Afonso Henriques de Lima Barreto, o maior escritor brasileiro de todos os tempos, ao final de seu belíssimo romance “Clara dos Anjos”, do início do Século XX, já preconizava através das falas finais da personagem central, a verdade sobre nós, os cidadãos pobres brasileiros: “... nós não somos nada nessa vida”. Lima antecipava nosso futuro em Clara: enganados, abandonados, desamparados e por fim, vítimas irreversíveis de um galanteador roliúdiano que prometia mundos e fundos, mas que na verdade, era um grande marginal, um picareta, que de Clara só queria se aproveitar.
Há dois anos, tento apagar uma interrogação de minha cachola: qual a lógica capitalista dos ianques para seus hermanos da América Latrina? Explico-me. Divagava eu: “Eles são burros! Tá certo que a lógica capitalista prega a acumulação, mas prega também a circulação do capital, para que sua dinâmica continue sustentando a produção e o consumo. Se continuarem a espoliar assim a América Latina, sugando-nos, impondo políticas econômicas que diminuem nosso poder de compra, eles vão acabar se prejudicando. Daqui a pouco estaremos tão paupérrimos que não poderemos comprar nada deles, e isso pode gerar outra grande crise de superprodução... venderão seu excedente para quem? Se o din-din girasse em maior fluxo, seria menos ruim para todos. Nossas condições materiais de vida melhorariam e eles, resolveriam problemas de desemprego, superprodução industrial...”
Isso me encucou. Tá certo que os manés são imbecis, megalomaníacos e extremamente ambiciosos. Mas, não são loucos o suficiente de destruir o sistema que tanto lhes beneficia. Qual seria então sua intenção, ao condenar a América Latrina à pauperização como vêm fazendo, atrapalhando a dinâmica do capital?
Sem saber desta minha grande interrogação, o brilhante São Paulo midiático sem Igreja, meu caríssimo professor Gilberto Vasconcellos, ao comentar o estudo de J. W. Bautista sobre a biomassa e os rumos da energia no cenário mundial, abriu meus olhos. Num surto apocalíptico eu preenchi a lacuna que me intrigava.
Ocorre que, a grande preocupação dos imperialistas gira em torno do petróleo, principal fonte de energia do atual sistema capitalista, que um dia vai acabar... dentro de quarenta anos, ou até menos! E qual será a alternativa energética para o mundo?
Não tem dificuldade. Lembram-se de que já inventaram até o carro movido a água, a álcool?... a saída está na biomassa, nas maravilhas da limpa, moderna, renovável, feminina e abundante bioenergia. É aí que o Brasil entra para a História como o “país do futuro”! Não há outro lugar no globo com tanto sol, água e solo fértil. É biomassa rica, energia garantida! E energia = trabalho = riqueza. MAIS UMA VEZ, os países pobres dos trópicos, sobretudo o nosso, salvará a pele dos “fuckers” imperialistas ianques e europeus.
Os Isteites já vêm promovendo uma maciça invasão. Já controlam nossos meios de comunicação de massa, as telecomunicações, as grandes indústrias, abrem escritórios da CIA aqui e ali, utilizam nossas bases militares, financiam campanhas eleitorais, golpes de estado... não são novidades.
O acumulo capitalista anal dos ianques, esta prisão de ventre monetária, é estratégica. O grande executor dela aqui, é o principal agente da CIA no Brasil, FHC, que há oito anos prometeu acabar com os pobres e vem fazendo isso muito bem! Estão todos morrendo de fome, de negligência médica e hospitalar; vítimas do extremismo da violência, da ineficiência do sistema educacional.... Somos um dos países com o menor nível de desenvolvimento social do mundo. SEREMOS EXTINTOS! Nossa população será dizimada quase que completamente. Nesse processo, os globalitaristas ianques promoverão o Brazil: de colônia de exploração a colônia de povoamento.
A próxima investida está muito próxima e é neohomérica! Jorge Buxi Odissei (esse é imbecil, ao contrário do antigo herói) e seus asseclas, bondosamente, “presentearão”, nem que seja pela força, a América Latina com um grande monumento: O Cavalo de ALCA, que comporta em seu ventre as sementes que germinarão em nossas terras o neocolonialismo de povoamento, imbuídos com o velho e puro sentimento de cooperação internacional, portadores da bíblia sagrada da democracia de fachada. A ingênua mulatinha Clara dos Anjos, será novamente possuída pelo sedutor, será derrotada, irreversivelmente lesada. Coitada!
Já escuto as críticas: panfletário... juvenil... apocalíptico... louco! Sou louco SIM, como Lima Barreto ou a Cassandra de Tróia. Pretensiosa e divertidamente, sou o Cassandro dos Trópicos, da Terra em Transe glauberiana, a sustentar devaneios que o tempo tornará verdade! Lembrem-se: Cassandra foi uma das poucas a sobreviver... nisso, eu quero ser diferente. Nós, não somos nada nessa vida!