A fase final do combalido campeonato carioca de futebol, realizada logo após a conquista do penta mundial pelo Brasil, foi marcada por fatos danosos ao esporte. O jogo entre Bangu e Fluminense (meu time) teve uma ocorrência polêmica, quando o árbitro da partida anulou um gol do Bangu no último minuto do jogo. Com o resultado de empate, o Fluminense adquiriu o direito de disputar a final com o time do Americano. O Bangu entrou com recurso junto ao TJDE (Tribunal de Justiça Desportiva do Estado) solicitando pelo menos a anulação do jogo em questão, provocando nova partida. Uma semana depois o Presidente do TJDE editou e assinou portaria cancelando o recurso do Bangu e dando legalidade ao jogo entre Americano e Fluminense, vencido por este último, que tornou-se campeão estadual de 2002.
Após 10 dias do fato, o Presidente do Bangu descobriu que o mandatário do TJDE não era Presidente desde janeiro de 2002, pois seu mandato terminou em dezembro de 2001! Logo ele não tinha poder legal para assinar nem autorização de compra de papel higiênico!
Mas continuou à frente da entidade como se nada fosse. E agora, numa atitude de reconhecimento de sua ilegalidade, convoca eleições para o cargo, sendo que o eleito, será retroagido a janeiro de 2002. Isto é, vai assumir todas as façanhas do seu antecessor. Não parece piada de patrício?
A bulha está formada. O Presidente Eduardo Viana (caixa d água) da FCF (Federação Carioca de Futebol) está propenso a homologar Fluminense, Americano e Bangu os campeões cariocas de 2002 para abafar a situação e dar fim a esta confusão inusitada. E a imprensa não brada contra uma atitude imoral como esta pois já está acostumada com situações de igual porte, como as papeletas amarelas (Flamengo), roubo da renda de jogo que Eurico Miranda levou para casa (Vasco) e outras dezenas de escândalos que enlameiam a credibilidade do esporte favorito nacional. Por isto nosso esporte (que reflete a situação do país) está rastejando e perdendo adeptos que ainda acreditam que os resultados dos jogos são decididos apenas pelos atletas dentro dos campos.
Num cenário deste quilate, quem vai investir e colocar dinheiro na mão destas peças que comandam nossas federações e clubes? Ainda mais se for necessário recorrer a um tribunal para decidir sobre alguma questão jurídica. Vai que o presidente da entidade julgadora é um sujeito que já encerrou seu ciclo mas continua sentado no trono despachando como se nada tivesse acontecido! Não chega a ser uma surpresa assustadora em nossa terra. Se na área da saúde regularmente sabemos do uso de remédios fora do prazo, na esfera esportiva existir um dirigente com prazo de validade vencida ditando regras torna-se apenas um folclore! Se aqui fosse um país sério, em ambos os casos os fatos terminariam em cadeia.
Haroldo P. Barboza – Matemático, Analista de computador e Poeta – Julho / 2002
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