De facto, Amigo, andei a investigar e cheguei à conclusão que os portugas de pau feito à flor da vista são uns gajos do caraças... Do carago... António... Do carago...
Aquele género de portuga de mão ossuda, bem espalmada, exactamente aquele tipo que imulsionava o anelar até à entrada do antebraço e por aí media a capacidade e o cumprimento com que esburacou milhões de paredes... António.
Portugas do caraças. Estou a lembrar-me do Senhor Silva, o professor de Mindelo, aquele elegante e espadaúdo senhor que esteve largos anos no Brasil e usava chapéu de palhinha e bengala com pega em prata. Aquilo é que era um bigode do caraças, todo arrebitado para cima nas pontas. Que esmero, que porte. Esse portugão dáva-me rebuçados da tosse enquanto olhava todo lambido para as ancas da minha velhota. Sacana de portuga. Quantas vezes vi o gajo a esticar os olhinhos pela gare fora para descortinar um pedacinho de perna boa.
Também me vem à memória os brasileiros portugas da estação. Lembra-se, António, daquele gajão cor de café que jogava a bola pra caraças e se batia pelos de Mindelo como um leão? O Esteves!
Vem-me à memória tanta coisa junta há uns tempos para cá. O meu raciocínio parece um esgoto inesgotável a esgotar as derradeiras gotinhas de senso prático, já que em teoria, eu portuga, também sou um gajão do caraças. Aliás, António, somos uns gajões do caraças... Ah... Ah... Ah...
Bem... Claro... Ao pé destes gajos... Não somos nada... Nada?! Ah... Ah... Ah...
Ai... António, "Quanta luz"... às escuras. Arre!
Um abraço firme.
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