Falo muitíssimas vezes com deficientes visuais sobre os seus problemas íntimos. Frequento uma instituíção de cegos onde vou de tempos a tempos recitar poesia.
Um deles, o Tiago Alves, que também adora poesia e é sem dúvida um poeta que vê deveras, disse-me certa vez que tinha a felicidade de num mundo escuro ver azul.
Palavra, esta espontânea revelação deixou-me maravilhado. Na altura dei até um beijo na face do Tiago.
Ora, ver azul de olhos abertos, de facto, não custa mesmo nada. Vê-se! Só que às vezes não é bem azul o que se vê... Trata-se de deficiência visual... Visual?!... Não... O correcto é: Deficiência cerebral propositada. E isso é mesmo muito mau para o deficiente.
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