Usina de Letras
Usina de Letras
48 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63025 )
Cartas ( 21348)
Contos (13298)
Cordel (10353)
Crônicas (22573)
Discursos (3246)
Ensaios - (10605)
Erótico (13586)
Frases (51468)
Humor (20160)
Infantil (5571)
Infanto Juvenil (4919)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1386)
Poesias (141214)
Redação (3356)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2441)
Textos Jurídicos (1965)
Textos Religiosos/Sermões (6336)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->O SONHO DOS ESCRAVOS DE HENRY WADSWORTH LONGFELLOW -- 27/10/2024 - 17:31 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O SONHO DOS ESCRAVOS

DE HENRY WADSWORTH LONGFELLOW

 

L. C. Vinholes

27.10.2024

 

Voltei a manusear o exemplar da antologia Longfellow´s Poems  (Poemas de Longfellow) que aguardavam meu lance final em um leilão dos tantos que, periodicamente, se realizam no Canadá, especialmente nas cidades próximas a Ottawa, onde residi por doze anos.

 

A publicação com capa de couro, cobrindo toda a superfície externa, tem título impresso em letras maiúsculas em ouro, com 304 páginas, medindo apenas 13 por 9,5 cm. É uma “edição de bolso” da Eyre & Spottiswoode, de Londres, sem data. Na primeira contracapa, escrita à mão, em caligrafia ilegível, lê-se, apenas, 1908.

 

Nas primeiras 26 páginas, minuciosa e atraente Introdução Biográfica dá a conhecer a vida do poeta antes de fazer contato com seus poemas. No início do texto, lembrando que Longfellow nasce nas vizinhanças de uma cidade portuária, introduz o poema My Lost Youth[i] – Minha Juventude Perdida.

 

I remember the black wharves and the slips,

And the sea-tides tossing free,

And Spanish sailors with bearded lips,

And the beauty and mystery of the ships,

And the magic of the sea

And the voices of that wayword song

Is singing and saying still:

A boy´s will is the wind´will,

And the thoughts of youth are long long thoughts.

 

 

                                    Lembro-me dos ancoradouros e dos cais negros,

                                   E das marés agitadas,

                                   E dos marinheiros espanhóis com lábios barbudos,

                                  E da beleza e mistério dos navios,

                                  E da magia do mar

                                 E das vozes daquela canção de passagem

                                 Está cantando e ainda dizendo:

                                “A vontade de um menino é a vontade do vento,

                                E os pensamentos da juventude são pensamentos longos, longos.”

 

 

Os últimos parágrafos da Introdução Biográfica, a autora Eva Hope acredita que “alguns dos seus poemas poderão ser esquecidos; mas alguns, inclusive The Song of Hiawatha[ii] e Evangelina[iii] viverão enquanto a língua na qual foram escritos tiver vida, especialmente o escritor será lembrado com amor por todos os corações”. A Introdução termina com:

 

 

                      “He is dead, the sweet musician!

                      “He the sweetest of all singers,

                      He has gone from us for ever –

                     He has moved a little nearer

                     To the Master of all music,

                     To the Master of all singing!”

 

 

                     ““Ele está morto, o doce músico!

                      Ele é o mais doce de todos os cantores,

                     Ele se foi de nós para sempre –

                     Ele ficou um pouco mais perto

                    Do Mestre de toda a música,

                   Do Mestre de todo canto!”

 

 

Henry Wadsworth Longfellow nasceu em Portland (1807) e falecido em Cambrifge (1882), nos Estados Unidos da América do Norte, foi o autor, dos conhecidos poemas Paul Reveres Ride, O Canto de Hiawatha (1855) e Evangelina (1847), e o primeiro estadunidense a traduzir A Divina Comédia de Dante Alighieri (1876). Foi amigo de Dom Pedro II, com quem se correspondia e esteve no Rio de Janeiro e Manaus na Expedição Thayer (1865-1866), em companhia de sua esposa, a estadunidense Elisabeth Cary, autora do relato A Journey in Brazil (1868). Notório adversário de Darwin, defendia o “pensamento criacionista cristão.” Recebeu o prêmio da Ordem do Mérito para as Artes e Ciência. Juntando a data de falecimento de Longfellow com a da dedicatória do exemplar da antologia encontrada no Canadá, permite que se afirme que ele, certamente, foi publicado nos últimos 18 anos do século XIX.

 

Complementando esse artigo segue o texto original do poema The Salve Dream, acompanhado da tradução para o português O Sonho dos Escravos, um dos poemas da série Poemas da escravidão (1824).

