Sr. Reichenbach,
Começo a entender a razão de tantas listas sobre os sites preferidos e sobre os melhores DVD’s no mercado.
Quem nunca foi criança, e ao abrir os presentes de natal, sentia uma urgência em usar-los todos ao mesmo tempo, sem dedicar-se inteiramente a nenhum em especial.
Aquela vontade de usar todos os brinquedos sem gastar-los realmente. Uma vontade incontrolável de morrer brincando até a manhã do dia seguinte, ou de dormir mais cedo, a fim de acordar também cedo, para desfrutar de todos os presentes de natal.
O único momento ruim é aquele em que percebe-se que o presente não era realmente o que você queria, e o mesmo, possui alguma diferença imperceptível para o Papai Noel, mas basicamente fundamental pra você.
Comigo foi com uma escrivaninha com gavetas que pedi ao Papai Noel, e ganhei apenas uma mesa quadrada e sem gavetas... Que decepção!
Hoje em dia, os brinquedos preferidos, são mais refinados, e ao invés de playmobil e lego, falcon e os comandos em ação, atari e odissey, temos internet, playstation e DVD.
Ainda ficamos como crianças, adormecidas dentro de cada um de nós, assim que encontramos algum site novo, uma nova mania em vídeo game, ou algum filme interessante que nunca mais tivemos a oportunidade de ver. Entramos em paranóia, e como as crianças de outrora, queremos tudo ao mesmo tempo, agora.
Por isso, como crianças que um dia fomos, enlouquecemos a ponto de vivermos para isso e aquilo outro. Seja na forma de um novo DVD, um site interessante, ou algum simulador imperdível, que sempre sonhamos quando crianças, mas que a tecnologia não alcançou, e que o tempo não foi suficiente.
Sentimos nosso envelhecer precoce, e fazemos de tudo para continuarmos, a todo custo, com nossa síndrome de Peter Pan, seja no DVD, no playstation, ou na internet. E ainda assim, sofremos com muito pesar, que algum dia o homem fará viagens turísticas no espaço, e nós estaremos velhos demais pra tudo isso...
A propósito; O Inquilino é de Roman Polanski e não de Stanley Kubrick, como estava descrito em sua crônica, ou quem sabe; pesquisa subterrânea e underground.
Grande abraço,
Bruno Freitas.
[comentário sobre crônica de Carlos Reichenbach publicada no site http://www.cineclick.com.br]