francisco miguel de moura
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Teresina, 6 de novembro de 2002.
Prezada Amiga
Dalila Teles Veras,
Recebi sua carta de (?) junho do corrente ano e o livro “À JANELA DOS DIAS”. Estava deixando sentar a poeira das eleições, graças a Deus e ao povo que compreendeu embora um pouco tarde, com a vitória de Welington Dias aqui e Lula lá (em cima).
Claro, já havia lido o livro, não apenas uma vez, mas não tinha o corpo na poesia, embora sempre o coração e a cabeça estejam. Não é necessário dizer da alegria de encontrá-la de corpo inteiro, num livro que pretende ser sua poesia escolhida (até agora). Por isto, a releitura. Quero dizer as minúcias num artigo para o jornal. Por enquanto vão as impressões gerais.
Apenas um alerta sobre o formalismo exacerbado, o que é uma constante da poesia dos paulistas, e nem sempre é a poesia dos nordestinos e nortistas. Vejamos João Cabral de Melo Neto, vejamos Ferreira Gullar, para falar apenas nos de hoje. Não existe uma linguagem especial, exclusiva só para a poesia, se houvesse o poema ficaria impenetrável, diz, por outras palavras, Octávio Paz.
Mas não continuemos com teorias, embora que bem práticas, pois você dá um aviso embora que no final do volume. Não vamos escarafunchar as razões psicológicas de tal aviso por enquanto, pois queremos ressaltar seus poemas pequenos (não menores), entre os quais: “Morte Anunciada” “ Percebeu / :a marcha indiferente do tempo / portadora de anúncios / fúnebres e indesejáveis // Fez de ambos / (morte e tempo) / motivos para a poesia.” (Gostaria que você atentasse para o adjetivo indesejáveis, não estaria sobrando? Leia o poema sem ele.
Da mesma forma como você não gosta da poesia chamada concreta, eu também não gosto da prosa poética ou do poema em prosa, mas resepeito e vou olhar a sua com bons olhos. Aliás, lá há umas peças que se poderia dizer excelentes.
Seu livro vale a pena. Está belo, estrutural e materialmente. Você merece figurar entre os melhores poetas de hoje, em São Paulo e no Brasil. Parabéns.
Mando-lhe a revista “Poesia para todos”, uma boa pedida, onde encontrará alguns poemas meus e a comemoração do centenário de nascimento de Cecília Meireles. Este ano, no Piauí, comemoramos o centenário de Drummond em grande estilo, fiz uma conferência no Museu, onde foram expostos vários poemas, saímos na mídia, pra que saibam do que estávamos fazendo.
Depois escreverei, e publicado, mandarei o artigo.