 

 

 

HENRY  WADSWORTH  LONGFELLOW

HENRY   WADSWORTH   LONGFELLOW

POEMS ON  SLAVERY

POEMAS SOBRE A ESCRAVIDÃO

1842

1842

THE SLAVES DREAM

O SONHO DOS ESCRAVOS

                            

Beside the ungathered rise he lay,

His sickle in his hand;

His breast was bare, his matted hair

Was buried in the sand.

Again, in the mist and shadow of sleep,

He saw his Native Land.

 

Wide through the landscape of his dreams

The lordly Niger flowed;

Beneath the palm-trees on the plain

Once more a king he strode;

And heard the tinkling caravans

Descend the mountain-road.

 

His saw once more his dark-eyed queen

Among her children stand;

They clasped his neek, they kissed his cheeks;

They held him by the hand  -

A tear burst from the sleeper´s lids,

And fell into the sand.

 

 

 

And them at furious speed he roda

Along the Niger´s bank;

His bridle-reins were golden chains,

And, with a martial clank,

At each leap he could feel his scabbard of steel

Smiting his stallion´s flank.

 

Before him, like a blood-red flag,

The bright flamingoes flew;

From morn till night he followed their flight.

O´er plains where the tamarind grew,

Till he saw the roofs of Caffre[iv] huts,

And the ocean rose to view.

 

 

 

At night he heard the lion roar,

And the hyaens scream;

And the river-horse as he crushed the reads

Beside some hidden stream;

And it passed, like a glorious roll of drums,

Through the triumph of his dream.

 

 

The forests, with their myriad tongues,

Shouted of liberty;

And the Blast of the Desert cried aloud,

With a voice so wild and free,

That he started in his sleep and smiled

At their tempestuous glee.

 

 

He did not feel the driver´s whip,

Nor the burning heat of day;

For death had illumined the Land of Sleep,

And his lifeless body lay

A worn-out fetter, that the soul

Had broken and thrown away!

 

 

Ao lado da elevação não colhida ele jazia,

Sua foice na mão;

Seu peito estava nu, seu cabelo emaranhado

Estava enterrado na areia.

Novamente, na névoa e na sombra do sono,

Ele viu sua Terra Nativa.

 

Ampla através da paisagem dos seus sonhos

O senhorial Níger fluía;

Abaixo das palmeiras na planície

Mais uma vez um rei ele caminhou;

E ouvimos as caravanas tilintando

Descendo a estrada da montanha.

 

Ele viu mais uma vez sua rainha de olhos escuros

Entre seus filhos estão;

Eles apertaram seu pescoço, eles beijaram suas bochechas;

Eles o seguraram pela mão -

Uma lágrima brotou das pálpebras do dorminhoco,

E caiu na areia.

 

E então em velocidade furiosa ele roda

Ao longo da margem do Níger;

Suas rédeas eram correntes de ouro,

E, com um barulho marcial,

A cada salto podia sentir sua bainha de aço

Atingindo o flanco de seu garanhão.

 

 

Diante dele como uma bandeira vermelho-sangue,

Os flamingos brilhantes voavam;

Da manhã até a noite ele seguiu seus voos.

Sobre as planícies onde o tamarindo crescia,

Até que ele viu os telhados das cabanas de Caffre,

E o oceano surgiu à vista.

 

À noite, ele ouviu o leão rugir,

E as hienas gritarem;

E o cavalo-do-rio enquanto ele esmagava as correntes

Ao lado de algum riacho escondido;

E ele passou, como um glorioso rufar de tambores,

Através do triunfo de seu sonho.

 

As florestas, com suas miríades de línguas,

Gritavam de liberdade;

E a Explosão do Deserto gritava alto,

Com uma voz tão selvagem e livre,

Que ele se assustou em seu sono e sorriu

Com sua alegria tempestuosa.

 

                

Ele não sentiu o chicote do condutor,

Nem o calor escaldante do dia;

Pois a morte iluminou a Terra do Sono,

E seu corpo sem vida jazia

Um grilhão desgastado, que a alma

Havia quebrado e jogado fora!

 

 

 

 

[i] Minha Juventude Perdida consta das páginas 156 a 159, da antologia aqui apreciada.

[ii] O Canto de Hiawatha consta das páginas 160 a 249, da antologia aqui apreciada.

[iii] Evangelina, longo poema também conhecido por A tale of Acadie – O conto de Acadi, consta das páginas 95 a 159 da antologia aqui apreciada, e Acadi era território francês, em 1713 entregue à Grã-Bretanha passando a chamar-se Nova Escócia.

[iv] Segundo o Google, os colonizadores brancos africanos usavam a palavra Caffre referindo-se à região de maioria preta como de uma raça inferior de origem africana.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Perfil do AutorSeguidores: 11Exibido 40 vezesFale com o autor