Usina de Letras
Usina de Letras
77 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 62652 )
Cartas ( 21339)
Contos (13284)
Cordel (10460)
Crônicas (22555)
Discursos (3245)
Ensaios - (10513)
Erótico (13584)
Frases (51008)
Humor (20097)
Infantil (5526)
Infanto Juvenil (4847)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1377)
Poesias (141018)
Redação (3335)
Roteiro de Filme ou Novela (1064)
Teses / Monologos (2439)
Textos Jurídicos (1963)
Textos Religiosos/Sermões (6280)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->ARIANE PETRI E O REPERTÓRIO PARA FAGOTE -- 17/10/2024 - 11:23 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

ARIANE PETRI E O REPERTÓRIO PARA FAGOTE

 

L. C. Vinholes

15.10.2024

 

No segundo semestre de 1999, tive o prazer de trocar correspondência com Ariane Petri, fagotista da Orquestra Sinfônica Brasileira, que cursava o mestrado em Música Brasileira da UNI-RIO e preparava sua dissertação intitulada Obras brasileiras para fagote sol - Partituras, tendo como objetivo o levantamento, a análise e a catalogação, para consulta, das peças para fagote solo, escritas por compositores brasileiros. Esclarecia que também seriam “consideradas todas as obras sem acompanhamento, sejam elas peças isoladas ou peças dentro de um contexto maior, por exemplo dentro de uma coletânea para instrumentos solo. Completava seu pedido aceitando transcrições “caso sejam da autoria do próprio autor”.

 

Segundo correspondência circular de 21 de fevereiro de 1999, Ariane já teria recebido respostas de 22 compositores num total de 29 peças. Para ampliar seu acervo, entraria em contato com os compositores citados no Guia da Música Contemporânea da Coordenação de Documentação de Música Contemporânea (CDMC).

 

 

Para que possa ser devidamente aquilatada a abrangência da pesquisa a que se dispunha a mestranda, vale a pena conhecer os itens constantes das sua consulta, a saber: a) título da peça; b) data da composição; c) dedicatória ou instituição/órgão que encomendou a peça; d) caso exista, nome da editora e data da publicação; e) duração, se conhecida; f) data, local e artista da estreia; g) caso exista, gravadora, número da gravação e artista executante; e h) se pensou num intérprete ou modelo de fagote especial (sistema alemão ou francês).

 

Em resposta ao questionário, informei que a única peça que escrevi para fagote é Tempo-Espaço XIII, de 21 de abril de 1978, dedicada ao compositor Ernst Krenek; que foi publicada pela Editora Novas Metas de São Paulo, em setembro de 1980; que se tratando de uma obra combinatória, a duração é indeterminada; e que foi apresentada, pela primeira vez, em 23 e outubro de 1978, no XIV Festival de Música Nova em Santos (SP), pelo flautista Marco Antonio Cancel.

 

Embora no Índice da tese figure apenas a Tempo-Espaço XIII -, a partitura e suas Instruções estão nas páginas 146, 147 e 148 -, nas três páginas seguintes figuram a partitura e as Instruções para a Tempo-Espaço XV, e na página 152 as Instruções para a Tempo-Espaço XVa. Esta peça não tem partitura própria, conforme informado no início das suas Instruções, ela nada mais é do que o uso simultâneo das Tempo-Espaço XIII e XV por um trio de instrumentos melódicos. Caso o piano seja usado, o pianista toca fazendo de cada uma das suas mãos um instrumento independente. Tempo-Espaço XVa foi usada pela primeira vez em 6 de junho de 1979 no II Panorama da Música Contemporânea Brasileira, no Rio de Janeiro, pelo Trio Música Viva: Haroldo Emert (oboé), José Botelho (clarinete) e Norah de Almeida (piano).

 

Complementei as informações acima, prestando quatro esclarecimentos: 1) Esta peça foi escrita utilizando os princípios teóricos composicionais “tempo-espaço” objeto de uma série de conferências, em setembro e outubro de 1956, sob os auspícios do Grêmio Béla Bartók dos alunos os Seminários Livres de Música da Pró Arte, em São Paulo. 2) Esta obra tem um subtítulo ou título alternativo que é Quatro lados das mil faces de Janet, como homenagem à bibliotecária canadense Janet McGregor que trabalhava na Embaixada do Brasil em Ottawa e que, no final da década de 70, em muito me auxiliou obter material sobre a poesia de vanguarda daquele país e de seus autores. 3) Esta obra foi escrita para instrumentos de sopro de madeira, mas a Editora Novas Metas mencionou apenas “para flauta, ou oboé ou clarinete”, faltando “ou fagote”. 4) Esta obra foi dedicada a Ernst Krenek (1900-1991) que conheci quando esteve em São Paulo, autor do manual didático Studies in Counterpoint, de 1939, do qual estrai a série dodecafônica que aparece nos exemplos do Capítulo IV do referido manual e que usei para construir as estruturas da peça citada. Estas estruturas, apesar de rigorosas, permitem procedimentos de caráter aleatório, procedimentos que não só ficam à mercê da escolha do instrumentista, mas, ao mesmo tempo, exigem a sua participação efetiva. A aleatoriedade ainda se faz sentir na ausência de indicação de dinâmica, agógica, ataques, etc. para a realização de cada som isoladamente ou de cada um dos fragmentos da obra. A obra pode ser iniciada em qualquer um dos fragmentos constantes dos quatorze alinhamentos verticais da partitura/colunas, da sua estrutura. Não é estabelecido limite de tempo para a duração da obra.

