Usina de Letras
Usina de Letras
21 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63245 )
Cartas ( 21350)
Contos (13302)
Cordel (10360)
Crônicas (22579)
Discursos (3248)
Ensaios - (10686)
Erótico (13592)
Frases (51769)
Humor (20180)
Infantil (5604)
Infanto Juvenil (4952)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141312)
Redação (3357)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2442)
Textos Jurídicos (1966)
Textos Religiosos/Sermões (6357)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->REGISTRO DOS SESSENTA E UM ANOS DA INSTRUÇÃO 61 -- 28/05/2025 - 09:37 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

REGISTRO DOS SESSENTA E QUATRO ANOS DA INSTRUÇÃO 61



L. C. Vinholes



28.05.2025



          



Graças à dedicação e seriedade com que o amigo Eduardo Montagna Silveira tem para com todos os assuntos por ele tratados é que tive a indescritível alegria de tomar conhecimento de que, transcorridos sessenta e um anos, minha Instrução 61, foi gravada em disco por um grupo de professores e alunos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).



Eduardo, graduado em Comunicação Social pela Universidade Católica de Pelotas e Artes Visuais/Desenho Gráfico pela Universidade Federal de Pelotas, da qual é Diretor de Produção do Centro de Artes.



A mensagem de Eduardo informa o essencial:



Boa tarde Vinholes! Acabei de verificar que esta execução da Instrução 61 está no canal do Selo Minas de Som, no You Tube.



 



Texto histórico



Fui averiguar e encontrei o magnífico texto que segue:



 de maio de 2025.



A extraordinária variedade de gêneros, estilos, formas instrumentos da música popular de toda a América Latina é bastante conhecida. Há mesmo um reconhecido aspecto de resistência e emancipação em produções capazes de assimilar influências e configurar misturas e hibridações admiráveis no universo da cultura. Mas existe toda uma faixa de produção musical latino-americana que não desfruta desse mesmo prestigio. Referimos àquilo que se pode designar como música “moderna”, de “vanguarda” ou “experimental”. Uma faixa de repertório e produção cultural à margem mesmo da música erudita tradicional - esta, com traços de dependência em relação à música europeia.



É necessário então verificar que esta enorme produção musical, ausente dos aparelhos de consagração, resiste ao esquecimento. O presente “Giro” tenta percorrer um pouco da riqueza e variedade dessa música. Para isso coloca em jogo aspectos da música latino-americana contemporânea, tendo o violão como meio principal. Para a curadoria desse repertório, realizamos pesquisa no acervo da Fundação de Educação Artística de Belo Horizonte, que guarda uma preciosa coleção de partituras de música latino-americana, acumuladas ao longo de décadas de participação cultural na cidade.



 



L. C. Vinholes (1933) - Brasil



Instrução 61 (1961)



Violão: Giuliano Coura



Piano: Arthur Lopes



Bandoneón: Otto Hanriot



Marimba: Cecilia Santana



 



Pós-produção de áudio: Selo Minas de Som (UFMG)



Projeto de extensão



Selo Minas de Som: produção fonográfica de música brasileira (UFMG)



Equipe



Coordenação: Prof. Lucas Pimentel Telles



Bolsista: Joao Pedro Fintelman Viana



Voluntário: João Vitor Fonseca Ramos  



Sem comentários



Terminada a gravação e depois de lido o magnífico e escorreito texto que a acompanha, procurei os Comentários, ainda desativados, pois neles deixaria minha mensagem de agradecimento e de apoio. Verdade é que aproveitaria para fazer algumas perguntas.



            Confesso que, com meus 92 anos, tenho dificuldades com intervenções através da tela, sou ainda levado a dar preferência ao contato físico e, por isso, gostar muito de um encontro, com aperto de mão e abraço apertado e com um Muito obrigado de viva voz para chegar aos tímpanos dos ouvidos dos que formam este octeto singular, nada convencional, que acolheu e usou minha Instrução 61, 64 anos depois de, pela primeira vez e longe do Brasil, ter sido entregue ao conhecimento público.



Quando vi o Selo Minas, recordei os parceiros mineiros dos anos frequentando a Escola Livre de Música da Pró Arte: Carlos Alberto Pinto Fonseca (1933-2006), regente dedicado à música coral que, por 41 anos, esteve à frente do Ars Nova Coral da UFMG; Talita Pinto Fonseca, irmã do primeiro, dedicada pianista de dedilhado fácil; Carlos Eduardo Prates (1934-2013), regente formado pelo nosso mestre Hans-Joachin Koellreutter, que em Berlim foi “diretor musical geral” no Teatro do Oeste e que fez estudos, entre outros, com Herbet von Karajan, Wofgang Fortner, Igor Markevitch e Bruno Maderna; Norma Graça Silvestre, casada com o cravista Felipe Silvestre, pós-graduada em piano, canto e ópera na Musikhochschule Freiburg, na Alemanha, que trabalhou na Empresa Palácio das Artes, em Belo Horizonte.



 



Aos lembrados no parágrafo anterior, somam-se o nome do compositor, escritor e professor santista Gilberto Mendes (1922-2016) a quem devo o apoio que sempre recebi e que, em artigo da Tribuna da Impresa de 14 de setembro de 1975, referindo-se à Instrução 61, do programa do XI Festival Música Nova de Santos, afirmou: “A terceira música do programa tem importância histórica dentro da música brasileira. É Instrução 61, do brasileiro Luiz Carlos Vinholes, introdutor da música aleatória em nosso país”.



