A cibercultura , manifestação sócio-cultural decorrente do impacto da influência da tecnologia nas novas formas de relações sociais, evidencia a transformação social que se inicia neste novo século.
Podemos dizer que apoderou –se da sociedade pós –moderna uma sensação de constante metamorfose; a cada segundo, fluxos de informações transformam ações, possibilitam contatos, organizam e desorganizam conceitos em um intenso movimento caótico do ciberespaço.
Temos diante das diversas culturas expressadas ao longo da evolução humana o ciberespaço, favorecendo conexões entre inteligências individuais.
Agora, referências que antes dominavam as relações socias entre os indivíduos; como posição geográfica, nome, situação econômica, classe social, cultura ,perdem o sentido.As novas formas de relações- baseadas nos interesses dos individuos que interagem no ciberespaço- estão se tornando mais flexíveis e democráticas.
O que vale é o valor das idéias que circulam na rede, a criatividade e a capacidade de conectar idéias com o todo ( ciberespaço).
Eis a cibercultura invadindo realidades, anarquizando relações, criando espaços para criações de novos valores, novas crenças, novos mitos. Um grande caldo de culturas e valores povoam o ciberespaço, fluxos de idéias conectando indivíduos espalhados pelo planeta. Surge uma nova lei ,baseada na “solidariedade intelectual e artística”, na medida em que não convêm mais guardar idéias, mantêr um poder sobre algum tipo de manifestação criativa, já que ,uma vez colocado na rede, qualquer conteúdo toma proporções de universalidade e a partir daí novas criações tornam-se possíveis.
Mas a cibercultura se manifesta somente no ciberespaço? Evidentemente que não, e é nesse ponto onde quero chegar. Manifestações desta cultura “da nova era”pode ser observada em vários pontos do planeta, nas mais diversas culturas, gerando singularidades estéticas e hábitos próprios, independente do país ou cultura em que se manifesta.
Estéticamente temos o piercing, as tatuagens, os dreadlocks, as roupas coloridas; comportalmente as festas raves, technoparties e artísticamente a música eletrônica, arte eletrônica, DJs e VJs;como manifestações da cibercultura presentes em todos os cantos do planeta ,coexistindo com culturas e hábitos tradicionais, como um universo paralelo povoando as já existentes sociedades territorializadas.
Desterritorialização e nomadismo cultural. A cultura da pós-modernidade, gerada das relações efetuadas no ciberespaço , não pertence à nenhum território, à nenhuma nação, possue valores próprios em constante formação habita a virtualidade; é nômade na medida em que se expressa em qualquer ambiente, por tempo indeterminado.
Uma das características marcantes da cibercultura é o surgimento do neo-tribalismo, ou seja, relações que tem como finalidade a vivência intensa do presente, sem finalidades pré estabelecidas, sem engajamento político – sendo desterritorializada ,não há espaço para domínios institucionais.
Presenciamos uma transformação neste inicio de século -por que não dizer de milênio- no qual os valores estabelecidos durante o século da industrialização estão perdendo seu fundamento, e uma nova dinâmica de valores ,como o hedonismo, a aceitação das diferenças, a pluralidade de idéias, a incerteza perante o futuro, a convivência com a caótica esfervecência das informações, a solidariedade, a capacidade de criação e adaptação diante de mutantes condições de realidades começa a manifestar-se nas relações geradas no ciberespaço e efetuar-se nos cotidianos experimentados à sútil presença do acaso.
Fica valendo a capacidade de relacionar-se, de conectar-se com pessoas, idéias, objetos que potencialize a criação de novos mundos, novas maneiras de viver , experimentar e apreender a realidade. A vida como um grande jogo lúdico, de forças, de afetos,na qual a cada experiência vivida se perca um pouco da indentidade e se afirme a diferença conquistada.