Quão estranho...
Os prantos, às vezes, abalam meus pensamentos,
mas eu logo dissipo esses ímpetos.
Seriam, talvés, desnecessários.
É difícil entender e não espero que entedam.
Fico a flutuar e imaginar se você, mãe, está
tão longe assim. Se sim, por quê haveria
de estar escrevendo para você agora? Alguma
vã filosofia imagina?
Nem mesmo eu e meus amores deixam-me
fluir nas discórdias desses tempos...
Mas você sabe, tenho em mim uma certeza
da sua felicidade e da sua libertação.
E você sabe que ainda vive entre nós,
mas de uma forma muito mais plena.
Seu amor encarna em nossos espíritos e o
seu perdão liberta nossas almas.
Anima nossa essência e plurifica nosso amor.
Mas ainda sou pequeno e algumas vezes não entendo.
Mesmo assim me regojizo. Porque todas as noites
você sopra as respotas em meus delírios.
Você dá o sorriso que impulsiona esses quatro que
a matéria quis pra si.
E nem por isso esperarei o dia em que iremos
nos encontrar, pois desde a eternidade somos um,
e já somos e não veremos.
No entanto, desculpa-me. Desculpa-me, você sabe
do que, até mais do que eu. Agora tem em si as
conjugações de todos os tempos. Verbaliza
junto ao ente, à essência.
Sei que com muita dor e paixão, passou a
ex-istir na alma daquilo que excede.
Meu amor lhe ofereço, pois nada de
mais importante reside nesse ser pelo qual é
amada.