SUMI-E: MESTES JAPONESES NA SALA FREDERICO TREBBI

            l.. C. Vinholes

01.08.2025

Nota: A informação não estava exata quando, em outro momento, informei que Francisco Dias da Costa Vidal[i] publicava seus comentários e críticas nos jornais Diário Popular e A Opinião Pública de Pelotas, pois, nos meus guardados, encontrei recorte[ii] do Diário da Manhã[iii], também de Pelotas, onde, na coluna Tribuna do Povo, como cronista, registra exposição de artistas japoneses, da qual fui curador. Vejamos o que diz o cronista Vidal sobre a mostra de 12 a 30 de dezembro de 1994 conforme reza no convite distribuído, na ocasião, pelos patrocinadores: Prefeitura Municipal de Pelotas, INTEGRASUL e ETERPEL.

MESTRE VINHOLES E ARTE JAPONESA

Longa é a história e proveitosa a trajetória que tangeu Vinholes ao Oriente, daqui corresponde não apenas empenho, mas uma estimulante base de lançamento que o levou, não apenas a investigar a cultura oriental, mas a integrar-se nela e de lá periodicamente trazer os frutos de seu labor paciente e continuação, esmerado e pertinaz.

Foi assim como, tendo acompanhado atentamente essas andanças pelos caminhos da música e da poesia, percebemos que Vinholes arrasta consigo todo um complexo cultural transnacional e pluricultural de rara abrangência, sem jamais perder contato com as raízes para as quais sempre retorna, trazendo os frutos não apenas de sua, mas também, de toda uma plêiade de mestres orientais, num intercâmbio de inapreciável transcendência.

Desta feita Luiz Carlos Lessa Vinholes vem pela inauguração “Sumi-e: Mestres Japoneses”, com obras de Kenzo Tanaka, Hideko Fujimori, Harumichi Sakata e Toha Hideshima, exposta na Sala Frederico Trebbi[iv].

Para os que não estão familiarizados com a arte japonesa, tudo constitui estimulo e desafio, chamando-nos a atenção, por exemplo, ara a ausência da cor, presentes não apenas figuras humanas e sua rica expressividade fisionômica – sem dúvida um aspecto dos mais desafiantes do desenho, mas também dos significantes, portadores do interesse dinamismo.

Este é sem dívida, o traço de união, de todo o conjunto aí incluídas não apenas as pinturas, como também a poesia de Vinholes, onde, “Menina Só”, não apenas gerou o livro de poesia, onde se encontram tempo-espaço, mas a preciosa colaboração do mestre Tanaka.

Todos os demais mestres, obtém resultados os mais desafiantes sobretudo se, atentos e insistentes, nos dermos para perceber a concentração telúrica ali expressa, o que se justifica plenamente ao considerar que o Japão é dos países do mundo que mais e melhor se insere na “linha-de-fogo” cuja geografia desafia o homem no seu dia a dia da sobrevivência e, portanto, da consciência de sua existência.

Da coleção, pois, emana toda a uma captação de tintas e espaços equilibradamente dispostos e espontaneamente lançados transmitindo a ideia de um dinamismo geográfico magmático. Isso sem perda de vista da figura humana, no que possua de mas fisionomicamente expressivo a técnica sutil do traço, oscilando até a mancha e uma veludosidade[v] suavíssima.

Tudo o que fluindo de uma ligeira visão de “vernissage”, pede o retorno e a insistência seja observação com dedução, seja observação com dedução, seja indagação para captar das formas sutis da milenar cultura oriental a nós: sugerir, ilustrar, admirar, estimular, ampliando horizontes de saber e de sensibilidade!