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Como disse Mahatma Gandhi: “A verdade é dura como o diamante e suave como a flor do pessegueiro”. Mas, como já se disse em outras oportunidades, nem todos estão prontos para ouvir a verdade.
E já se disse que o preço a ser pago pela busca da verdade é alto. E este preço se traduz na transformação do peregrino em objeto do ódio do mundo. Mas, devemos continuar a busca. Porque a verdade é a única coisa que verdadeiramente importa, pois é real. A maior parte das coisas que o mundo criou é irreal, posto que transitórias. Todos os dias somos enxovalhados, bombardeados com ilusões. A maior de todos é o controle. Nada mais ilusório do que a ideia de que temos o controle de tudo. Muitas vezes, nem de nossa vida temos. Basta lembrarmos de nossos irmãos que passam pelo desafio do Mal de Alzheimer. Inexoravelmente, uma verdadeira batalha. O cérebro vai se desligando aos poucos, até que a pessoa morre por várias causas possíveis, dentre as quais, a falência múltipla dos órgãos.
O Buda (Siddartha Gautama, o Buda Sakyamuni) deixou uma das maiores lições: Somente a mudança é imutável. A ausência da mudança não existe, pois, o que não muda, morre. Isso numa visão bem simplista das lições búdicas. Além disso, não controlamos a mudança. A mudança simplesmente acontece. Para não sofrermos, nos cabe a aceitação. Tudo muda. As pessoas de hoje não são as mesmas de ontem. E as de amanhã não serão as mesmas de hoje. Nem sós somos. O filósofo grego Heráclito dizia: “As águas nas quais me banho hoje não serão as mesmas nas quais me banharei amanhei”. Até nós mesmos devemos nos apresentar a nós todos os dias. Afinal, minha versão de ontem não é a mesma de hoje. Essa é, inexoravelmente, uma das verdades mais inquietantes. A maioria não quer mudança. Mas, a vida só acontece na mudança. Lembrem-se disso. Sem estímulo não há evolução. E o Universo não entende um estímulo como bom ou mau. Apenas como estímulo. É a forma como encaramos os acontecimentos que os tornam bons ou ruins. Nossa visão de Mundo e não o Mundo em si é bom ou mau.
Precisamos gerenciar nossas emoções. É uma questão de saúde mental. Mais do que nunca, o Mundo está mudando.
Continuemos nossa jornada rumo à descoberta da verdade. Sofreremos? Claro que sim, pois se o sofrimento não fosse algo necessário ao crescimento espiritual, os Evangelhos e tantos outros textos sagrados, não estariam repletos deles. Afinal, essa a característica do homem: evoluir dentro de todas as experiências; e não há experiência mais marcante do que aquela promovida pela dor. Sofrer nos leva para longe do mundo e nos traz para perto do Divino. Somos confrontados com nossos limites, com nossa finitude e efemeridade. E, diante do que incomoda, somos forçados a mudar.
Pobres os que perseguem os que lutam pela verdade, pois, chegará o dia em que serão perseguidos sem compaixão ou misericórdia, porque nunca as tiveram com aqueles que dela necessitaram um dia.
Os que tiverem seus prêmios nesta vida, não os terão em outra se não fizerem por merecer a cada dia e, a cada momento não lutarem ao lado da verdade, do amor e da misericórdia. Na Bíblia se vê: “Tudo que desejais que os homens vos façam, fazei vós a eles” (Mateus 7:12).
Somente quando aprendermos a cultivar os verdadeiros sentimentos, seremos dignos de conhecer a verdade em toda sua plenitude. Mas, as pessoas têm que ter uma certeza: se cada um não estiver disposto a ouvir a verdade, ninguém no mundo poderá dizê-la.
A verdade está dentro de nós. Somente quando as pessoas mergulharem dentro de si e buscarem aquilo que estão procurando há muito tempo, finalmente, poderão encontrar as respostas.
A verdade é eterna. Mesmo que muitos ainda a queiram esconder, inegavelmente, em todos os tempos, sempre haverá aqueles que irão em busca dela, encontrando-a onde quer que a mesma se encontre e revelando-a ao mundo, mesmo que o preço para isso seja muito caro. Uma vida sem sentido, não merece ser vivida.
Os grilhões da mentira são apertados demais para serem suportados, por isso devemos destruí-los. Somente quando homem encarar a verdade como algo natural será capaz de compreender sua verdadeira natureza e a finalidade para a qual foi criado. Até lá estará tateando em terreno obscuro. Há uma importante frase do físico alemão Albert Einstein que diz: “A mente que se abre a uma nova ideia, jamais volta ao seu tamanho original”. Há um momento do continuum da abertura de consciência, que percebemos que já não cabemos em qualquer lugar. Nem tudo nos serve. Há portas que se tornam estreitas demais.
Um dia o homem se conhecerá como realmente é, e não como num espelho, como um mero reflexo. Hoje vemos por meio de sombras, de forma inexata, mas um dia o inexato desaparecerá; hoje conhecemos em parte, mas chegará o momento em que conheceremos completamente a nós mesmos. Chegará o momento da verdade. Estejamos preparados.
Rodrigo Mendes Delgado
Advogado e escritor
Revisado em 24.IX.2025
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