Eu não queria me envolver; nada sentir... Mas, não dá.
Teu olhar num ponto vazio prenunciou-me que algo não ia bem.
Nada indaguei.
Apenas pressentia no ar, nos teus gestos, até em tua forma de falar.
Ah! Vinte anos...
O mundo nas mãos... A vida em flor... Tudo a exalar sonho, magia, vida...
Veio, então, a decepção do primeiro amor. Eu já temia. Coração de mãe nunca se engana!
Hoje, voltaste cedo do encontro. Estranhei, mas nada disse.
Até que, ao recolher-te, chamaste-me, quase por um fio:
"Mãe... Mãe... Meu namoro terminou".
Abraçado a mim, choraste um pranto suave e sentido, como a tentar cicatrizar a ferida que se abria, de repente.
E nesse momento, senti-te pequenino em meus braços buscando consolo.
Queria dizer-te tantas coisas... Que a vida nos reserva risos e prazeres; caminhos obscuros, às vezes... Mas, também, belos amanheceres...
E que na verdade, nunca se perde, só se ganha...
Mas isso tu saberás com o devido tempo. Queria tanto ajudar a diminuir-te a mágoa sofrida, mas não sei como...
Há tantos amores à tua espera...
Que Deus te abençoe, filho meu!