Ao longe, quase a perder de vista, ia rapidamente sumindo a sombra da minha alegria.
Então, do jeito que se instalou esta insondável tempestade tropical, surgiu a tristeza que veio acompanhada de uma saudade sufocante que, tal e qual uma bomba de gás lacrimejante, aprontou-me um pranto incontido, provocando espanto em minha companheira de tantas jornadas e que jamais me havia visto chorar daquela forma.
Um deserto sentimental substituiu o jardim que costumava existir diante dos meus olhos.
Mas, aquele estado de alerta jamais desinstalado no meu íntimo, começou a vibrar intensamente, convidando-me a repensar os parâmetros, o rumo, as metas de minha vida.
Estou, portanto, em estado de alerta. Sei que a saudade que eu pensei inicialmente insondável tem explicações personalíssimas e etiologia inteiramente conhecida: a ausência do filho caçula que a minha condição de pai latino não assimila integralmente.
E, além do mais, bateu-me hoje uma nostalgia incurável quando ouvi pelo telefone a vozinha de minha neta, dizendo para a mãe: Mamãe, finalmente, o vovô Ronald!
Aí, lembrei-me do filho primogênito aí no Brasil, cuja voz eu não escuto há quase um mes,minha filha, meus netos, meus pais, também, enfim, minha cidade e meus amigos e o som inconfundível desta nossa maravilhosa língua portuguesa.
Por tais razões e esperanças nunca descartadas, até porque o meu regresso já está ali ao dobrar da esquina, vou contando os dias e já revejo, agora não mais apenas a sombra, mas a minha alegria mesma retornando com muito sol, muita brisa gostosa, muito abraço saudoso, queijo de coalho, café de verdade, paçoca e as coisas gostosas do nosso Brasil, mais precisamente, do nosso Ceará.
Sei que em lá chegando começarei a sentir outras saudades, mas aí já será uma nova história.