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Artigos-->SUMIRAM COM AS OBRAS JAPONESAS DOADAS AO MAB -- 07/09/2025 - 16:37 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

SUMIRAM COM AS OBRAS JAPONESAS DOADAS AO MAB

L. C. Vinholes

07.09.2025

Sem nunca esquecer que sumiram com as obras que vieram diretamente do Japão para serem expostas no Museu de Arte de Brasília (MAB) e que até hoje não se tem notícia do fim que foi dada aos sumi-e que foram generosamente doados ao Museu e à Fundação Athos Bulcão, esperançoso, retomo ao que consta do artigo que publiquei em 09 de agosto de.2025, no site <www.usinadeletras.com.br>[i], hoje com 63 acessos, e disponibilizo o texto dos artigos 1) O Japão é aqui - Treze artistas mostram sua homenagem ao criador da técnica japonesa Sumi-E, artigo assinado por José Meneses de Morais, e 2) MAB mostra arte milenar do sumi-e, com o subtítulo:  Será aberta hoje exposição que reúne Kenzo Tanaka e artistas japoneses contemporâneos no Museu de Arte de Brasília.

Estes dois artigos foram publicados pelos jornais Correio Brasiliense e Jornal de Brasília, no dia 3 de novembro de 1993, dia da inauguração da badalada mostra, e foram reproduzidos no apreciável e útil catálogo repleto de imagens e informações; ambos artigos ilustrados com a foto obra da artista plástica Tae Maenaka. Neles encontramos o nome dos expositores e das suas obras e comentários pertinentes.

Nas primeiras linhas do texto em inglês SUMIE EXHIBITION IN BRASILIA – 1993, na primeira página do catálogo da mostra, surpreende o leitor a informação de que ela “were appreciated by  hundred of visitors not only on the opening ceremony but also during the period from the 3th o November to the 5th of December 1993”. Surpreso, registro que, com experiência na curadoria de exposições no Japão, Canadá, Itália e Paraguai, nunca me foi possível antecipar e fazer constar das publicações de divulgação das mostras quantas foram as pessoas que visitaram os eventos.

Aqui compartilho a versão em português do texto citado no parágrafo anterior, registrando a proeza que nunca me foi possível celebrar:

.“Brasília, a moderna Capital do Brasil, teve a sorte de ter uma exposição de 13 artistas japoneses membros e não membros da Sociedade Internacional de Artes Plásticas e Audiovisuais - ISPAA. As obras vindas diretamente do Japão para o Museu de Arte Moderna de Brasília foram apreciadas por centenas de visitantes não apenas na cerimônia de abertura, mas também durante o período de 3 de novembro a 5 de dezembro de 1993. Especial atenção foi dada às obras realizadas na técnica "sumi-e" e o Ministro da Educação do Brasil, Embaixador Geraldo Moscardo, bem como membros de instituições culturais de Brasília tiveram a oportunidade de dialogar com Hideko Fujimori, Kenzo Tanaka, Kiyoshi Hashimoto e Kenji Suzuki que vieram a Brasília para assistir à abertura da exposição e intensificar as boas relações culturais entre os dois países. Como um gesto fraterno dos artistas japoneses, todas as obras expostas no Museu foram doadas ao acervo do Museu e à Fundação Athos Bulcão, que ajudou a organizar o evento. A partir de agora, graças à generosidade dos artistas mencionados, não apenas os visitantes do Museu, mas também estudantes, críticos de arte e acadêmicos interessados ​​no estudo do "sumi-e" terão em mãos magníficos exemplares desta singular e rica manifestação da arte tradicional japonesa. Tenho certeza de que os efeitos positivos desta exposição inesquecível perdurarão para sempre”.

O artigo do Correio Braziliense

Os japoneses vão invadir Brasília. Nesta quarta-feira treze artistas japoneses contemporâneos vão prestar uma homenagem póstuma a Sanson[ii] Flexor, considerado um mestre[iii] da arte milenar do Sumi-e. A coletiva, promovida pela ISPAA - Sociedade Internacional de Artes Plásticas e Audiovisuais, inclui, também, o lançamento do livro de poesias Menina-Só[iv], de L. C. Vinholes.

