Primeiramente, peço-lhe mil e um desculpas por não ter respondido sua carta há mais tempo. Não foi desatenção, garanto-lhe.
Segundo, conto-lhe algumas das minhas razões:
Quando ela chegou (é datada de 24 de julho do corrente), eu estava envolvido com a construção e escrita do meu quarto romance, denominado “D. Xicote”, terminado agora. Creio que meu esforço valeu a pena, pois as pessoas que leram o original acharam formidável.
Além disto, minha vida e muito cheia, movimentada. Não sei se você se lembra, sou casado e tenho uma filha de 9 anos, já na minha idade pesa um pouco. Tenho que levá-la ao colégio e trazê-la de volta, e mais: devo acompanhar seus trabalhos (tarefas) de casa.
Agora passarei a ler e reler seus contos com vagar. Não me é fácil, pois meu espanhol ainda é fraco, tenho que de vez em quando consultar o dicionário, e isto toma tempo e paciência
Porém, de uma coisa estou certo: vou traduzir seu conto “Disparo”. Ele é curto, tendo assim o perfil da revista “Literatura”, do Nilto Maciel, onde deveremos publicar.
Você me pede seu endereço. NILTO MACIEL, mudou-se. Agora é este: Rua Haroldo Torres, 1111, Bloco A, apto.101 – Bairro Monte Castelo, Fortaleza – CE, Brasil – CEP: 60357 –100, onde a revista “Literatura” está sendo editada.
Que posso dizer-lhe dos seus contos, seu estilo?
Acho-os muito densos, fortes mesmo. Você caracteriza as personagens com perfeição, além de mostrar o cotidiano nos seus detalhes, nas suas minúcias e sutilezas. Seu estilo é superior, luminoso, coerente com os preceitos da arte, sem para tanto parecer que o é. Citaria entre os melhores do sua obra, “El caballo y las vocês” (que dá título ao livro), “Disparo” e “Desnuda entre rieles”, este último já traduzido por mim e publicado na revista “Literatura”, de Brasília – DF.
Você merece bem o nome de contista, pois realiza um trabalho talentoso, com paixão e luminosidade, embora com a mão na consciência e naquilo que a arte possui de mais eterno, a forma.
Parabéns.
Observação: No meu livro de “Sonetos Escolhidos”, agora enviado, há a tradução de um soneto de uma poetisa cubana, creio que daí de Matanzas. Gostaria que o lesse, assim como o meu volume de contos, que denominei de
“Rebelião das Almas”.
Diga-me alguma coisa sobre meus trabalhos.
Aguardo suas notícias e comentários.
Afetuosas saudações de