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Artigos-->O PESO DO ELOGIO -- 05/06/2002 - 10:08 (Eneida Souza Cintra) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O PESO DO ELOGIO



* Eneida Souza Cintra



Aprendemos com a sociedade que determinadas posturas devem ser utilizadas para que o contato pessoal se estabeleça de maneira adequada.



Sendo assim, temos as expressões de agradecimento: "obrigada", de solicitação: "por favor", de pesar: "desculpe-me..." e, por fim, aquelas que enaltecem as pessoas, apontando-lhes as qualidades: "...como está bonita! " "...muito bem" "ótimo" "...parabéns!".



Nas relações mais íntimas de um núcleo familiar, em que o papel do educador está intrinsecamente instalado nos pais, nada mais sensato do que fazer-se uso destas colocações para os filhos, como que a mostrar-lhes o certo ( de acordo com cada família), e não só puní-los mediante aquilo que computam como errado. Este caminho é o mais sadio, sem dúvida; aliás, são recomendações, são batalhas que sempre procuramos vencer mediante um casal que, dependendo do momento, só consegue enxergar aspectos negativos nos filhos. Nestes casos, tentamos sempre reverter o processo, perguntando-lhes o que o filho apresenta de adequado, que qualidades demonstra; com espanto, estes pais, que timidamente começam a responder, percebem, ao final de alguns momentos, terem identificado nos filhos uma extensa série de atributos, de que até então não se tinham dado conta.



Pois bem, estas expressões são sadias? Sem dúvida pois estão inseridas em nossa cultura possibilitando a boa convivência. No entanto, quero destacar a questão do elogio, mostrando o outro lado da moeda, embora pareça incoerente: todo e qualquer tipo de reforço, elogio ou enaltecimento só deveria ser feito/dado depois de se avaliar como repercutirá no indivíduo que o recebe, tendo em vista que, em alguns casos, tais colocações só o levarão a sentir-se "pesado", desestimulado.



Exemplificando: uma criança que apresenta sofrível rendimento escolar, caminhando em desacordo com a expectativa familiar ( que sempre idealizou notas altas), frente a uma "prova" em que consiga tirar o tão esperado 9 ou 10, receberá então os "parabéns" não só dos pais, como também dos irmãos, tios, chegando muitas vezes até aos avós. Ora, em se tratando de algo que, provavelmente não sabe nem porque tem que lutar tanto frente a parâmetros de colegas, não será nada gratificante para ele ser enaltecido, ser apontado, ser visto, ou sentir ser ressaltada esta inabilidade que tem; o resultado acaba sendo o inverso do esperado; faz parte da natureza do ser humano ser reservado em relações a seus "defeitos" na tentativa de preservar-se. Quando este momento acontece, apesar de os pais estarem imbuídos de boa vontade, acabam expondo, acentuando publicamente a incompetência do filho em determinada área ou atividade.



Em consequência disto, a possibilidade de a façanha acontecer novamente ( no exemplo citado: tirar boa nota) será mais remota pois, quando o indivíduo se vê iluminado pelo foco de uma lanterna, acentuando seu aspecto negativo, a tendência é a de correr para a sombra, preferindo não ser visto pelo lado com o qual sempre lhe foi difícil deparar. Uma infinidade de exemplos podem ser citados, onde o reforço aparece como elemento inibitório e constrangedor.



Quando deve então ser empregado o elogio? Creio que desde que tenha havido avaliações anteriores que o tenham denegrido, o elogio deveria ser sustado; em contrapartida, nenhum mal estar será criado ao se tratar de algo conquistado naturalmente. Dizer a um filho que ele está cheiroso porque acabou de tomar banho será um comentário bem recebido, desde que esta seja uma rotina tranquila; estará levando-o de volta para a "sujeira", caso isto já tenha sido diversas vezes objeto de discórdia e por todos considerado como o desmazeladoda família. Portanto, se faz necessário tomar atitudes condizentes com o que anteriormente já estava estabeledio para que não se perca a finalidade do tão famoso elogio.



Embora causando-nos um certo desconforto, seria interessante percebermos que normalmente os elogios considerados como "motivadores", advindos de situações ou comportamentos definidos como não desejados, nada mais são que uma tentativa de nós, adultos, distorcemos a verdade, "falando" das nossas expectativas e procurando incutir-lhes nossas visões.



Evidentemente as diretrizes fazem parte da educação que se pretende dar a um filho, mesmo porque, sem elas, não se chega a lugar algum; no entanto, que não seja esta a estratégia predominante pois, além do dissabor em si mesmo que a criança já experimenta, se estará contribuindo não só para a manutenção como também, algumas vezes, para o enraizamento do "problema".



E-Mail: eneidasouza@uol.com.br



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