. Sabemos muito bem que eles eram anarquistas e negavam a divindade de Cristo, a existência do Espírito Santo, e ensinavam que o corpo humano e todas as coisas materiais eram criações do diabo (o deus do mal) na teologia cátara que copiava as doutrinas do maniqueísmo, dando uma falsa terminologia cristã aos dogmas maniqueus.

São Paulo escreveu que o corpo humano é templo do Espírito Santo. Nos Evangelhos Cristo ressaltava a importância do Matrimônio, disse que o que contamina a alma não é o que é exterior e sim é o que é interior e que vem de dentro do homem, Cristo ressaltou a importância da monogamia (casamento de um homem com uma única mulher). São Paulo dizia em suas cartas que a sabedoria do mundo é loucura para Deus e que o justo viverá unicamente pela fé. Mas todos esses valores evangélicos e cristãos eram negados pelos cátaros, que ironicamente eram chamados “puros”.

A heresia surgiu em Languedoc no fim do século XI, na região sul da França. Causavam desordens públicas e incentivavam ataques à paróquias e à propriedades rurais. Como já foi mostrado no primeiro artigo deste estudo, como era uma seita que considerava toda a matéria, incluindo o corpo humano como obra do “deus do mal”, incentivavam a Endura (suicídio sagrado) e haviam relatos de estupros de mulheres durante os rituais da seita catara. Isso se deve pelo fato da seita considerar o corpo humano como algo mal e desprezível e que não merecia o respeito. Isso era praticamente um convite para uma vida de luxúria e de crimes contra propriedades e de violência sexual.

Logo quando o povo francês e cristão se viu ameaçado pela seita, a Igreja tomou seu papel de guardiã da fé cristã e contou com a ajuda do estado para combater os hereges que não só eram hereges, mas criminosos. Inúmeras tentativas de conversão dos cátaros foram feitas. Santo Antônio de Pádua conseguiu converter vários deles, mas muitos cátaros fugiam do debate religioso e continuavam uma vida de heresia e de crimes. A Cruzada Albigense iniciou em 1209 e durou 35 anos. Liderada por Simão de Monfort, também contou com a participação do rei Luís VIII.

 

O MODO DE AGIR DA INQUISIÇÃO

Diferente do que se pensa, os inquisidores eram pessoas estudiosas formadas em teologia e Direito Canônico. Só poderia ser inquisidor homens com no mínimo 40 anos.

Em uma época de ordálias e duelos, execuções sumárias, a Inquisição era o que havia mais de moderno no campo jurídico, mesmo sem ter poder jurídico, pois para ser válida contava com o aval do Estado. O herege tinha a chance de se defender e escolher um advogado. Se a pessoa que acusasse o réu de heresia sob falsa acusação, a pessoa que acusou o réu falsamente poderia ser presa e condenada no lugar do réu.

Havia também o tempo da graça (criado no Concílio de Béziers em 1246) que dava ao acusado um período de 15 a 30 dias para se retratar ou confessar a culpa, sob punição apenas leve. As torturas foram condenadas por Gregório IX, mas ressurgiu com o Papa Inocêncio IV, que colocava inúmeras restrições às torturas, pois só poderiam ser aplicadas uma só vez e que durasse no máximo 30 minutos e só quando a culpa do réu era evidente. Hoje isto é inaceitável, mas naquela época não existia a ciência da criminalística, isso temos que levar em consideração.

A questão sobre Joana D’Arc, Giordano Bruno, Galileu Galilei, a caça as bruxas e a morte na fogueira.

 

O USO DA FOGUEIRA COMO EXECUÇÃO NA IDADE MÉDIA

Muito contrário do que as pessoas pensam, a morte na fogueira já existia na Roma e na Grécia antiga. Foi abolida com a ascensão do Cristianismo, mas retornou na Idade Média não por ação da Igreja, mas pela ação do rei Roberto, o Piedoso, que mandou queimar 14 cátaros no ano de 1022 na cidade de Orleans (França) e também pela ação de reis como Raimundo VIII e Raimundo V.

Dizia São João Crisóstomo: “Matar um herege é introduzir na Terra um crime inexpiável”. A tortura era usada uma única vez quando a culpa do réu era eminente, mas ele se recusava a aceitá-la. De forma nenhuma haviam torturas para que os réus confessassem o crime que não cometeu, pois como já escrevi, a Inquisição era o que havia de mais moderno no campo jurídico na Idade Média. Acabaram-se as execuções sumárias e começava o processo de julgamento.

Diferente do que ocorria em um Tribunal Régio, na Inquisição o acusado poderia confessar os crimes que cometeu sem temer a morte, pois a Igreja quando criou a Inquisição não fez isso para matá-los, mas para reconciliá-los. A Igreja protegia réus confessos, diferente do que ocorria com os casos julgados por tribunais civis que tanto fazia se o acusado confessasse a culpa ou não, pois provada a culpa, seria executado de qualquer forma.

É evidente que dentro do Tribunal do Santo Oficio houve inquisidores corruptos e que confundiam o ódio pela heresia com o ódio pelo herege. O Papa João Paulo II pediu perdão ao mundo pelos erros de alguns filhos da Igreja, não só pela questão dos maus inquisidores, mas por causa dos maus religiosos de forma geral. É injusto dizer que a Inquisição era sanguinária só por causa da má fama de alguns que fizeram parte dela. Não é porque há uma maçã podre na caixa que todas as demais são também podres. Generalizar é um erro.

