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Artigos-->O resgate -- 19/07/2002 - 15:03 (José Ronald Cavalcante Soares) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Resgate

Ronald Soares*





E se tudo quanto estudei estiver errado ? Se os livros que li, por força de má escolha, tenham arrastado as minhas idéias para metas distantes daquelas que idealizei?

Se o caminho, aquele da encruzilhada de Robert Frost, haja sido desvirtuado e, exatamente por tal razão, fosse o menos palmilhado?(two roads diverged in a wood, and I, I took the one less travelled by)

Se ao invés de verdades, no caminho inverso ao da oração de São Francisco, eu tenha espalhado somente dúvidas?

Tais pensamentos, ultimamente, pululam na minha mente, fazem parte constante dos meus cismares e das minhas mais aguçadas reflexões.

Tenho para mim que tais idéias fluem daquilo que se passa ao derredor de mim, das notícias que a mídia estampa com espalhafato, das dores que fazem sangrar as páginas dos jornais: os crimes, a corrupção, a desfaçatez, a desonestidade, a exploração, o medo, a desestruturação do Estado, o crescimento desenfreado e sem ética das transnacionais, a fome que assola pelos quadrantes dos mundos classificados por ordem: primeiro, terceiro..., etc., (curioso, mas só se fala no primeiro e no terceiro, onde andará o segundo?) , nas delações, nos homicídios banalizados, na prostituição infantil, no trabalho infantil, no desrespeito ao direito e à Constituição, nas medidas provisórias... nos apagões!!!!

Cada Ministro que vem aos jornais e à televisão com aquelas explicações que nada explicam, na verdade, provoca um tumulto nos pensamentos e agudiza a minha crise cultural: será que sou um beócio? Seremos, todos nós, habitantes desta terra “descoberta” por Cabral, um bando de imbecis?

Desde tenra idade que ouço estar o nosso país à beira do abismo...À época, evidentemente, eu não entendia nada porque de abismo, a única idéia que eu tinha era a dos precipícios da serra da Ibiapaba, que eu olhava entre atônito e apavorado, então, eu imaginava , e por mais que a minha imaginação se afoitasse, eu não conseguia visualizar o tamanho desse abismo que ameaçava tragar o nosso país.

Hoje, infelizmente, acho que o Brasil já foi tragado pelo “pélago profundo”(outra expressão curiosa que comecei a ouvir desde os tempos mais remotos da minha consciência das coisas da vida), porque, com o festival privatizante e a dívida que cresce astronomicamente, vendidos estão o nosso hoje, o amanhã e o depois de amanhã, quer dizer, sacrificamos irresponsavelmente os nossos sonhos( o presente que enfrentamos), os sonhos dos nossos filhos(o amanhã que rifamos) e os sonhos dos nossos netos(o depois de amanhã, que nem sequer sabemos se haverá.(“Tomorrow is made of dreams, tomorrow may never come, for all we know”)( O amanhã é feito de sonhos, o amanhã talvez nunca venha, por tudo quanto sabemos) .

Talvez, quem sabe, seja melhor repensarmos tudo, recriarmos o Estado brasileiro a partir de um marco zero, promover uma reengenharia das nossas instituições, para ver se elas adquirem um aspecto real, deixam de ser quimeras e devaneios de alguns poucos e instrumento de tortura e escravidão para tantos outros.

Estamos montados num comboio de privilégios, de concentração de renda, de sonegação das garantias constitucionais que, em louca disparada, sem freios, percorre um túnel escuro e infindável, cuja tripulação enlouquecida faz experiências diabólicas e inesperadas, justificando-as, através do serviço interno de som, com os argumentos mais disparatados...

Passageiro dessa estranha composição, sinto-me sufocado e tolhido na minha liberdade, respiro com dificuldade o ar rarefeito, busco amparo no pensamento dos grandes homens que construíram esta nação...Onde estarão eles? Rui Barbosa, Clóvis Beviláqua, Barbosa Lima Sobrinho...um derradeiro e reparador alento, mas, como está difícil sobreviver!

Os jornais alardeiam mais medidas provisórias, torpedeando desavergonhadamente a estrutura da nossa constituição, a altivez do Congresso, a imparcialidade do Judiciário, a vida pacata do povo...Medida provisória que proíbe o consumidor de usar o seu código. Em que livro, meu Deus, ficou escrito o exemplo maléfico de tal insensatez?

Até quando, Senhor bom Deus, seremos tratados deste modo desrespeitoso, como se fôssemos um bando de animais até mais rudes que os primatas?

No silêncio da manhã de sol, vendo rosas desabrochando sobre uma camada de esterco, olorosas e coloridas, indiferentes ao fétido material que as serviu de berço, encontro a resposta para as minhas angustiosas e doridas indagações: o tempo de Deus diverge do tempo dos homens, paciência um pouco mais, sem desistir da porfia diuturna pela libertação da pátria, sem depositar as armas da inteligência e da perseverança, triunfaremos e resgataremos a nação dos nossos avoengos.





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