Juan Sotto, de quem já lhes falei algumas vezes, deixou finalmente o nosso país. Arrumou as trouxas, raspou a conta que tinha no Banco, comprou passagens na Varig, até São Paulo e na Lan Chile, de São Paulo a Santiago. Vai morar junto ao mar, olhando para a cordilheira e, junto com sua amada, vai cultivar rosas e tulipas.
Não sei por quanto tempo o seu espírito indômito e irrequieto vai tolerar a nova atividade. Ele gosta de escrever e falar sobre tudo, agora vai ficar com as mãos na terra, procurando fazer brotar coer, perfume e beleza.
Preocupa-me, somente, a vida efêmera das rosas, porque as tulipas, embora caprichosas e nunca tenham desabrochado em meu jardim, são mais resistentes.
Vou ficar com saudade das conversas longas que tivemos. Terei saudades também da Angelita, com suas pinturas e o seu jeito carinhoso de receber.
Nas curvas da vida, entretanto, não há caminhos distantes nem lugares remotos, basta um pouco de imaginação, um dedinho de criatividade...aí o pensamento voa e, com os olhos fechados e alma bem aberta, estaremos carinhosamente abraçando os velhos e queridos amigos.