Como um anônimo vive me enviando agressões por e-mails sobre meus escritos, hoje pus na busca o nome “Freitas”, encontrando três cartas, uma muito agradável, que já conhecida e duas já editadas há quase um mês, cujos autores ficaram bem irritados com meus artigos antitabagistas. A você dois estou expondo as minhas razões.
Uma disse que desconhece “os motivos” que me levam a “odiar o fumo”.
Para saber basta ler o artigo que publiquei na Usina de Letras hoje, extraído do meu livro digital “Drogas? Você Decide”, intitulado “POR QUE DETESTO TANTO O CIGARRO”.
Todo "ser" fumante sabe que o uso do cigarro tem seu lado ruim mas nada há que dê mais prazer do que uma boa baforada. Para alguns o cigarro é companheiro, é bálsamo nos momentos de sofrimento e indispensável nos momentos de criação.”
Segundo informações científicas e de pessoas que foram viciadas e deixaram o vício, passando a sentir a diferença, “O fumante, após se entregar ao vício por circunstâncias injustas ou motivos enganosos, tem que fumar, e cada vez mais, não para receber as pequenas compensações oferecidas pelas outras drogas, mas para mitigar o sofrimento decorrente da falta de seus venenos, pagando caro por esse alívio.” O prazer que o fumante sente ao fumar é o mesmo de uma pessoas que, estando em um ambiente com um calor de mais de cinqüenta graus, consegue passar para um onde a temperatura pouco passa dos trinta graus. O que se conhece é que a maioria dos fumantes não consegue raciocinar direito sem um cigarro. Mas, se fosse o cigarro que ajudasse o raciocínio, os não-fumantes teriam pouca inteligência, ao contrário do que tenho observado nos concursos públicos. O que ocorre é que a nicotina ocupa o lugar de certos neurotransmissores, tornando o cérebro ineficiente quando ela não está presente. Mas a pessoa que nunca fumar terá sempre a facilidade de raciocinar que o fumante só tem quando fuma.
A mesma pessoa afirma ter idade bem avançada e ter boa saúde e ser fumante. Pode considerar-se, como disse, “um fenômeno”; pois é pequeníssima a percentagem de fumantes que chega a uma idade avançada com boa saúde.
Da mesma forma, como vocês justificam o hábito com algumas exceções, já ouvi pessoa dizer: -- “Não adianta fazer cultura física. A fulana não faz nenhuma ginástica e come de tudo e tem aquele corpinho lindo” --.
Semelhante consideração pode levar a se opor a qualquer prova científica em favor de qualquer hábito, por mais nocivo que seja.
Poderíamos dizer também:
O estresse, a tensão, as preocupações não abalam a saúde como se afirma. Se assim fosse, um homem como Nelson Mandela, que viveu anos de luta contra o Apartheid e mais 27 anos na prisão, não teria saído vivo e com a disposição de se tornar o presidente de seu país; Yasser Arafat, que não se pode afirmar ter levado uma vida tranqüila e despreocupada comandando a OLP, já ter-se-ia sucumbido há anos; Sandan Hussein, com a oposição de boa parte do mundo, será que vive sem preocupações e aborrecimentos, para se manter tão saudável por todo esse tempo. Outros exemplos excepcionais poder-se-iam apresentar. Aí está o perigo de se orientar pelas exceções.
Você pode até conhecer dois ou três fumantes em boa forma em idade avançada; outros dois ou três não-fumantes que sofram de impotência sexual. Mas seria motivos para desconsiderar uma pesquisa estatística americana que, em um grupo de impotentes, encontrou 81% de fumantes (Vida Integral, maio de 1992, pág. 18)? Se levarmos em consideração que menos de vinte por cento da população fuma, não há como negar que o tabaco seja a maior causa de impotência que se conhece. Caso houvesse o mesmo número de fumantes, mais de noventa e oito por cento dos impotentes estariam entre eles. Se as estatísticas mostram que mais de noventa por cento dos cânceres de pulmão ocorrem entre esses menos de 20% da população, bem como a maioria dos infartos e derrames, não será um ou dois ou três casos isolados que vão convencer alguém que pensar bem racionalmente de que o vício não é extremamente nocivo. “Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), registrados pelo Ministério da Saúde no ano passado” (1995 “dão conta de que o cigarro causa mais mortes prematuras que a soma das mortes causadas por Aids, Coca, Heroína, álcool, incêndios, acidentes de automóveis e suicídios” (Jornal Pampulha, 16 a 22/11/96, pág. 7).
Muitas pessoas que bebem conseguem viver muito. O álcool, em pequena quantidade, pode até fazer bem. Mas não resta dúvida de que o alcoolismo é destrutivo. O tabaco, por seu lado, em qualquer dose, por mínima que seja, é prejudicial e exige aumento constante, sendo a droga que mais vicia.