Quatro dos 13 artistas japoneses vão estar presentes a homenagem ao mestre Flexor, que, se estivesse viúvo, completaria agora 75 anos de idade. Vão estar em Brasília os artistas plásticos Kenzo Tanaka, Harumichi Sakata, Hideko Fujimori e Keiji Suzuki. O Sumi-e é uma arte milenar que floresceu na China antiga após a invenção do papel, do pincel e do sumi, uma espécie de tinta resultante de um pó fino e negro, feito de fuligem.

Sintaxe nova – “Sumi” em japonês, significa tinta preta. E o seu acréscimo – “E” – pode ser traduzido como pintura, ou quadro. Sumi-e é assim, uma espécie de tinta preta sobre o quadro. Inicialmente, essa arte desenvolveu-se com a caligrafia dos ideogramas. Nas mãos habilidosas de artistas como Su Shih e Mi Fu, o estilo de pintura chamado suiboku-ga (sui = água, bocu = tinta negra e ga = pintura), chegando mais tarde, no período da dinastia Sun (960 a 1279) a ser mais valorizado do que as obras que se valiam dos recursos das cores.

O Sumi-e representa uma espécie de nova síntese para o universo pictórico do Japão e da China. Seus estudiosos falam que essa tendência plástica inaugura movimentos firmes do pincel, interiorizados, espontâneos e de traçados harmoniosos e elegantes, com diversas expressões e matizes. Embora introduzido no Japão nos séculos XI e XII, mediante as práticas budias[v], o Sumi-e só foi universalmente aceito como manifestação artística no período de 1392 a 1572[vi].

Mestres - Em meados do século XIII, em pleno período de Edo – quando Tokyo já era a capital do Japão – o estilo do Sumi-e – com suas linhas e traços característicos – tornou-se mais aceito e apreciado do que o Suiboku-ga[vii]. Essa tendência tem inclusive alguns nomes que são considerados seus verdadeiros mestres, entre os quais, se destacam Mokuan (Século XIV); Sesshu (1420-1506); Soen (1500); Eitoku (1566); e Tao-chi (1641-1710).

Os estudiosos do Sumi-e destacam ainda nessa tendência o equilíbrio existente entre as áreas usadas e as áreas deixadas sem uso pelo pincel. A liberdade de expressão – afirmam – e de movimentos sempre interessou aos artistas japoneses preocupados com as expressões de vanguarda, tanto na gravura quanto na pintura contemporânea. O vazio deixado na obra, ou o “yohaku” – na superfície plana – funciona não só como elemento substantivo, mas também como uma síntese nova, que justifica e explica o relacionamento dos demais elementos que compõem esse tipo de arte.

A mostra – A coletiva dos japoneses em homenagem a Flexor vai apresentar ao brasiliense os seguintes trabalhos: Vinte caixas para exibição sobre o solo, de Emiko Kaneda, Dragão, de Harumichi Sakata, Bassara, de Hideko Fujimori, Céu número I, de Hideyuki[viii], Animo meu coração, de Hoshino Takashi, Mei, de Kaoru Ohtaka, além de obras sem título assinadas por Fujiwara; Kitazanato[ix]; Hashimoto e Tae Maenaka.

Kenzo Tanaka expõe Obras nº 1 a 5 e Uchio Sumi, Pinguim. Neste universo, estão representadas escolas, tendências e técnicas diversas como o abstrato, o figurativo, óleo sobre tela, colagem, etc., além de duas instalações.

