Aproveitando as informações a mim enviadas por Lúcia Bandeira Karam, decidi compartilhar o que recebi com quem leu meu artigo 2 Batutas[i] de Pelotas - José Duprat Pinto Bandeira[ii]. Essa minha decisão permite que um maior número de pessoas conheça o quando foi trabalhoso, para compilar o que ela encontrou com suas pesquisas.
Aqui nada mais faço do que anunciar que hoje, às 18 horas, está sendo lançado no Museu do Doce, no Casarão Nº8, da Praça Coronel Pedro Osório, do Centro Histórico de Pelotas, o “livro que pretende resgatar e apesentar para os leitores contemporâneos a história de dois importantes músicos do Rio Grande do Sul. Escrito pela jornalista Lúcia Bandeira Karam. 2 Batutas de Pelotas percorre o tempo desde o final do século XIX até meados do século XX para contar a história de João Pinto Bandeira[iii] e José Duprat Pinto Bandeira[iv] - respetivamente bisavô e avô da autora, ambos compositores de música erudita, popular e sacra de Pelotas, os dois mestres de capela[v] da Catedral Metropolitana de Pelotas. Com seu trabalho em torno de orquestras, filarmônicas, bandas e corais, os multi-instrumentistas ajudaram a colocar a cidade de Pelotas entre os mais relevantes polos da música no Brasil”.
“Resultado de extensa pesquisa em documentos, registros na imprensa, entrevistas e relatos familiares, a publicação promete mater viva a memória de dois personalidades cuja vida se confunde com a história da cultura do Rio Grande do Sul:
“Num primeiro momento, tive acesso ao diário[vi] de José Pinto Bandeira, meu avô (um dos dois maestros que regeram a primeira orquestra Sinfônica estável do RS, criada em 1949), há uns 20 anos e, junto, havia programas de concerto, jornais recortados, livros, partituras, documentos ligados a conservatórios e sociedades culturais”, comenta a autora. “A partir de 2019 recomecei a pesquisar, selecionei as partituras, cruzei os dados dos programas de concertos e datas do diário com notícias de jornais. Entrevistei professores e músicos de Pelotas e Rosário[vii] pesquisei em bibliotecas da Argentina, de Porto Alegre, a Biblioteca Pública de Pelotas e a Biblioteca Nacional. Comecei a achar muito material sobre as diversas atividades do meu avô e do meu bisavô” completa Lúcia. “A publicação será enriquecida com fotografias de diferentes épocas e reproduções de documentos que registram a trajetória dos artistas e sua influência no cenário musical e cultural de Pelotas”.
Para servir e atender ao maior público possível essa publicação “será distribuída gratuitamente em bibliotecas, escolas e centros culturais – e em PDF pelo site oficial do projeto - o livro conta ainda com um catálogo de partituras dos maestros biografados. As peças foram catalogadas por Judie Abrahim, musicista e arquivologista, responsável pela revisão técnica orçamental do 2 Batutas de Pelotas.
Comentário de Judie Abrahim sobre o livro 2 Batutas de Pelotas
“Como notas suplementares que enriquecem largos acordes, dois nomes ecoam na memória musical de Pelotas: João e José Pinto Bandeira. 2 Batutas de Pelotas nos convidam à uma visita íntima à trajetória de artistas que escreveram música e compuseram capítulos da vida cultural da cidade. Passeando por igrejas, teatros, salões e coretos, a autora mostra que a batuta dos maestros, mais do que instrumento de regência, foi ponte entre sagrado e popular, arte e cotidiano. Escrito por quem carrega no coração o eco dos seus ancestrais, o livro é também um reencontro. Neta e bisneta dos biografados, entrelaça pesquisa e memória afetiva, devolvendo aos compositores não apenas as notas das partituras aqui catalogadas, mas o som de suas próprias vidas”.
Capa do livro-enciclopédia
da historiadora Lúcia Bandeira Karam
Quem é Lúcia Bandeira Karam
Resumidamente registro que: Lucia Bandeira Karam nasceu em Porto Alegre em 1964. É jornalista com atuação em política, cultura e políticas públicas. Tem passagem por veículos como Folha de S. Paullo, O Estado de S. Paulo a revista Globo Vivência/Galileu, por assessorias de imprensa de órgãos públicos e de divulgação de eventos culturais. As pesquisas feitas por Lúcia, abordando diversos aspetos da vida e da obra de seus bisavô e avô, justificam reconhecer que merecidamente ela deve ser reconhecida também como historiadora. Mas é indispensável dizer que Lúcia é filha de Magloire e Nilo Karam, sobrinha de Maria Isabel, João, Pedro e Afonso, todos, a seu tempo, membros cantores do coro que foi dirigido por seu avô José Duprat Pinto Bandeira, com o acompanhamento do órgão tocado por sua tia avó Leonídia Bandeira de Tolla, carinhosamente por todos chamada de Mimosa. É irmã do violonista e compositor Cau e do saxofonista Sérgio que se dedicaram à música popular, ambos com formação acadêmica, o primeiro começou como autodidata em violão, hoje, compõe para viola e publicou “Viola fora das “´modas´”, uma série de composições para a viola brasileira de dez cordas, e o segundo é autor de um Guia do Jazz, graduado em Letras, doutor em Literatura Hispano-Americana pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é tradutor de livros em espanhol e inglês para o português. Permito-me fazer registo especial à memória de Vera Karam, irmã de Lúcia formada pela Escola de Artes Dramática da USP, atriz, escritora e dramaturga, inúmeras vezes premiada. que nos deixou contos, novelas e peças de teatro, nessas destacando-se Maldito Coração e O casal.
