Um dia, enquanto assistia a uma aula de história geral, ouvi o professor dissertar sobre como os acontecimentos mundiais parecem fazer parte de um grande circulo, onde todo ponto pode ser tido como o início e o final de algo. E mais, se olharmos para um de seus pontos quaisquer, acompanharmos todo o comprimento e pararmos naquele ponto determinado, teríamos um deslocamento angular igual a zero. A história dá muitas voltas mas se repete...
Por que será que quanto mais andamos mais cresce a sensação de progresso angular zero? Por que o brasileiro sempre tem na mente a idéia de que nada mudará, apesar dos esforços?
Após muitos dias estávamos minha família e eu assistindo ao telejornal da noite quando uma pergunta rompeu com silêncio de meus lábios: - Esse jornal só fala tragédias! _ Foi nesse exato momento que encontrei as respostas à minha dúvida.
É incrível como os programas de televisão que exploram as tragédias têm crescido ultimamente; é uma variedade enorme nos mais variados canais. Parece que o povo tem gostado de ver mais lágrimas, acidentes, novelas mexicanas, reality show e outros programas que aproveitam para mostrar todo o lado que normalmente permanece oculto entre as pessoas.
Se bem que não se pode afirmar quem mais influencia quem; se os sentimentos da sociedade pela televisão ou se da televisão pelos sentimentos da sociedade... Questão difícil... Dúvida cruel! O fato é que hoje, os telejornais têm mostrado cada vez mais a corrupção, os acidentes, como os números de analfabetos têm crescido, como a violência no Rio de Janeiro tem ameaçado a segurança pública, como as florestas têm sido destruídas, as profecias apocalípticas, etc. Se os diretores de tais programas exploram esse tema a ponto de causar náuseas, complexos e outros traumas sociais é porque traz audiência.
De outro lado ficam as boas matérias, ou seja, de acontecimentos que surtiram boas conseqüências para alguém; daquelas que só são transmitidas nos dias em que o espaço do programa não está totalmente preenchido.
Desse jeito, logo contaremos com a presença de uma nova gíria, dessas que surgem com o momento, para essa categoria de transmissão... Já pensei em algumas e cheguei a conclusão que tragediograma refletiria bem o tipo de notícias normalmente transmitidas em nossas televisões, que refletem, ainda, a cara de pau dos apresentadores ao desejarem “Boa Noite” para alguém que passou quase uma hora vem só coisas ruins.