Aos colegas e amigos que fiz, acrescento Brasil Eugênio da Rocha Brito, engenheiro-músico, pianista, autor do Ábaco para Harmonia Funcional[i] (1957), parceiro na criação do Estúdio de Música Eletrônica[ii] na Escola Livre de Música da Pró Arte, primeiro na América Latina e terceiro no mundo, depois do de Paris-França e Colônia-Alemanha, com Pierre Schaeffer e Karlheinz Stockhausen; Gil Nuno Vaz[iii] compositor, poeta e incorrigível enamorado pelo meu poema es tu do es tudo, sobre o qual, desafiando suas habilidades, criou uma série de peças com comentários didáticos que não tardarei compartilhar com meus leitores; e Roberto Martins, compositor e regente que durante décadas regeu o Madrigal Ars Viva de Santos e, em 15.09.1974, pela primeira vez no Brasil, com vozes e instrumentos, usou a Instrução 61 no X Festival Música Nova Santos.



 



Pela dedicação e seriedade com que se dispuseram a fazer o estudo e a análise de minhas obras, produzindo extensas e densas monografias e teses, é momento de lembrar, por ordem cronológica, os nomes de Mario de Souza Maia, autor da histórica dissertação, de 1999, Serialismo, Tempo-Espaço e Aleatoriedade - A obra de Luiz Carlos Lessa Vinholes, para o Curso de Pós-Graduação em História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; de Valério Fiel da Costa, autor da Monografia de Doutorado “Vinholes e Cage: Teorias, Indeterminação e Silêncio” apresentada em 2005, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); de Lilia de Oliveira Rosa, autora da Monografia II, de Doutorado, intitulada Instrução 61 de L. C. Vinholes: contribuição pedagógico-musical no processo de musicalização acerca da aleatoriedade e notação contemporânea, apresentada em 2008, no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); e de Andersen Viana com a tese de doutorado intitulada Música inclusiva: Estratégias composicionais inclusivistas, conectadas ao uso do público, nas obras musicais Rumos Op.72, de Ernest Widmer, Instrução 61 e Instrução 62, de Luiz Carlos Lessa Vinholes, e Santos Football Music, de Gilberto Mendes, apresentada em 2010, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Música, da Escola de Música da Bahia.



 



Três perguntas



Em algum lugar desse texto, avisei que faria algumas perguntas, perguntas visando esclarecimentos e mais detalhes e, assim, satisfazendo minha curiosidade e a curiosidade dos leitores. Vejamos.



A foto de 1966



Ouvindo a música que resultava do uso da minha Instrução 61, olhando a parede servindo de pano de fundo, percebi que nela, por algum tempo, apareceu, em preto e branco, a foto de setembro de 1966 na qual, pela primeira vez, estou ensaiando com a garotada da Escola Primária de Ohtani da cidade de Suzu, Japão, a música que escrevi para o Hino Escolar com letra do poeta Shuzo Iwamoto (1908-1975).



Por que escolheram essa foto?



 







04.09.1966. L. C. Vinholes na Escola Primaria Ohtani.



 



Quadro com 15 retângulos



Logo no início da gravação a foto em preto e branco é substituída por um quadro com 15 retângulos, em grupos de 3 cores.



O quadro é óleo? Quem é o pintor?



 



Os colaboradores



É bem verdade que nas primeiras divulgações das instruções/bula da Instrução 61 e da Instrução 62 não é feita referência aos colaboradores. Os colaboradores são aquelas pessoas que tem como tarefa mostrar os cartões para os músicos/instrumentistas que devem lê-los e produzir os correspondentes sons. Mais tarde, foi reconhecida a parcela de responsabilidade dos colaboradores no resultado sonoro do uso dos cartões. Em 30 de março de 1976, por ocasião do primeiro uso no Brasil da Instrução 62 para piano, na Sala Martins Pena do Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília, com  patrocínio da Fundação Cultural do Distrito Federal, o pianista Paulo Affonso de Moura Ferreira teve como participante a flautista Ingrid Madson mostrando-lhe os cartões. Aceitado a sugestão do amigo Paulo Affonso, desde aquela ocasião, o termo participante foi sbstituído por colaborador e, por justiça, seus nomes passaram a figurar entre os dos músicos/ instrumentistas que utilizam as Instruções.



Quem são a(o)s colaboradora(o)as na gravação da Instrução 61 no Selo Som de Minas?



 



Volta ao passado



Para não perder o que a gravação registra, decidi aproveitar e escutar o que a equipe liderada pelo professor Lucas oferecia com o habilidoso duo de violonistas Vincens-Maciel, a caprichosa transcrição de Michel Maciel, da Suíte Op. 14, para piano, de Béla Bártok, com seus três movimentos: Allegretto, Scherzo e Allegreto Molto.



Agradecido, escutei tendo em mente a lembrança do ativo Grêmio Béla Bártok dos alunos da Escola Livre de Música da Pró Arte.



 







[i] Ver artigo Ábaco Coincidência ou Plágio, publicado em 30.09.2011, no site .





[ii] Ver artigo Música Eletrônica no Brasil dos anos 1950, publicado em 09.06.2013, no site <www.usinadeletras.com.br>.





[iii] Ver o artigo Álbum es tu do es tu do e o compositor Gil Nuno Vaz, publicado em 19.11.2022, no site .




Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Perfil do AutorSeguidores: 11Exibido 16 vezesFale com o autor