 

No final de novembro de 2000, recebi duas cópias da tese de Ariane no índice da qual as composições estão divididas em dois grupos: 1. Idioma tonal e 2. Idioma atonal. Por sua vez, cada um desses dois grupos, estão divididos em subgrupos, a saber:  1.1 Tonal ou tonal livre sem elementos nacionalistas, 1.2 Tonal ou tonal livre com elementos nacionalistas, 1.3 Tonal livre com técnicas pouco convencionais de produção sonora, 2.1 Atonal livre, 2.2 Atonal serial e 2.3 Atonal com técnicas pouco convencionais de produção sonora. Registro que 13 são obras sem elementos nacionalistas e 12 as com elementos nacionalistas. Embora tenha sugerido o nome de Kilza Setti[i], autora de obras para fagote, nas quais as vezes utiliza temática dos povos originais do Brasil, o nome dessa compositora não figura entre os citados.

 

Acompanhando a preciosa compilação de partituras de obras para fagote, a oportuna tese de Ariane Petri, às páginas 79 a 107, sabiamente acolhe a série de 16 Valsas de Francisco Mignone, que nas páginas 74 a 78 é antecedida por um minucioso e didático estudo datado de 1982, sobre o fagote e sobre cada uma das valsas, assinado por Noel Devos (Calais 1929 - Rio de Janeiro 2018), fagotista franco-brasileiro que estudara violoncelo, saxofone, oboé e, finalmente fagote, e que viera da França (1952) a convite da Orquestra Sinfônica Brasileira, por iniciativa do musicólogo Luis Heitor Corrêa de Azevedo[ii], com apoio da UNESCO, para ocupar a vaga de primeiro fagotista.

 

Sem dúvida, com dedicação e paciência, Ariane conseguiu reunir um repertório de partituras para seu instrumento que será de muita utilidade para jovens fagotistas e pesquisadores. São compositores menos conhecidos ao lado de outros que se destacaram por suas atividades e lideranças, dentre os quais

 

 

Observações

 

Sempre visando atualizar-me, não só tenho colaborado com mestrandos das áreas de música e de poesia como também lido monografias e teses sobre diferentes temas. Observo que as primeiras páginas desses trabalhos são usadas para dar o nome do  autor; o título do assunto abordado; se o assunto abordado está na forma de dissertação ou monografia;  o nome da(o) orientadora(e); da banca examinadora; o resumo em português, algumas vezes, acompanhado da versão em inglês; a lista das figuras (fotos, documentos reproduzidos; a dedicatória e os agradecimentos às pessoas que, de uma forma ou de outra, estiveram envolvidas na gestão do pretendido texto; e, finalmente, a data da apresentação do trabalho; a cidade e o nome da instituição.

 

Como não poderia deixar de ser, vejo que Ariane, na capa e na primeira página registra seu nome, o título do trabalho, a universidade acolhedora a data. Na página seguinte o Índice das 169 páginas com os nomes dos compositores e de suas obras.

 

Devo reconhecer que Ariane, na sua carta circular de 24 de fevereiro de 1999, com antecipação, agradecia a colaboração que recebesse dos compositores contatados e que realizou

 

[i] Kilza Setti, pianista e compositora paulista, antropóloga, fundadora da Academia Brasileira de Folclore, estudou com Frutuoso Viana, Camargo Guarnieri e, em 1966, no Instituto Torcuato di Tella, no Centro Latino de Altos Estudos Musicais, em Buenos Aires.

[ii] Em 14.11.1952, como reporte do jornal Diário Popular, de Pelotas, entrevistei a Luis Heitor Corrêa de Azevedo, chefe da Secção de Cooperação com as Organizações Internacionais do Departamento de Atividades Culturais da UNESCO.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Perfil do AutorSeguidores: 11Exibido 5 vezesFale com o autor