LÁ - TÁ - TU !... Em meados de 1991 o meu amigo Francisco Salgado, experiente e conceituado casanova nocturno, convidou-me para transformar "O Jagunço", uma espelunca existente ao cimo da Rua João das Regras, no Porto, num actualizado local de noite e prazer. Ao longo dos oito meses imediatos, trabalhei dia e noite no empreendimento. Planeei, desenhei, serrei, martelei, soldei, pintei, electrifiquei, acolitado por seis elementos, com os quais desde logo também se constituiu a equipa que iria actuar quando enfim a casa abrisse as portas ao público. Logo que chegou a altura de se conceber e construir a nova fachada do estabelecimento, o Chico interpelou-me: - Torre... Que novo nome vamos dar à casa? Ora, o meu amigo, tinha o escorreito hábito, sempre que lhe solicitavam algum favor ou se lhe deparava alguém a engendrar as consabidas historietas de proveito imediato, de replicar com bonanceiro e largo sorriso: "Lá-tá-tu!". Não perdi pois o ensejo de lhe ser agradável e sugeri-lhe: - Oh... Chico... Crê que seria interessante baptizarmos a casa de "Lá-tá-tu". Olha, o "L" será concebido por forma a que a parte superior configure uma mão a fazer cócegas a um pé, na parte inferior da letra. Que dizes? - - Torre... Trata pois de tudo quanto é preciso imediatamente. Vamos a isso. Inclusive cria uma mascote. E tratei... E criei... Criei um pato negro refilão. Sempre que um cliente franqueava a porta da casa, o patareco debruçava-se e proclamava em tom comicamente esganado: "Lá-tá-tu!"... Um êxito. Predispunha agradavelmente a clientela logo à entrada. Lá-tá-tu ! Como me terá surgido na memória esta interessante faceta da minha vida? Lá-tá-tu...Desta feita desagradavelmente, insipidamente, moléstia pegajosa que me adensa a memória recente, plena de lástima e desconsolo. Os astros da vida a rodar no tempo são assim... Lá-tá-tu!... Torre da Guia |