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Artigos-->SAULO DI TARSO E AS POESIAS DE CHAGALL -- 09/10/2024 - 19:39 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

SAULO DI TARSO E AS POESIAS DE CHAGALL[i]

 

L. C. Vinholes

09.10.2024

 

Se me perguntarem, não saberia dizer quantas pessoas conheço. Acredito que isto não seja inabilidade apenas minha, mas o que acontece com a maior parte das pessoas. O que posso afirmar é que conheço bastante bem à algumas pessoas com as quais, por razões as mais diversas, tive contatos e afinidades e outras que, fortuitamente, apenas foram parceiras ocasionais em momentos efêmeros. A maioria destas, com o tempo, ficam esquecidas, embora possam, uma vez que outra, serem lembradas. Entre aquelas estão nomes conhecidos dos meus mestres, de músicos, poetas, artistas plásticos, parceiros etc. Não me perguntem quais os nomes que eu lembraria, pois não gostaria de dar a impressão de que a alguns lembro primeiro e melhor e a outros lembro em segundo plano. O que sei é que de todas as pessoas que conheci aproveitei um pouco, que todas independente de raça, cor, credo, tendências, saber etc. foram parceiras que me ajudaram a trilhar meu caminho.

 

Documentos que me parecem justificar e comprovar o que afirmei acima são minhas duas agendas. Uma, a mais antiga, é a de capa de pano na qual, em maiúsculas, está sua função em uma só palavra: ADESSBOOK. Nela estão endereços e telefones obsoletos e, entre suas páginas, guardados cartões de visita, bilhetes diversos e apontamentos. A outra agenda, menor do que a primeira, de capa de couro sintético, forrado com plástico, guarda nomes, endereços e anotações mais recentes, de muita utilidade.

 

Entre as pessoas que conhecia pouco, estão aquelas que me parece terem sido elas mesmas as culpadas do meu pouco saber a seu respeito, mas que, em dado momento, por algo inesperado, passaram a serem lembradas, ficando entre aquelas que pretendo conhecer ainda mais, e melhor, inclusive Saulo di Tarso

 

 

O Catálogo de Marc Chagall

 

Com data de 3 de julho de 2022, recebi o catálogo da exposição Marc Chagall, Sonho e Amor, presente que me foi dado por Saulo, com uma dedicatória dizendo:

 

“Na vida há muitos mestres e poucos são para nós. E é incrível quando um dos nossos raros mestres nos conduz a outro grande mestre. Ao mestre L. C. Vinholes, o poeta diplomata mais ético e maravilhoso da história dos artistas desse incrível país!!!

 

Recebi o robusto e enciclopédico catálogo de uns 28 x 23 cm, com mais de 300 páginas, com textos e esmeradas reproduções de litografias e águas-fortes coloridas à mão, temperas que muito me têm ajudado a não só recordar a exposição realizada no Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília, de 2 de julho a 18 de setembro daquele ano, mas também a melhor e mais cuidadosamente apreciar a obra do pintor-poeta, acompanhar suas andanças e a conhecer sua personalidade, sua história, ideias/ideais e convicções.

 

Tendo como curadora a espanhola Lola Duran Úcar, o texto de introdução do catálogod Pintura Poética, recorda sua primeira esposa “Bella, seu amor e musa”, ao mesmo tempo esclarecendo que

 

“o amor de Chagall não é apenas Bella – também é Virginia McNeil, Vava Brodsky e seus filhos. Chagall ama, ama o mundo que o rodeia, os animais, o sol, a natureza e as flores. Ama o circo e a poesia, ama Deus. E sofre, sofre pelos artistas já desaparecidos, pela guerra, pela injustiça, pela perseguição. E sonha, e cria seu mundo paralelo, único, cheio de vida e de cores vibrantes”.

 

No capítulo Chagall e o Contexto Brasileiro, assinado por Cynthia Taboada, é lembrada não só a participação do artista, em 1957, na IV Bienal de São Paulo, na sala

 

“organizada pela Associação Francesa de Ação Artística de Paris”, com 25 pinturas, “em plena efervescência dos movimentos ligados ao concretismo e ao neoconcretismo, representando a arte concreta brasileira, que caminhava a passos largos em direção à abstração, destaca-se a participação pela delegação brasileira de nomes como: Lygia Clark, Hélio Oiticica, Alfredo Volpi, além de representante dos grupos Frente e Ruptura, como Ivan Serpa, Waldemar Cordeiro, Luiz Sacilotto, Willys de Castro”.

