Manhãzinha, na avenida Beira Mar, fazendo a nossa caminhada diária, eu e minha mulher nos deparamos com personagens curiosos, saudamos alguns conhecidos, cumprimentamos uns poucos amigos, recebemos no rosto a brisa matinal e os primeiros raios de sol, além de testemunharmos o quanto é bom para a saúde redescobrir as pernas como meio de locomoção.
Pois bem, podemos falar-lhes de pessoas que aparentam estar de bem com a vida, sempre, pois ao cruzar conosco, invariavelmente,nos dedicam um solene e cortês B O M D I A !
O que mais inmpressiona, numa delas, por sinal sumida nos últimos meses, é que além do Bom Dia, um ritual acompanha a saudação, uma torcida no pescoço, uma espécie de guinada, uma mesura, talvez, que a gente fica a pensar se, ao final do persurso, não ficaria ela com torcicolo ou algo assim.
Todavia, a pessoa que mais nos chama a atenção, sem a menor dúvida, é o "homem dos gatos".
No Mucuripe, próximo aos barcos da colônia de pescadores, existe uma quantidade razoável de gatos. Pois bem, o homem dos gatos tem a pachorra de ir até lá, portando um saco de peles e garrafinhas de leite. Quando se aproxima, a gataria toda se assanha e vai correndo atrás dele. Ele lava umas vasilhas que ficam guardadas sob um barco, põe água fresca, leite e as peles para o banquete dos felinos da Beira Mar.
E eu fico imaginando que aqueles gatos de rua, melhor dizendo, de praia, têm muita sorte, pois existe alguém que com eles se preocupa, tras alimento, água e cuidados especiais.
Próximo dali, em brincadeiras agressivas e sem a mesma sorte, garotos de rua estragam a sua juventude no vício e na rota batida para a marginalidade.
Assim caminha a humanidade!