Dizem?... Pois dizem... Dizem tão só o que ouvem antanho dizer... E riem-se, riem-se muito, mas esquecem-se que perderam de todo o esbelto riso da criança que já foram, um dos dois únicos seres vivos que ri francamente: a criança ri-se do palhaço e o palhaço ri-se de si mesmo em face da criança.
Neste preciso momento estou a rir-me interiormente, mas algo me dói na ponta do sorriso que me toca a consciência, ponta acerada que se espeta no alvo fucral da minha condição humana. Todavia, quem não constata que a humanidade está ainda muito aquém da teoria que instituiu para si própria? Os humanos ainda continuam imparavelmente a predar-se uns aos outros e, pasme-se, reconhecem isso...
Rir-me agora... Destroça-me... Arrasa o meu ideal da existência que já não tenho tempo para lograr vivo...
António Torre da Guia |