Simplesmente mais uma carta depressiva em protesto à indiferença imposta pelo mundo...
É interessante notar como as coisas que mais esperamos, que mais fantasiamos decepcionam. Queria conversar, falar de cores, flores. Não recebo uma resposta. Afogo-me em devaneios, que levam-me a longínquos horizontes, que jamais serão vistos como realidade. Entrego-me. E, assim, eles terminam por ocupar um lugar importante no meu constante jogo mental de pensamentos. No entanto, a vida real, dura, não faz mais que me presentear apenas com uma palavra simples, corriqueira, banal. Palavra essa capaz de desmontar qualquer sonho, toda a ilusão. Pouco importam toda a existência imaginária que crio para mim. Embrenho-me tanto nela que ela chega a trazer alegria até. Mas não passa de um contentamento falso, abstrato. A realidade é outra. Infelizmente, ela não me ampara.
Que lamentável quadro! E pq para mim tudo é assim? Talvez a culpa seja minha. Esperar demais de míseras coisas, tão pequenas, provavelmente é muita ingenuidade. Poderia ter sido melhor é claro. Mas está tudo dentro das expectativas. Exigir demais do mundo só traz desesperança. Somos muito pequenos diante de toda essa imensidão e ao mesmo tempo damos uma importância tão grande a nós mesmos... Uma importância exagerada, no meu caso chega a ser doentia. Algo ordinário pode adquirir uma importância enorme... O certo é que quando se tenta fazer alguma coisa pensa-se que receberemos algo a mais que uma mera palavra de conforto. Queremos, pelo menos uma certa, digamos, confraternização. Queremos compartilhar um pouco de nossas expectativas. Seria justo que reduzissem tudo o que imaginamos a uma verdade indiferente e passageira?