"QUEM NASCE RUIM MORRE RUIM? QUEM NASCE BOM MORRE BOM?"
Essa pergunta me foi feita em relação ao artigo .
Segundo mais recentes informações científicas de análise de caráter, inclusive com gêmeos univitelinos que cresceram separados, uma pessoa, ao nascer, herda próximo da metade de seu caráter, e o resto é formado pelo seu ambiente de convívio. Assim, não podemos dizer simplesmente que quem nasce bom morre bom ou quem nasce mau morre mau.
Mas um indivíduo adulto se converte a uma religião qualquer que prega um monte de coisas. Esse indivíduo às vezes tenta resistir às práticas condenadas pela igreja, receando o inferno infinito que eles prometem aos transgressores de suas doutrinas. Mas, como sabemos, muitos continuam praticando coisas que suas igrejas condenam. Creio que isso deva pesar em suas consciências, mas acho que a vontade é mais forte do que a fé. Quando esse indivíduo tem oportunidade de descarregar sua ira em nome da fé, saiam de perto! Parece que tudo que é reprimido ao longo do tempo se transforma em uma bomba para explodir contra os adversários de suas crenças.
Agora, pensemos naqueles muçulmanos radicais preparados para missões suicidas. Serão eles todos essencialmente maus? Aqueles que seqüestraram os aviões e chocaram-se com as torres, sem pensarem nas crianças inocentes que estariam dentro das torres que destruíram, teriam nascido maus ou se tornado maus pelos seus preparadores? Suas próprias vidas, aprenderam eles que não teriam tanto valor. Um paraíso com um punhado de virgens (isso é gostar de virgem!!!!!) que foi colocado em suas cabeças seria muito melhor do que um mundo dominado por ímpios americanos, ou mesmo por seus mestres muçulmanos.
Os executores católicos da Idade Média, que não sentiam nenhuma pena de queimar uma pessoa aos poucos, seriam extremamente maus, ou estariam simplesmente cumprindo o que criam ser a vontade divina?
E os católicos e protestantes que se matam reciprocamente na Irlanda do Norte? São bons ou são maus? O que justifica suas brutalidades? Seria outra coisa que não a fé?
Por que o deus criador de todas coisas, onipotente, perfeito, justo e bom, vingaria a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e a quarta geração? Não era esse um conceito de justiça formado pelos hebreus? Se Noé teria amaldiçoado Canaã e sua descendência porque seu pai, Cão, rira de sua nudez (de Noé) (Gênesis, 9: 22-27); se Yavé, o deus, teria vingado a transgressão de Salomão tomando o reino do seu filho (I Reis, 11: 34, 35), não seria isso porque Yavé foi criado à imagem e semelhança dos hebreus? O que esse povo tão religioso fazia de bem? Não está registrado que eles matavam todos os vizinhos por ordem de Yavé?
Se o sentimento religioso nunca foi capaz de permitir que uma pessoa sentisse que ofender ou destruir um filho inocente por causa da maldade do pai é uma tremenda injustiça; se um povo escolhido do deus perfeito e bom é capaz de matar homens mulheres, velhos e crianças em nome da fé; Se a igreja criada pelo filho do deus todo poderoso queimava pessoas da forma mais cruel em nome da fé; o que a religião tem de bom?
Assim, quem é mau não pode ficar bom mediante a religião. Se nasceu mau ou ficou mau em decorrência de seu ambiente de formação, isso seria pouco relevante; porque o ambiente religiosos, ante os exemplos aqui citados, nunca pareceu propício para formar bondade e justiça. Uma revista, a Época, publicou uma matéria chamada “caloteiros da fé”, e os referidos ameaçaram com processos; não sei se chegaram a instaurar ação.
Há bons religiosos, assim como há bons ateus. Mas não podemos negar que atitude primitivas e injustas são muito mais defendidas pelas religiões. Não é coisa de ateu, mas religiosos que reconhecem:
“Em nome da fé, os homens muitas vezes cometem absurdos que vão de encontro à moral e à mais simples lógica. A inquisição foi um desses períodos da história da Humanidade em que se pressupunha salvaguardar a fé religiosa de um determinado grupo simplesmente eliminando todas as manifestações contrárias. Para isso, usavam-se todos os meios à disposição, desde a tortura até a morte.” (Visão Espírita, out./98, pág. 56).
Em resposta à pergunta que me foi feita, creio que parte do caráter é genética e parte é ambiental, adquirida. |