Após experiência consecutiva e regular de dois anos na Usina, viesse Deus à Terra ou fosse o Diabo ao céu, é óbvio que jamais participaria de qualquer colectivo literário onde não soubesse de antemão quem eram os autores com quem me emparceiraria, e não seria pelo esplendor ou pela modéstia das teclas que colocaria entrave à minha inclusão. O óbice também nada tem a ver com Deus e Diabo, com Brasil e Portugal, com Direita e Esquerda, com Preto e Branco.

Tem sim e tão só a ver com um facto muito simples e, presumo, nunca dantes assumido: é que eu sou sem mais um simples Animal e não aceito de forma alguma, renegando a minha essencial condição, misturar-me com Pessoas.

Por consequência, lamento bastante, por exemplo, expressar um "não" ao Ricardo Oliveira, a quem naturalmente noutra qualquer situação me inclinaria a dizer "sim". Eu, que tanto tendi a aspirar às coisas lindas do Brasil, em face do vomencial engulho que aqui se me deparou, não quero, em rigor absoluto, nada do colectivo usineiro, tal como não quereria coisa alguma da SPA se tal como aqui fosse tratado assim.

Os Animais suportam pacientemente tudo até ao limite, mas não gostam deveras das Pessoas que gratuita e estupidamente os maltratam. Dê pois para onde der, eu Animal, em face de Pessoas, sou também sempre eu que decido. Ainda por cima, no caso que escorre, sinto-me a muitas longínquas léguas de semelhante civilização. Que bem estou na minha floresta.

Torre da Guia = Portus Calle