 

São citadas as cartas de Sergio Millet para Mario de Andrade, augurando o encontro com Chagall e citando a prometida doação de gravuras que teria sido efetivamente presenteada ao poeta paulista. Não foi esquecida a afinidade de Chagall poeta, lembrando que, em 1945, Manuel “Bandeira versou para o português o poema Seul est mien [Só é meu], dando-lhe o título Um poema de Chagall”.

 

Lola Duran Úcar e Cynthia Taboada, nomes citados acima, merecem que delas se registre alguma apresentação. Lola, Duran Úcar, curadora independente que considerava a obra “O galo violeta como uma das estrelas da exposição de Chagall”, é doutora em História da Arte e Cultura Visual, pela Universidade Autônoma de Madri (2015) e licenciada em Filosofia e Letras pela Universidade de Zaragoza, dedica-se à teoria e à crítica de arte, focando suas pesquisas “na arte dos primeiros movimentos de vanguarda do século XX e nos movimentos culturais que surgiram após a Segunda Guerra Mundial”. Cynthia Taboada, formada em Artes Visuais pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), é especialista em Museologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), mestre em Estética e História da Arte pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP) e PhD em Museologia pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa.

 

Seguindo o que consta do citado catálogo das exposições, se sabe que o tradutor de Chagall, Saulo di Tarso, é:

 

 “Artista visual e curador. Autor e pesquisador de estética comparada das artes visuais e da música moderna e contemporânea, arte urbana e novas mídias. Foi coordenador de espaço expositivo e arte-educação da Casa das Rosas Haroldo de Campos, setor educativo e difusão do Paço das Artes, curador da Casa do Olhar Luiz Sacilotto e de diversos projetos independentes para a Galeria da Unicamp, Memorial da América Latina, Museu Afro Brasil e Paço Imperial do Rio de Janeiro. É Diretor do Tangram museologia e membro do CIMAM – International Committee for Museums and Collections of Modern Art, uma organização filiada do ICOM”.

 

Lembro o que, em um dos nossos últimos encontros em São Paulo, Haroldo de Campos, um amigo comum, disse sobre Saulo: “resumira as atividades de Saulo para a Fundação Japão, registrando que era um dos artistas mais talentosos de sua geração, influenciado pela esteÌtica japonesa e que seus desenhos revelavam familiaridade com a caligrafia Shodo (書é“)”.

 

No catálogo da exposição Marco Chagall – Sonho e Amor encontro nas últimas páginas, em português, o longo e minucioso artigo intitulado Ao amigo desconhecido e o êxodo do quadrilátero, de autoria de Saulo, no qual são examinadas e registradas conexões históricas, estéticas, filosóficas, intelectuais, aproximando influentes figuras de destaque de diferentes épocas nas artes, na música e na literatura.

 

Confesso meu interesse pela leitura de tudo que está nesse catálogo, um invejável repositório de informações úteis a quem se dedica às artes e à cultura, sem discriminação alguma com relação aos movimentos de uma época, sempre perseguindo o entendimento e a aproximação.

 

Decidi não me alongar na confecção de mais alguns parágrafos sobre o catálogo que ganhei e, recomendando, deixar para os futuros leitores apreciarem o que está nas páginas 249 a 261, que culminam com os versos de Lourenço da Fonseca Barbosa (1904-1997), o Capiba, de Surubim, PE, pianista e compositor, do consagrado frevo de 1963: “Madeira que cupim não rói”.

 

Aqui, em vez de pinçar os momentos chave do artigo de Saulo, satisfaço-me em transcrever o resumo que me foi facilitado pelo autor:

 

“O presente artigo investiga a formação da paisagem transcultural e da paisagem afetiva que emerge a partir da análise da obra de Marc Chagall e o contexto brasileiro, na formação judaica do Brasil, refletindo as relações entre a autobiografia e obra do pintor, através do paralelo entre Vitebsk, aldeia russa onde Chagall nasceu na Bielorrússia, e a vida de judeus convertidos nos arruados nordestinos, narrando a vida de criptojudeus e a expressão do Cordel, da arte armorial e do frevo. Uma análise crítica da arte moderna que leva em consideração a capacidade que tanto Chagall quanto artistas e pensadores brasileiros como Mario de Andrade, Manuel Bandeira, Anita Malfatti, Cícero Dias, Villa-Lobos Ariano Suassuna, Capiba, Antônio Nóbrega e diversos artistas anônimos e populares da poesia, literatura e do frevo tiveram a capacidade de criar vanguardas a partir da origem local e da não separação entre arte popular e arte erudita, revelando o êxodo judaico como formação essencial da cultura brasileira que une no mesmo patamar criativo a expressão entre Brasil profundo, a arte moderna europeia e expressões como a música judaica contemporânea. O ensaio reflete ainda o engajamento de um grupo de artistas na política permanente da paz e da integração entre diversas culturas, eixo que perfaz tanto a arte brasileira quanto o decurso da vida e obra de Marc Chagall, ambos transformando a tradição em vanguarda ao mesmo tempo em que seus contemporâneos rompiam as tradições para criar as vanguardas do século XX”.

