A Usina de Letras é uma cidade!... Ao cair de 2003, alguém duvida desta afirmação?
Inevitavelmente, tal como na vida real se instituiu na mais antiga e durável das profissões de quantas o humano tem e inventou, também na Usina a prostituíção virtual se implanta e encrosta no seio das letras usinais, apoiada por pseudo intelectuais integralmente forjados entre as migalhas bolorentas dos forros bafientos nos bolsos de meu trisavô.
A camareira-mor, "sui-generis" exemplar moldado à sombra dos esconsos portais do século XIX, acobertada sob moralidade que deveras não pratica, não se coíbe de "afirmar-e-negar" que vai para a cama com ilustres fidalgos que logo lança pela janela com o rótulo de vagabundos.
Qual é o próximo fidalgo que se segue? Os vagabundos "sabem-e-não-sabem". Tudo em antes corre o risco de ser depois, e é essa a tragédia que amarra ao silêncio os pobres diabos que se esbarram nas esquinas e adormecem extenuanos a bocejar o sonho com a cabeça encostada a um copo vazio. Entretanto, a camareira virtual, com as sevadas letras na bandeja dourada, espalha a confusão ideal entre os clientes que vão entrando.
As duas portas de "vai-e-vem" chiam como música fúnebre à entrada de um cemitério, enquanto a morte do sonho se perfuma com negros odores e gáudio radical. No meio da sala, ao sabor do fumo que navega à procura das narinas dos incautos, pende do tecto um letreiro sempre às voltas para melhor ser visto e estar ao alcance de toda a clientela: "Cada vez gosto mais de ti...".
E assim, ainda sem burilado final, vai começar meu próximo livro.
António Torre da Guia
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