Quem é Judie Kristie Pimenta Abrahim.
Atualmente no cargo de Diretora Técnica do Núcleo de Paleografia do Arquivo Público do Estado de São Paulo, Judie Kristie é Bacharel em piano e Mestre em Musicologia/Artes pela USP (CAPES); Especialista em Organização de Arquivos pelo IEB/USP; e, com bolsa concedida pela Fundación Carolina, fez curso de especialização na área de patrimônio artístico ibero-americano na Escola de Belas Artes de San Fernando em Madrid-Espanha, quando teve oportunidade de trabalhar com a multiplicidade de documentos, abordando o tema música litúrgica. Foi pesquisadora no Instituto de Estudos Brasileiros da USP, desenvolvendo pesquisas e auxiliando na organização do Acervo do compositor Camargo Guarnieri, como bolsista PIBIC/CNPq de 08/2002 a 07/2005, quando, por sua pesquisa, recebeu Menção Honrosa no XI Simpósio Internacional de Iniciação Científica da USP.
Comentário de Judie Abrahim sobre o livro 2 Batutas de Pelotas
“Como notas suplementares que enriquecem largos acordes, dois nomes ecoam na memória musical de Pelotas: João e José Pinto Bandeira. 2 Batutas de Pelotas nos convida a uma visita íntima à trajetória de artistas que escreveram música e compuseram capítulos da vida cultural da cidade. Passeando por igrejas, teatros, salões e coretos, a autora mostra que a batuta dos maestros, mais do que instrumento de regência, foi ponte entre sagrado e popular, arte e cotidiano. Escrito por quem carrega no coração o eco dos seus ancestrais, o livro é também um reencontro. Neta e bisneta dos biografados, entrelaça pesquisa e memória afetiva, devolvendo aos compositores não apenas as notas das partituras aqui catalogadas, mas o som de suas próprias vidas”.
Onde encontrar as informações do 2 Batutas de Pelotas
Por decisão de Lúcia, além da distribuição gratuita da edição de 2 Batutas de Pelotas às escolas, bibliotecas e instituições culturais, textos diversos são divulgados pelo Fecebook:
Nesta última fonte estão disponíveis todas as informações a respeito de tudo que se refira à obra em questão, apresentadas em oito blocos:
Home,
Apresentação,
Maestros,
Autor,
Notícias,
Ficha Técnica,
Baixe o Livro e
Contato.
Concluo que, com essas fontes disponíveis, o artigo que dediquei a 2 Batutas de Pelotas, deve ser considerado como uma inocente e caprichada colcha de retalhos que dedico à memória de quem foi meu primeiro professor de música:
José Duprat Pinto Bandeira.
[i] Batuta, na gíria, significa alguém sagaz, entendido, corajoso ou destemido.
[iii] João Pinto Bandeira (30/03/1845 - 02/05/1931).
[iv] José Duprat Pinto Bandeira (11/06/1885 - 03/04/1955).
[v] Mestre de capela, posição de grande prestígio, era chamado, na Idade Média, Renascença e Barroco a pessoa que compunha música e dirigia os músicos e cantores do coro das igrejas frequentadas por nobres ou pela monarquia.
[vi] O Diário de viagem, “Começado a 19 de Junho de 1908”, está em um enorme livro de escritório, de capa azul dura, lombada de pano, com algumas folhas soltas, páginas numeradas, de 32x22cm, 30 delas ocupadas com texto manuscrito ilustrado com cartões-postais de Buenos Aires, Bahia Blanca e da Enseada de Botafogo. No selo colado na capa frontal, também em manuscrito, tem-se colado o título “Diário de José Duprat Pinto Bandeira”. Do Diário constam textos escritos em Pelotas após a viagem, recortes de jornal sobre a morte do viajante e homenagens que lhe foram prestadas.
[vii] Rosário de Santa Fé, é a maior cidade na Província de Santa Fé, na Argentina.