Um dia você lê que Brizola está com Lula, pois ambos condenam o sistema que FHC apóia e está levando o povo à falência. No dia seguinte, Brizola está apoiando Ciro. Mas Ciro foi Ministro da Fazenda e se vangloria em ter colaborado na implantação do Real. Até foi estudar (ou receber orientação?) nos EUA há quase três anos.
Em outra oportunidade você observa que Serra e FHC armaram esquema envolvendo a bagatela de R$ 1,3 milhão para derrubar Roseana e retira-la da corrida eleitoral. O pai Sarney fica uma fera e promete que vai revelar dezenas de fatos que somados devem acumular bilhões de Reais pertencentes ao povo e que foram mal gerenciados (ele quis dizer desviados). Ficamos na expectativa de que a sujeira sob o tapete viria à tona para limpar a dignidade da pátria. E na semana seguinte, Sarney viaja e retorna dócil e calminho como se nada tivesse acontecido.
Então nos lembramos que ACM ao ser ameaçado de perder o mandato de Senador também esbravejou que possuía um dossiê que derrubaria o poder do planalto com as denúncias que viriam a público. Ele saiu quieto e até agora não vimos suas anotações estampadas na imprensa.
Há menos de um ano, Itamar dava uma de valente mineiro dizendo que não pagaria as dívidas para com o governo federal, pois as mesmas eram absurdas, obscuras e suspeitas. Foi aplaudido por outros Governadores que estavam sendo pressionados. E agora lá está Itamar se abraçando com FHC num jantar com a elite patrocinadora das campanhas eleitorais.
Serra surgiu como candidato do poder central. Mas colocou como vice a Rita, que regularmente "irrita" FHC pelas suas posturas antagônicas. Com a queda da popularidade de Serra, FHC começa a voltar os olhos para Ciro (na verdade este roteiro da farsa já estava escrito há meses).
E o veemente Luiz Inácio começou a trajar belos ternos para freqüentar as sedes dos magnatas. Passou a usar textos mais moderados em relação aos projetos futuros e baixou a voz. Baixou seu índice também.
Garotinho era aliado de Brizola e agora foi buscar apoio com a turma dos evangélicos. Melhor seria continuar fazendo merenda no Palácio Guanabara, que abandonou com uma "bomba-relógio" para Benedita.
Os analistas políticos dizem que eles fazem negociações. É quase isto. Seria isto num país onde os candidatos a cargos públicos estão interessados em melhorar o nível social da comunidade (até porque não se sente bem em habitar uma região deprimida sob todos os aspectos). Na verdade estão todos entrelaçados por negociatas montadas anteriormente e que cada um tem alguma atitude desabonadora que não interessa que seja explorada publicamente. Cada um deseja pelo menos manter seu território (coisa que Maluf faz com maestria em São Paulo apesar de todas as falcatruas já denunciadas).
E para culminar, quase chegamos às lágrimas (de pena ou de tanto rir) ao ouvirmos as declarações dos bens dos candidatos à Presidência. Cada um mais pobre do que o outro. Quem tem dois apartamentos, um carro com dois anos de uso ou mais de R$ 30 mil na poupança é magnata. Só faltou dizer que estavam pagando a moradia pelo SFH. Aí já seria deboche demais. Como será que estes pobres senhores com patrimônio tão pequeno conseguem viajar pelo mundo com tanta freqüência, sustentar vários filhos (próprios e adotivos), usufruem de mordomias de causar inveja aos mais abastados milionários do mundo?
Em resumo: em quem vamos votar se o Enéas abandonou a arena enlameada e Bin Laden está ocupado em infernizar a vida do Bush? Seria melhor colocar logo Elias Maluco ou Fernandinho Beira-mar no comando. Do jeito que vai, o tal poder paralelo assume aqui ANTES que a FARC na Colômbia, o ETA na Espanha e o IRA na Irlanda. Enquanto os suprimentos de novelas, Big Brocha, banheiras do Gugu e reportagens sobre o penta estiverem garantidos, o povo pouco estará preocupado com o futuro de seus filhos e netos.
Haroldo P. Barboza – Matemático, Analista de computador e Poeta – Julho / 2002
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