 

 

Por último, decido compartilhar e permitir a todos os leitores, “amigos desconhecidos”, interessados em usufruir e satisfazer suas curiosidades conhecendo o que está disponível no link a seguir:  https://drive.google.com/file/d/1WsDDASeUPetPrS7ARgi7vnRoXAFov8Uy/view?usp=sharing

 

Chuva de Niikuni e Toró de Saulo

 

Em 27 de outubro de 2012, na Casa das Rosas de São Paulo, que guardava[ii] a herança poética, física e virtual, deixada pelo poeta Haroldo de Campos e onde se comemorou a passagem dos meus 80[iii] anos, Saulo presenteou-me com uma enxuta e inspirada “tradução livre” do poema 雨 = ame = chuva, do poeta japonês Seiichi Niikuni (1925-1977), líder fundador do Grupo ASA (Associação para Estudo das Artes). No citado poema, o ideograma de chuva aparece no centro da última linha na base da página onde o restante do espaço está plenamente repleto, apenas e necessariamente, com a repetição dos quatro pingos que ajudam a compor o ideograma de chuva. Na tradução de Saulo, os quatro pingos encontrados na chuva de Niikuni são, engenhosamente, substituídos pelo acento agudo que aparece no segundo ó da palavra “toró”, um tipo de chuva forte, na língua tupí. Respeitando o esforço e aplaudindo a curiosa iniciativa de resgate de um substantivo de uma das línguas dos povos originais, observa-se que, graficamente, na chuva do poema de Niikuni, a repetição dos quatro pingos dá a impressão de linhas verticais tais como acreditamos ser as da chuva, ao passo que os acentos do toró de Saulo, pelo formato gráfico, repetem-se formando linhas horizontais e não verticais, mas isso não invalida a engenhosa iniciativa de Saulo.

 

Consultado a respeito dessa minha observação, vejamos o que disse o tradutor:

 

“Sim, estou totalmente de acordo com sua observação do "toró" naquilo que diz respeito à visualização do poema para que não pareçam linhas horizontais. Na época me debati com o problema e me concentrei em fazer dessa forma por entender que toró é algo denso.

 

Mais que a chuva e que a chuva ou o Rain, super-concentrava o vazio em torno da chuva, como preenchimento estrutural, tal como no ideograma. Onde o vazio preenche mais que as linhas do caligrama. De tal forma que a "chuva densa" do poema se transfigurasse para toró, epistemologicamente, com mais pingos do que a chuva em si.

 

Porém, para efeito de uma ilustração, ganha sentido pleno o teu desenho do toró, com o espaçamento maior entre os acentos que chovem. Ficou lindo. De tal modo que, fique à vontade para seguir na melhor leitura. Amanhã saio cedo para a Suíça. No caminho trabalharei no toró com a sua generosa contribuição estética e caso chegue numa outra solução lhe envio. Porém, fico muito feliz com a sua inserção do "novo toró"”. Com gratidão e confiança plena na sua maestria”.

 

 

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                                                                                         ´  ´  ´  ´  ´  ´  ´  ´  ´  ´  ´  Toró  ´  ´  ´  ´  ´  ´  ´  ´  ´  ´  ´  ´

 

Aqui deixo à disposição dos leitores a versão original do poema Toró: https://drive.google.com/file/d/13C1Rz2_4ILx7rjeck0pbqZM6ukbGubP8/view?usp=sharing

 

Evento na Casa das Rosas

 

