O espaço nos jornais cada vez mais diminui, colocando a crítica e a literatura como uma atividade quase proibida.
Como é que os leitores vão gostar de poesia, conto, novela e crônica, ensaio e crítica, se não encontram onde ler no dia-a-dia?
Não sei se foi por sentir essa dificuldade que o nosso escritor Mário de Andrade, do Modernismo, autor de “Macunaíma”, fez um trabalho didático da literatura através de sua correspondência. Como é interessante lê-la!
Vou apelar para o expediente, pois não agüento mais escrever artigos de uma página datilografada para caber no espaço a que me é destinado. Mal acabo de expor o assunto, o papel já terminou. E como é que vou concluí-lo?
O assunto a comentar é que a literatura e os literatos estão indo para os “guetos”, como se fosse imoral escrever poemas ou então inventar personagens fictícios e tecer uma história.
Hoje tudo é jornalismo. Tudo é rápido, telegráfico. Ninguém sabe de onde vem nem para onde vai.
Há a Internet, já pensei em construir um sítio, com meus artigos e livros inéditos, mas não acredito ainda nisto. Poucos têm computador, menos ainda possuem condições de pagar um provedor na Internet. Daí, como é que fica? Colocar nesses sítios terríveis como o www.usinadeletras.com.br onde você passa um anos para ser lido por 10 consulentes é desalentador.
Publicar livro está muito caro, pior ainda é distribuí-los. São pesados e caros, nem compensa o trabalho de distribuição.
Por falar em livros, tenho dois novos lançamentos, um de contos, “Rebelião das Almas”, outro de poemas, “Sonetos Escolhidos”. Este última saiu com alguns defeitos de impressão e revisão. O outro, nem tanto. O lançamento do primeiro está marcado para 9 de agosto, na Academia Piauiense de Letras. O outro vai ser apresentado no Conselho Estadual de Cultura, mas ainda não tem prazo marcado.
Estou mandando dois artigos inéditos, um editado pelo “Correio do Sul”, sobre o poeta Eugênio de Andrade, a revista “De Repente”, com os versos populares sobre “Miguel Militão”. A outra parte do artigo onde você transcreve folheto de cordel sobre o “incêndio das Torres Gêmeas do Worl Trade Center” deverá ser publicado no novo número da revista mencionada.
Devolvo-lhe também os selos da última carta, para coleção de seu filho.
No mais, tudo aqui correndo em paz, todos nós com saúde como a idade permite. Por isto, no começo do mês de julho vamos às férias na praia de Luís Correia, visto que minha filha de 9 anos, Mecinha, está de férias no Colégio. E temos que aproveitar bem o tempo disponível. Lá temos uma casinha de praia que só nos dá trabalho. Por isto vamos tirar-lhe o descontos.
Gostaria de saber como vão as atividades literárias por aí, Lisboa e Porto, de sua saúde e de seus familiares, enfim, notícias suas.
Com o abraço fraterno de