Poesia japonesa – Vinholes, aliás, morou 32[x] anos no Japão. Nasceu em Pelotas, no Rio Grande do Sul, ele tem se dedicado ainda pelo seu trabalho de compositor de vanguarda. Escreveu 21 obras intituladas Tempo-Espaço, para grupos de câmera. É ainda considerado o primeiro compositor de música aleatória no Brasil – Instrução 61 – e agora incursiona também pelo universo poético. “Menina só”, explicou ele, “é na verdade um polievroma[xi], um compromisso entre poema e livro. A prática de leitura e feitura das quadras e tercetos tradicionais de literatura ocidental e as incursões pelo mundo dos haikais, me despertaram o interesse pelas cousas concisas”.

O livro de Vinholes tem seus poemas todos feitos em homenagem a mulheres japonesas. Tem ilustrações de Kenzo Tanaka[xii] – que vão estar expostas - e custa CR$ 1 mil. É uma edição Massao Ohno, editora paulista que tem divulgado muito a literatura japonesa no Brasil.

  1. O artigo do Jornal de Brasília

Sumi-e é uma técnica inventada na China antiga após a invenção do papel, do pincel e do “sumi” uma tinta extraída da fuligem. Através de uma atitude de concentração de movimento firmes e espontâneos, os artistas chineses e japoneses projetam linhas, traçados e volumes, marcados pela elegância e harmonia. O sumi-e chega ao Brasília, a partir de hoje, às 21h00, no Museu de Arte de Brasília, através de uma exposição de obras de Kenzo Tanaka e de artistas japoneses contemporâneos convidados, com uma homenagem a Sanson e o lançamento do livro de poemas Menina-só, de L. C. Vinholes. A mostra é coordenada pela Fundação Athos Bulcão, com apoio da Secretaria de Cultura e da Associação dos Amigos do Museu de Arte de Brasília.

Durante a abertura da exposição, Kenzo Tanaka realizará uma demonstração ao vivo da arte do “sumi-e”. Todos os artistas convidados integram a Sociedade Internacional de Artes Plásticas e Audiovisuais (ISPAA) da qual L. C. Vinholes é um dos cofundadores ao lado de Kenzo Tanaka.

“O importante é que esta mostra vem diretamente do Japão para Brasília”, observa L. C. Vinholes.  A mostra reúne artistas de várias tendências estéticas. O sumi-e começou a ser utilizado em trabalhos de estilo figurativo, mas hoje ele acabou sendo incorporado em uma produção de imagens abstratas.  A mostra do MAB contempla as duas vertentes do sumi-e.

Tradicionalmente, sumi-e se resume à aplicação de pinceladas de tinta preta sobre o fundo branco. Mas tanto na pintura figurativa quanto na pintura abstrata, o espaço branco é fundamental para a concepção estética do sumi-e. E, neste sentido, é possível estabelecer pontos de contato entre a arte do sumi-e e da Poesia Concreta brasileira, criada por Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos - observa Vinholes. “Em ambos, o branco é de importância essencial”.

Kenzo Tanaka é artistas plástico, ensaista e professor. Ele nasceu em Osaka, Japão, em 1918. É considerado um dos mestres da arte do sumi-e. A ligação de Kenzo Tanaka com o Brasil teve início através do contato com a obra de Sanson Flexor. Em 1954, a revista francesa L´Art d´aujourd´hui publicou, em páginas contíguas, obras de Flexor e Kenzo Tanaka. Logo o pintor japonês enviou de presente várias de suas obras a Flexor. Em 1957, quando Vinholes partiu para o Japão como bolsista do Ministério da Educação japonês, Flexor aproveitou para enviar a Tanaka uma de suas obras abstratas. O MAB mostrará, pela primeira vez no Brasil, o quadro a óleo presenteado a Tanaka por Flexor. “Foi aí que começou a ligação de Tanaka com o Brasil”, conta Vinholes.

A Sociedade Internacional de Artes Plásticas e Audiovisuais (ISPAA) foi ciada em Toyonaka, Japão, em 1962. Ela tem como finalidade reunir as mais dispares correntes e tendências da expressão artística, levando em consideração as diferenças e particularidades culturais de cada país integrante. Os brasileiros sempre tiveram um significativo espaço dentro das atividades da ISPAA. Em 1963, em Kobe, Japão, durante a primeira exposição da ISPAA, participaram os brasileiros Fernando Lemos, Hércules Bersotti, Maria Bonomi e Willys de Castro.

