FRANCISCO MIGUEL DE MOURA
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64049-650 – Teresina, PI
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Teresina, 11 de outubro de 2003
Prezado Amigo
Edson Guedes de Morais
A/c. da Editora Guararapes – EGM
Jaboatão – PE
Não sabe você, amigo, a surpresa que me fez com a sua série “Portafólio”, escolhendo-me para participar dela. Sua generosidade só tem limites onde encontra o limite do homem. Mas, dentro dessa limitação, podemos dizer que sua bondade é incalculável. Tudo o que posso dizer-lhe é: muito obrigado, de coração, mente e espírito. E, depois, saber se você pode reproduzir meus “40 SONETOS” e em quantas cópias. Estou disposto a pagá-las. Basta que me diga quanto custa uma, para que possa me preparar financeiramente.
Gostei demais dos seus diagramas, pentagramas, hexagramas, plurigramas, nomes que só seriam corretos se estendêssemos às significações e ao número de palavras contidas, pois formam alguns versos curtos de nomes justapostos. Creio que a poesia chinesa e talvez a japonesa antigas fizeram isto e ainda fazem. Você a faz de forma simples e ao mesmo tempo tão complexa que, em alguns casos, não cheguei a compreender. Só depois de algumas tentativas é que os fui decifrando. Isto mostra, então, que você, em seus trabalhos reunidos neste “Portafólio”, é um poeta que sente e pensa ao mesmo tempo, além da beleza que procura levar aos olhos do leitor.
Valeu e valeu muito! Que Deus lhe dê muita saúde e muita alegria, para que possa levar avante o sonho de fazer poemas e editá-los, para alegria dos leitores e principalmente dos poetas de todo esse Brasil enorme de bons poetas.
Caso você tope reproduzir meus “40 SONETOS”, peço que apenas complete o verso final do soneto “Contemplando”, pg. 7:
Que palhaçada! Já não posso rir.
Saber que alguém gosta do que a gente fez, em arte, é mais do que delicioso, é uma sensação divina. Estou em estado de graça, principalmente porque esse alguém é Edson Guedes de Morais, que tem uma sabedoria e um tino acima do limite comum.
Poeta e contista Edson Guedes de Morais, quando estou assim, fico bestificado, tonto, não raciocino bem. Portanto vou parar por aqui mesmo. Depois conversaremos mais. E, por favor, me desculpe não lhe ter feito um telefonema imediatamente. É que tenho andado numa correria tão grande, além da doença e deste calor infernal. Não sei se você sabe, tenho uma filha de nove anos e preciso acompanhá-la nas suas lições de casa, deixá-la no colégio, entre outras coisas.
Por último, também lhe comunico que estou satisfeito com o romance que acabo de escrever, já mandei até formatá-lo, ficou no ponto de publicar, o tempo é que não sei quando. “D. XICOTE” é o título, assim mesmo com X, lembrando o velho amigo escritor/poeta João Felício dos Santos, falecido há uns poucos anos, mas depois de me dar o prefácio ao romance premiado “Laços de Poder”. Ele só escrevia meu nome com X = XICO, em homenagem a sua “Xica da Silva”.
Por último: possivelmente, no começo do próximo ano, irei a Recife, e aí podemos nos conhecer pessoalmente, o que será outra alegria.
Aguardo suas notícias, suas considerações sobre tudo o que falei, e envio um abraço do tamanho de nossa amizade.