RAMO PARA A USINA As pedras e as palavras viajam no tempo E nós lêmo-las... Absorvêmo-las Vindas de longínquas montanhas Como se fossem pessoas tatuadas Cegas... Surdas... Mudas... Insensíveis Com mensagens esculpidas nas mãos Flores... Animais... Riscos... Caracteres Sinais que nossos olhos desvendam e sentem. E chegaram aqui sob os abraços da erosão No curso imponente do rio dos lábios Clarins... Fanfarras de antigos sábios Sentimentos... Tormentos... Prazeres E carregam-nos, vergam-nos, amoldam-nos Entregam-nos os ramos floridos de outrora.
E agora... Sim... O que faço agora? É Domingo... Domingo com dois milénios Dois mil e tantos Domingos de História... E recordo-me... Todo limpinho De alvo colarinho e lauto penteado Garboso... Vaidoso... Todo por fora de mim Na mão com um raminho de flores Para minha madrinha e meu padrinho... Hoje não tenho a quem dar Entre os alegres repiques dos sinos O raminho real a exalar doces odores... Ou tenho?! Sim... Ainda tenho... Dizem que é virtual!... Se é... É! Ofereço-o à Usina com íntima fé. Torre da Guia |