A Igreja não matava ninguém na fogueira. Quem fazia isso era o poder civil. A Igreja ao mesmo tempo que tinha a Inquisição como órgão jurídico, esse órgão só tinha poder com o aval dos reis que permitiam a instalação de tribunais eclesiásticos em seus reinos. A Igreja só podia zelar pela fé e pela evangelização. A punição de hereges que cometeram crimes graves era feita pelo Estado.

 

O CASO JOANA D’ARC

Joana nasceu em Domrémy, França aos 06/01/1412, filha de camponeses. A santa por volta de seus treze anos começou ouvir a voz de São Miguel Arcanjo e de Santa Margarida e Santa Catarina de Alexandria, que diziam que ela tinha a missão divina de salvar a França do poder inglês, durante a Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra.

Teve o apoio do rei Carlos VII e ajudou os franceses a obter importantes vitórias e por fim, a expulsão dos ingleses da França. Joana D’Arc era venerada pelos franceses, mas foi presa pelos ingleses aos 23 de maio de 1430.

O tribunal que julgou Joana não era um tribunal eclesiástico e tampouco o bispo Pierre Cauchon, responsável por sua morte era inquisidor. Foi um julgamento por heresia que não teve o aval da Santa Sé. O bispo Pierre Cauchon era corrupto e aliado dos ingleses e vivia refugiado em Rouen, cidade francesa sob o domínio inglês.

Prova que Joana não foi encarcerada em uma prisão eclesiástica é esse relato dela mesma:

“Meu Deus, se eu estivesse na prisão da Igreja à qual eu estava submissa eu não teria chegado à uma situação como essa.” (Santa Joana D’Arc, lamentando sua condenação à fogueira).

Joana morreu em Rouen aos 30/05/1431. Foi canonizada pela Igreja aos 16/03/1920 por Bento XV e é considerada padroeira da França.

Joana D’Arc, a Mulher Forte (Régine Pernoud, historiadora francesa).

 

O CASO GALILEU GALILEI

Galileu não foi intimado pela Inquisição por causa da Teoria Heliocêntrica, pois Copérnico era quem a defendia, mas reconhecia que isso era só uma hipótese, mesmo sendo verdade e Copérnico era membro da Igreja. Galileu não foi acusado por defender que a Terra era redonda, pois isso já era uma teoria que surgiu no século III A.C. por Pitágoras.

Galileu foi preso por usar a Bíblia para provar que o mundo girava em torno do sol sem ter bases concretas e por isso, ter partido para a área da Teologia, sendo que ele era cientista e não teólogo. Ele não foi torturado e nem morto, apenas sofreu uma pena de dois anos de prisão domiciliar e sem maus tratos.

 

O CASO GIORDANO BRUNO

Ex-sacerdote católico. Nasceu em Nola (Itália), em 1548. Duvidava da existência da Santíssima Trindade e da divindade de Cristo e pregava a poligamia. Era perseguido inúmeras vezes não só por católicos, mas por protestantes por sua personalidade difícil. Referia-se aos seus adversários como burros, bestas, porcos, cães e lobos.

O julgamento dele durou de 1591 a 1600, ano de sua morte, quando foi entregue ao poder civil. Giordano não era um idealista e sim era um anarquista que por se achar superior atraiu repentino ódio contra ele. O processo de Giordano mostra que se ele fosse julgado por um tribunal civil ele seria condenado à morte bem antes do que foi pela Inquisição.

 

A CAÇA AS BRUXAS

Fala-se erradamente de milhões de mulheres mortas na fogueira por causa da Inquisição, quando na verdade, muita gente morria condenada por heresia por ter sido julgada não por um tribunal da Inquisição, mas por um tribunal civil e régio (do rei). Na Idade Moderna o número de pessoas mortas condenadas por bruxaria são:

2 na Irlanda

7 em Portugal

1.000 na Itália

4.000 na França

25.000 na Alemanha (país de maioria protestante luterana após o século XVI)

15.000 na Inglaterra/Escócia (reinos de maioria anglicana e calvinista)

1.350 na Dinamarca e Noruega (países de maioria luterana)

Cadê os milhões de vítimas? Também é importante destacar que de todas essas pessoas condenadas à morte, somente 20% delas foram julgadas pela Inquisição antes de serem entregues ao poder civil, o que equivalia à morte na fogueira, pois o medo que o herege tinha não era o de ser julgado pela Inquisição, mas o de ser entregue ao poder civil.

 

CONCLUSÃO

É preciso analisar a História, pois muitos erros que são cometidos hoje seriam evitados se as pessoas olhassem ao passado. Fala-se tanto da Inquisição, mas pouco se fala das revoluções francesa, mexicana, da guerra civil espanhola onde milhares de padres, religiosos e leigos foram mortos pelos comunistas.

Não podemos comparar a Inquisição da Igreja com a da Espanha e Portugal que eram inquisições regias e não da Igreja. Eram tribunais que tinham um certo traço eclesiástico, mas os reis, sob a ameaça de cisma se o Papa interferisse, eram quem governava os tribunais do Santo Oficio em Portugal e na Espanha. A Inquisição não se ocupava com pessoas de outras religiões, somente se ocupava em aplicar a disciplina religiosa para pessoas de dentro da própria Igreja.

Pouco se fala do comunismo em Cuba, da Coréia do Norte, do Camboja, Mianmar, Vietnã, Índia, Arábia Saudita entre outros países do mundo muçulmano, hindu e do antigo bloco socialista, onde crer em Jesus Cristo é quase um atestado de óbito. Como já escrevi, mata-se mais pela ausência de Deus do que quando se usa Ele como justificativa para cometer crimes. Para terminar com esse artigo desejo à todos a paz de Cristo e o amor de Maria Sempre Virgem!

 

Pax et bonum!

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