Decidi começar este artigo pelo que considero o que foi o início da carreira de poeta de Rafaela Siqueira Lucas: uma promissora exposição na Garte, a Galeria de Artes da Pontifícia Universidade Católica de Pelotas, onde, no dia 8 de agosto de 2019, no livro de presença dos visitantes, tive o prazer de deixar o registro, assinado por Caio, meu apelido entre familiares:
Valeu a pena ter vindo até aqui.
Foi nesse mesmo dia que tomei conhecimento do que estava registrado no graficamente bem elaborado mini cartaz, inaugurando como a poetisa se apresentava ao público:
RAFAELA SIQUEIRA LUCAS
Natural de Pelotas, estudante de Psicologia da Universidade Católica de Pelotas, começou a escrever em 2016, ao acaso, descobrindo, assim, um gosto particular de colocar na forma de poesia seus sentimentos, suas percepções e fantasias.
São esses elementos que garantem a inspiração que necessita para o exercício de escrever.
Atualmente escreve regularmente, buscando aperfeiçoar-se nessa arte.
A exposição conta com 12 poesias e é a primeira oportunidade em que, formalmente, leva ao público a sua produção escrita.
O texto do mini cartaz finaliza avisando que “as obras apresentadas não estão disponíveis para venda” e oferecendo aos visitantes o e-mail e o telefone da poeta. o que, a meu ver, é um convite ao diálogo.
Abaixo do mini cartaz, sobre uma mesa ornamentada com rosas brancas, viam-se exemplares de três publicações em caprichada edição artesanal, cada uma tendo, no seu dorso, impecável acabamento com cordões, cada um com uma das três cores símbolos da bandeira nacional: PALAVRAS & VERSOS, com cinco páginas exibindo uma experiência poética inovadora onde os sinais de pontuação são dispensados e a presença de versos, com as tradicionais linhas paralelas, dão lugar à exploração e ao aproveitamento habilidoso dos amplos espaços da folha de papel, para nela registrar o que pretende dizer; DESAFOGO, com cinco ardilosos textos, de desequilíbrios, buscas, descobertas, inaugurando experiências e, finalmente, a ingenuidade, o quase ideograma de uma linguagem verbi voco visual
, exibindo o ícone oficial, a mulher, tudo com tipos maiores, em negrito.
Coincidência ou não, observo que em cada uma das três publicações apenas o nome simplificado Rafaela Lucas é o que aparece cinco vezes.
Tudo o que foi dito até aqui, nesta pretensão de análise, é pertinente apenas à parte gráfica da linguagem poética de Rafaela Lucas, com os primeiros registros de uma jovem guapa, mas nas entrelinhas e nas linhas também, o que se vê é uma declaração responsável, um posicionamento inflexível e consolidado, um grito de alerta, uma bandeira que clama e que arregimenta e que não tem outra pretensão a não ser a da liberdade com igualdade.
Não posso deixar de aproveitar essa oportunidade e deixar de divulgar pelo menos um dos poemas que li:
Mulheres quando se unem
São como lobas em uma alcateia
Uivam tão alto que dão medo
O barulho é ensurdecedor
Não ouse chegar perto
Temos fome de poder
Lutamos com unhas e dentes
Contra uma sociedade que quer nos ver impotentes
E de loucas somos tachadas
Por quererem nos ver caladas
Não nos calaremos
O barulho é ensurdecedor
Rafaela Lucas
Comentarios
Maria do Carmo Maciel Di Primio - 30/11/2024
É tudo verdade o que diz o poema de Rafaela Lucas !!
Foi assim que as sufragistas conseguiram o direito ao voto !!
Grata Prof. Vinholes !! Saudações