Na mesma data e no mesmo local, citados no parágrafo anterior, na Casa das Rosas, foi aberta ao público a exposição Ideograma e Poesia Concreta, com farto material do meu acervo, mas, para mim, um momento dos mais significativos, foi quando um grupo de músicos utilizou os 100 cartões da minha Instrução 61[iv], para quatro instrumentos quaisquer e quatro “colaboradores[v]”, e também tornou possível o recital de outras obras minhas no evento que comemorava meus 80 anos. Como forma de reiterar meus agradecimentos aos que viabilizaram a realização do recital, incluo nesse parágrafo os nomes de Dan Tolomony (violino), Jônatas Reis (viola), Stefanie Guida Muller (violoncelo), Sarah Hornsby (flauta) e Felipe Meneses (tenor) e dos colaboradores, anônimos manipuladores dos 100 cartões que fazem parte do material, da “partitura”, ‘bula” do fazer da música aleatória, resultante do uso da referida Instrução: Flavio Capoto, Gabriele Vinholes, Rodrigo Scarcello de Oliveira e Saulo di Tarso, todos sob a direção musical do pianista Sérgio Vilafranca. Como se vê, Saulo foi um dos colaboradores que, entusiasmado, exibia para um dos músicos, os 25 cartões que lhe foram confiados. Registre-se que do programa constava a Instrução 62[vi], que deixou de ser apresentada por, conforme justificado na ocasião, não terem sido providenciados os seus 144 cartões de “partitura”. Como solução paliativa, foi sugerido pelo diretor e aceito pelos demais, ser produzida mais uma experiência com a Instrução 61. E assim foi feito.

 

Marc Chagall – POEMAS

 

Acredita-se que por ocasião das exposições de obras de Chagall teria sido planejado o lançamento de uma antologia o que só foi possível no período da mostra em São Paulo, em 2023. Essa antologia bilíngue, seguiu o texto em francês da primeira edição, de 1968, da Editora Cramer, de Genebra; e com uma esmerada, caprichosa, sensível e bem trabalhada tradução em português por Saulo di Tarso, tem trinta e uma poesias e trinta e quatro xilogravuras coloridas.

 

E por falar de Chagall, um artista plástico poeta, lembro dos que não acreditam que um músico possa ser poeta (o meu caso), um poeta possa ser pintor e que um pintor possa ser poeta. Aqui vale lembrar o que diz Marc Chagal e que está reproduzido no texto Apresentação, assinado por Cynthia Tabata:

 

 

Algumas pessoas me

recriminaram por eu colocar

poesia nas minhas pinturas.

 

É verdade que há algo mais

a exigir da arte pictórica.

 

Mas que me mostrem uma única

grande obra que não tenha

uma porção de poesia!

 

 

O precioso exemplar da antologia de xilogravuras e poemas de Chagall chegou às minhas mãos com mais uma da  quelas exuberantes dedicatórias de Saulo di Tarso, que só aceito pelo respeito que dedico aos momentos equivocados:

 

“Ao meu querido mestre e amigo de honrosa amizade, o embaixador honorário da poesia de vanguarda concreta e brasileira, Luiz Carlos Lessa Vinholes, a tradução dos poemas de Marc Chagall, realizada na Garfagnana, Itália, em fevereiro de 2023, dedicada com amor a Lia Cassettari, após, a Patrick Cramer. Um abraço fraterno e de admiração.

PS: Esta edição não contém o prefácio original.

ass. Saulo di Tarso

S.P. 05 ago 2024”.

 

 

[i] Marc Chagall, filho de família judaica, nasceu em 7 de julho de 1887, em Vitebsk, pequena aldeia russa, naturalizou-se francês e faleceu em 28 de março de 1985, em Saint-Paul de Vence, no sul da França.

[ii] A Casa das Rosas já não abriga todo o precioso acervo de Haroldo de Campos, nem a minha modesta contribuição. Consta que junto com os acervos da Casa Guilherme de Almeida e da Casa Mario de Andrade a Casa das Rosas será abrigada em um Centro de Referência a ser criado.

[iii] Veja o artigo 80 anos em 80 minutos - Rádio Cultura, Brasil, publicado, em 23 de maio de 2013, pelo site .

[iv] Instrução 61 para quatro instrumentos quaisquer, são os parâmetros, a bula, que criei em 1961, com os quais se cria música de caráter aleatório.

[v] Aqui, “colaborador” é expressão cunhada pelo pianista Paulo Affonso de Moura Ferreira (1940-), que se refere às pessoas que exibem os cartões das Instruções a cada um dos músicos

[vi] Instrução 62, para instrumento de teclado, são os parâmetros, a bula, que criei em 1962, com os quais se cria música de caráter aleatório.

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