Não sei se a denominação de "mestre" é apropriada.
Na labuta de professor, às vezes, mais aprendemos do que ensinamos.
Saímos da universidade,
jovens ainda,
no alvorecer do intelecto,
cheios de idealismos
e ideais...
Julgando-nos os "tais"...
No entanto, o dia-a-dia nos mostra que somos seres tão inacabados, mesquinhos,
com tanto a aprender.
Muito mais com as pequenas coisas
do que propriamente nos livros.
Seguimos um caminho de esplêndidas maravilhas!
Lembro-me hoje de minha primeira turma: estava eu, ainda, no terceiro ano da faculdade de letras... Eram iniciantes do ginasial e tinham entre dez e doze aninhos... E eu jorrava carinho e entusiasmo por todos os poros. A alma, sequiosa de se mostrar, palpitava nos toques mágicos do coração.
Aquela primeira aula foi um sucesso!
Lembro-me do texto que levei para interpretação:
"Armas, num galho de árvore, o alçapão
E em breve, uma avezinha descuidada
Batendo as asas, cai na escravidão..."
Falei de:
Liberdade
Amor
Compreensão
Empatia
Ao final de minha "primeira aula" pedi que se fizesse uma representação do que foi assimilado.
E uma lembrança "viva" que me acompanha por todos os anos foi a de uma resposta de um aluno miudinho:
"Professora, ao chegar a casa, vou soltar o passarinho da gaiola e jogar fora o alçapão..."
Naquele momento, ficou confirmado para mim o valor de minha vocação...