Ao longo da minha vida aconteceram uns quantos factuais pormenores que, ao avaliá-los hoje com estreita e rigorosa isenção, se por um lado me deixam absolutamente tranquílo de consciência sobre a ideia que faço do genérico humano no que a incoerência activa concerne, por outra via causam-me confragimento, sensação péssima e desoladora que me penaliza o resto dos dias. Escrevi há duas semanas um texto erótico que titulei de "Aí não... Não...", espécie de chuchadeira irónica sem valor literário, que conta nesta altura com 108 leituras. Em contrapartida, o soneto a seguir inserto, produto de meditação árdua e com construção única em português, mereceu apenas 13 cliques. Ora, em face de tantos usuários se reclamarem agentes de vasta cultura linguística, surpreende-me bastante a incoerência que referencio, pormenorzinho de somenos importância que sem mais delongas explica o sábio fenómeno que me rodeia. Que havemos de fazer ?... Aceitar com vénia e educação este e outros descaros com semelhante cariz?!... É... Pois então não é !... Escritura Versos a 24 Letras = 5 palavras
Poete ou não mera estultícia Palavra por palavra eis aqui Meu coração expresso para ti Em soneto medido com perícia Sonho na distância a carícia Além dos escombros do pecado Que o mundo renega endeusado Mas pratica pleno de malícia Ainda que sofra esta delícia Que sinto inteira a palpitar Segundo a segundo em solidão Nunca sobre mim será notícia Algo que faça algures provar Que traí meu próprio coração Torre da Guia | |