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Cartas-->Ao amigo Jorge Sales -- 20/08/2003 - 11:00 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Companheiro Jorge Sales, obrigado pela mensagem de solidariedade. Quanto à avaliação que faço do governo Lula, quero dizer que, assim como a grande maioria dos que votaram em Lula, estou decepcionado com algumas das ações do governo federal.

Também sou funcionário público e serei afetado pela reforma da previdência. Na regra atual, eu trabalharia até os 53 anos, visto que comecei no serviço público com 18 anos. Agora, para cumprir o requisito da idade, terei que trabalhar até 60 anos, ou seja, 42 anos de serviço público. Quero crer que ainda haverá alterações nas regras de transição que permitam trabalhadores como eu se aposentarem com os 35 anos de trabalho, com proventos integrais. Aliás esse é outro ponto crítico. Descontar de quem se aposenta, exatamente quando o dinheiro é mais necessário, é no mínimo falta de sensibilidade a quem tantos anos serviu ao país. E não falo apenas em relação aos servidores públicos. Defendo uma previdência única para todos os trabalhadores, sem privilégios nababescos, mas com alguns que permitam aos trabalhadores ter alguma segurança nos anos que se seguem à aposentadoria.

Muitos associam a palavra privilégio com algo ilegal, imoral, indevido. Há pessoas que fazem jus aos privilégios que gozam em razão das características das funções que exercem. Há outros privilégios que são, de fato, imorais, que nada têm a ver com o fato citado a pouco, mas com artifícios usados por categorias em causa própria, como os membros do judiciário e do próprio legislativo.

Sou funcionário do executivo estadual do Pará. Meu salário está há oito anos sem reajuste. Enquanto isso, todos os anos os magistrados têm reajustes, e os deputados, vereadores, igualmente aumentam seus vencimentos com base no que lhes permite a lei. Além desses há outros marajás no serviço público beneficiados por leis graciosas que permitem seus salários alcançarem cifras fabulosas. Porém, a imensa maioria dos servidores públicos, federais, estaduais e municipais, ganha o salário mínimo ou um pouco mais que isso.

Não são esses trabalhadores, portanto, os culpados pelo rombo na previdência e não é retirando deles conquistas históricas que o governo Lula irá resolver o déficit previdenciário. Seria muito bom que Lula tivesse coragem de acabar com os privilégios não apenas de algumas categorias funcionais, como também atacasse aqueles que sonegam impostos, lucram com a ciranda financeira, com os juros exorbitantes, renegociasse os juros da dívida externa e os prazos de pagamento, aumentasse a carga tributária para as grandes empresas e grandes fortunas. Isso não é fruto de uma visão ideologizada de mundo; é uma constatação óbvia: não se pode exigir nem tirar muito de quem tem pouco, e pouco de quem tem bastante. Infelizmente, até o momento, tem sido essa a marca do governo Lula.

Todavia, como não costume colocar a carroça diante dos bois, penso ser preciso esperar um pouco mais, deixar que a poeira sente, e os sentimos de decepção também diminuam, para que os efeitos não somente da reforma previdenciária como das demais possam se refletir mais claramente no horizonte de nosso país, e espero, sinceramente, que, apesar das frustrações, o governo Lula consiga realizar um pouco daquilo que tanto todos nós por tanto tempo esperamos. Afinal, muito do que hoje julgamos injusto pode se revelar no futuro como algo necessário para o bem de todos os brasileiros.
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