Em 1968, o Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, foi realizada a VIª Exposição Internacional da ISPAA que contou com a presença de Franz Weissmann, Wesley Duke Lee, Regina Silveira, Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos, Ronaldo Azeredo. José Limo Grünewald, Edgar Braga, entre outros.

 

Kenzo Tanaka está com 75 anos. Ele é membro fundador e presidente do Grupo Maison de Creation (dedicado ao desenho industrial) e do Clube de Arte do Grupo TAO[xiii]. Kenzo realiza em Pelotas, Rio Grande do Sul, um jardim japonês[xiv] no estilo de Suzu cidade irmã de Pelotas.

Vinholes é compositor, poeta e tradutor. Ele introduziu a Poesia Concreta no Japão, através de uma exposição[xv] de obras de Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos. O livro Menina-só (coedição a Associação Cultural Brasil-Japão e Massao Ohno) traz seis ilustrações de Kenzo Tanaka. Existe uma conexão estreita entre o objeto livro e o poema. Os 24 poemas têm os nomes de mulheres japonesas. A palavra “só” é utilizada como referência do poema. A medida em que o livro vai avançando diminui o número da palavra “só”: “É uma espécie de convite para que o leitor não deixe nunca só aquela menina que pode estar a seu lado e que tem todos os predicados mencionados no livro” arremata Vinholes.

Além de Kenzo Tanaka, integram a mostra: Sanson Flexor, Emiko Keneda, Katsuhiko Fujiwara, Harumichi Sakata, Keiichi Kitasato, Hideko Fujimori, Keiji Suzuki, Hideyuki Taniguchi, Kiyoshi Hashimoto, Hoshino Takashi, Kaoru Ohtaka, Uchio Sumi e Tae Maenaka.

 


[i]  Título do artigo é: AINDA O SUMIÇO DAS OBRAS DOS ARTISTAS DA ISPAA EXPOSTAS NO MAB.

[ii] A primeira sílaba do prenome de Flexor é escrita com um “m”, assim Samson

[iii] Em nenhum momento de sua produção artística Samson Flexor praticou o sumi-e.

[iv] No título da edição de menina só e em todos os textos dos poemas, não são usadas letras maiúsculas. Nesta reprodução do artigo de José Meneses de Moraes, serão mantidas as grafias nele utilizadas.

[v] budias, como está redigido no artigo, provavelmente é vocábulo que teve sua redação equivocada.

[vi] 1392 ano do início do Período Joseon, da dinastia coreana que durou até 1573, ano em que iniciou o período em que o nascente império japonês esteve sob as ordens de Oda Nobunaga.

[vii] Suiboku-ga ou sumi-e é um estilo de pintura monocromática utilizando tinta da China.

[viii] O nome de Hideyuki é Taniguchi.

[ix] O prenome de Kitasato é Keiichi.

[x] Morei no Japão cerca de 14 anos: dez na primeira estada e quatro na segunda: 1957-1967 e 1974-1977.

[xi] Polievroma é um neologismo criado intercalando as duas sílabas de li vro entre a três sílabas de po e ma.

[xii] Ver o artigo Kenzo Tanaka, sumi-e, menina só, poetas e artistas do Brasil, publicado em 05.12.2023, no site

[xiii] Ver o artigo Grupo TAO comemora 40 anos de atividades, publicado em 31.10.2012, no site .

[xiv] Ver os artigos O Jardim de Suzu e Ainda o Jardim de Suzu, pulicados em 29.03.2008 e 18.08.2008, no site .

[xv] Exposição realizada com patrocínio, apoio técnico e recursos do Museu de Arte Contemporânea de Tokyo, de 6 e 14 de abril de1961 e colaboração do arquiteto João Rodolfo Stroeter, como eu, bolsista do Ministério da Educação do Japão

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