João... Acabei de contemplar o excelente quadro antitabágico que acaba de expor. Estou de acordo com tudo que seja para o bem dos outros desde que a mim não me faça mal.
Ah... Que bela gajona com os miúdos à mostra. Só consigo olhar para a base e contornos que sustentam o todo. Aiiiiiiiiiiiii...
Bem... João... Eu fumo desde os sete anos. Aos onze, meu pai lixado e relixado com o mau cheiro que eu frequentemente exalava, zás, perdeu a cabeça, conduziu-me à borda da sanita e fez uma espécie de "fez-que-fez-mas-não-fez" para me assustar. Arremeteu sempre com o possível e o impossível para me arredar do vício do tabaco.
Ena, João, enfim, quando completei os meus 21 anos, no dia de meu aniversário, meu pai ofereceu-me uma bonita caixa tabaqueira com um volume de cigarros Camel lá dentro. Oh... Saíram-me duas lágrimas, uma atrás da outra. Senti o imenso esplendor que me anunciava o fim de uma renhida luta que durou 14 anos em permanente liça.
Ah... Ai-ai... Que lindo rosto esta gajeta tem. Nem sei o que me apetecia fazer. Que sorriso, que colorido. Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.
A terminar... João... Fumo pois há 57 anos consecutivos. Salto, pulo, danço, corro por desporto amador, em conjunto com uns velhotes cá da minha rua, 30 e 40 kms todos os meses. Tou aqui que nem pero duro a travar quanto posso o engelho epidérmico.
Bem... Nem que tenha de subir como pássaro para um galho de árvore, estou condenado a fumar até ao derradeiro dia.
Amigos... Se algo em fé
Vos der quando eu morrer
Para me honrar o desgarro...
Oh... Vós todos ali de pé
Se a minha alma merecer
Dai-lhe aceso um bom cigarro!...
Aiii... Mas que mulher... De mulheres e cigarros... Gosto... Gosto... Gosto... E que se lixe a sida e os catarros.
António Torre da Guia
PS = Mas que gajinha... João. Já imaginou... Logo a seguir ao delicioso embaraço... Um cigarrinho fumado muito tranquilamente? Aiiiiiiiiiii...
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