Você é mesmo demais! E me deixa feliz.
É sempre um prazer ler-te. Teu estilo é solto, agradável.
E essa história de anarquista é só um "disfarce" para esse espírito
"huguiano".
Também curto Victor Hugo... E concordo com tudo o que diz de Quintana.
Juntamente com Vinícius, Drummond, Cecília, Clarice... E tantos outros que
pela arte da palavra,
chegam ao nosso convívio diário, sempre eternos.
Interessante, essa sua afirmação:
"...ficava chateado
por não encontrar, em alguns textos, o que eu queria realmente ler... Não
sei se você entende... Determinados textos não tinham a continuidade que
eu, como leitor, esperava..."
Sabe por quê?
É que a "obra literária" é criada pelo artista, exatamente, sem a intenção
de ter o enredo que o leitor espera. É arte; e como tal, encerrada em seu próprio
contexto.
Creio eu, e ensino sempre isto aos meus pupilos, na escola, que o artista da
palavra, ao escrever, tenta comunicar-se, não com um provável leitor, mas com ele
mesmo, nas paragens insólitas de seu próprio insconsciente. Como você percebeu e
definiu muito bem dizendo que o escritor é um narcisista, no bom sentido.
Pois isso é inerente a todas as artes...
Não sei se já leste este trecho de um poema de Bandeira:
"Eu faço versos como que chora,
de desalento, de desencanto...
Fecha o meu livro se por agora
não tens motivo nenhum de pranto..."
Também Camões:
"Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos
a diversas vontades!................
....................................
Sabei que, segundo o amor tiverdes,
Tereis o entendimento de meus versos!"
Vês?
O próprio poeta desafia o leitor a que, se ele não estiver
sintonizado com sua "interioridade" não poderá viajar
naquilo que ele escreveu...
A obra de arte, qualquer que seja (pintura, escultura...)
não é feita para quem vai vê-la... Ela, simplesmente,
comunica algo que o seu autor viveu, no exato momento em que a estava
criando...
E, como dizem os filósofos, e eu acredito neles:
"Quando passa um vento forte, deixa um emaranhado de folhas,
que se dispõe de determinada forma, no chão...
Minutos após, pode passar outra lufada de vento, mesmo com o chão limpo,
anteriormente daquelas folhas, as que caírem serão outras e formarão um
outro
cenário, uma outra disposição totalmente diferente da anterior..."
O mesmo se dá conosco: a cada minuto que passa, somos diferentes, pois
olhamos
para as coisas de outro ângulo, ou o que está à nossa frente, muda
instantaneamente...
Como diz o nosso Vinícius: "De repente... Não mais que de repente..."
Adorei o "babaca no escritório" *risos*
Tua amizade é um prazer!
Abraços!
Milene
PS. Sobre o chope com o maridão... Quem sabe, um dia?