Argumentar contra a realidade como se mostrou acima é como afirmar que não se corre risco de vida em uma guerra, tendo por base a existência de alguns sobreviventes ao lado dos milhares de mortos.
“teremos dia certo para partir” . Eu penso de forma diferente, pelas razões expostas em “OS QUE CRÊEM EM UM DESTINO DESMENTEM A SI PRÓPRIOS”. É conclusão científica que umas pessoas nascem com maior perspectiva de vida do que outras. Mas os mesmos cientistas não duvidam de que a quantidade e a qualidade da vida depende muito mais do nosso comportamento do que da predisposição genética.
“A prática do respeito, esta sim deve ser propagada...” Concordo que devemos incentivar o respeito. Mas, ao contrário do significado dessa construção gramatical, não acho que tenha cometido desrespeito aos fumantes ao publicar os dados científicos de que disponho e os argumentos expendidos contra as drogas. Agora, que grande parte dos fumantes só respeitam o direito das outras pessoas diante das leis restritivas, e muitos não respeitam as leis a não ser sob ameaça, ninguém pode negar.
Encontrei na segunda carta: “a maioria das celebridades citadas neles morreram com mais de sessenta anos.” Na realidade nem todos que cito com exemplo morreram antes dos sessenta anos, mas a maioria foi para a “terra de marlboro” bem antes dessa idade, alguns até com trinta e poucos anos.
“Os carros”. Não se pode negar que os veículos automotores têm o seu lado mau, como muitas outras coisas; mas o lado bom o supera em muito. Eu gostaria de me ver livre do barulho e do ar poluído e já me escapei de vários acidentes; sei que poderia até já ter morrido há muitos anos por tal causa. Mas usar coisas destrutivas contra mim mesmo só pelo risco que corro de ser atropelado ou mesmo se atingido por uma bala perdida é coisa que jamais faço. Nunca fui de ir ao extremo, mas analiso as vantagens e desvantagens de uma coisa para ver se tela traz alguma compensação. Mas fumar, ainda que não prejudicasse a saúde, eu nunca faria, porque não gosto de mau cheiro. Como até bastante carne, inclusive feijoada, mas procuro também outros alimentos que ajudam a eliminar as toxinas dos alimentos animais, possibilitando aproveitar bem os seus elementos saudáveis. Eu escrevo sobre as drogas, não para prejudicar os viciados, mas para tentar conscientizá-los de que estão se autodestruindo. No caso do cigarro, levo em conta o meu lado também, porque muitas vezes me sinto obrigado a sair de um lugar para outro por ter alguém fumando no local e isso agride muito minhas células olfativas além dos venenos que estaria respirando se ficasse parado. Se já respiro algum dióxido de carbono lançado no ar pelos motores dos veículos, é bem melhor que não adicione a ele monóxido e outros milhares de componentes piores do que os resíduos dos combustíveis (dos males o menor).
No livro “A FONTE DA JUVENTUDE”, que decidi escrever após tantas pessoas se admirarem de aos quarenta e três anos eu me aparentar tão mais jovem e ter excelente capacidade física, eu menciono dez fatores principais da longevidade e boa forma, sendo que apenas um deles é manter distância das drogas.
Estou publicando hoje “OS EFEITOS DO CIGARRO EM CADA CANTINHO DO SEU CORPO”.
Um dos cartazes que fiz a pedido do juiz presidente da Junta onde eu trabalhava antes de ser oficial de justiça, diz:
“O álcool é prejudicial à saúde do alcoólatra. Entretanto, se você não se importa com isso, beba à vontade quando quiser. O cigarro, porém, ultrapassa as fronteiras do seu organismo, prejudicando aos outros. Portanto, para o bem de todos, não fume neste ambiente.” Em outro lugar, eu modifique, dizendo: “... para o bem de todos, vá fumar em sua casa, e não envenene o ambiente público”.
Por muito tempo, os governantes não se preocuparam com o sofrimento das pessoas que são obrigadas a conviver com fumantes no ambiente de trabalho. A droga traz um volume enorme de impostos aos cofres públicos. Mas, depois que se verificou que o dinheiro gasto com as doenças causadas pelo tabagismo é duas vezes maior do que o arrecadado em impostos, a situação mudou. Hoje há leis proibindo fumar em ambiente de trabalho, há grandes restrições às propagandas de cigarro e tendem só a aumentar. Nisso fica claro que pouco há de humanitário e muito de econômico no combate ao vício. Eu gosto de contribuir na conscientização do povo sobre os males do vício, por duas razões: uma, sinto-me bem quando posso fazer o bem, outras sinto-me mal quando há fumaça de cigarro no ambiente, preferindo ficar próximo ao escapamento de um veículo a ficar junto de um fumante.
Desculpem-me se depreciei muito o seu vício, mas o que tenho feito tem ajudado muita gente a se libertar dessa prática, que consegui comentar com um pouco de humor em “A OBRA PRIMA DO DIABO – A LENDA DAS DROGAS”.