À CPTM
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos:
Prezados Senhores:
Morador do ITAIM PAULISTA, na zona leste de São Paulo, venho observando o descaso, a indiferença de autoridades, políticos e agora da CPTM para com a nossa região: parece que bairros como Ermelino Matarazzo, São Miguel Paulista e Itaim Paulista, na linha variante não existem. Outro dia recebi um panfleto falando sobre o novo EXPRESSO LESTE. Não sabia que haviam riscado do mapa a região da variante, porque só se considera Itaquera e região.
Quando venho do trabalho, costumo descer na estação Tatuapé (metrô) e tomar o trem da variante até o Itaim Paulista. Peguei do bolso R$ 1,10, mas a moça prontamente me disse: Senhor, é R$ 1,40. Peguei mais 30 centavos e paguei a passagem. Ocorre, que nada tem sido feito pela variante, “nossos” políticos só se lembram da região na hora de pedir o voto e infelizmente, o governador Mário Covas está se tornando cópia do intragável Maluf. Quando me mudei para o Itaim, o preço da passagem era 50% mais barato que o ônibus e hoje já custa mais. Mudou-se o preço, mudaram-se os nomes: era Rede Ferroviária Federal, depois Companhia Brasileira de Trens Urbanos e agora Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, mas o serviço prestado continua o mesmo. Aliás, dizer que continua o mesmo é injustiça para com os mais antigos. Senão, vejamos: antigamente, na estação do Brás, havia uma placa indicando o horário de saída dos trens. Quando o trem atrasava, o trabalhador poderia até pegar um comprovante de justificativa de atraso e isso sem nenhuma tecnologia.
Hoje, não existem placas, qualquer horário é horário, não há compromisso e o atraso é só rotina. Será que os “gravatinhas” assumiram o comando ? Eu sei que não é fácil, mas muita coisa pode ser feita para melhorar a qualidade do serviço prestado, eliminando maconheiros e trombadinhas que infestam as composições. Às vezes, não é preciso muito. Treinamento, sim.
Pois é, pagando R$ 1,40, quando poderemos ter uma prestação de serviço à altura do preço que pagamos ? Não foram poucas as vezes que deixei na estação Tatuapé R$ 1,10, porque o trem simplesmente não aparecia, e quando vinha estava abarrotado. Desistia do trem, saía da estação e tomava o ônibus. Hoje, não mais estou na Folha de S. Paulo e sim, por concurso público, no Tribunal Regional Federal da Terceira Região, na Av. Paulista. Mas o meu transporte (que depois do metrô) é a melhor condução de São Paulo, está abandonado. Eu me refiro ao ramal da variante. Falou-se em trens espanhóis, o que é isso ? Nunca os vi, a não ser na linha tronco, onde já tem, inclusive o metrô.
A CPTM fala em sistema de fechamento de portas, sistema elétrico, freios, sistema hidráulico etc. Infelizmente, algumas “pessoas” só entendem a linguagem da pancada, do “cassetete”, pois vamos falar a linguagem que ele entende. Se o malandro não permite que a porta se feche, tire-o do trem e o segure até que passe umas seis composições, aí quem sabe ele entenderá. Existem outros meios que não vou citá-los. O que não é justo é a Empresa penalizar os cidadãos que trabalham, deixando-os à mercê da sorte, como se por aqui só houvessem bandidos, como está ocorrendo. Não adianta muito o maquinista pedir para que o “imbecil” deixe a porte livre. É preciso agir contra este tipo de elemento. Os passageiros são indefesos e quase sempre não estão habituados a enfrentar marginais.
Por outro lado, reconheço, que talvez esteja perdendo o meu precioso tempo à frente de um computador para escrever estas palavras, mas quem sabe, por um raio de luz e de esperança, a carta seja lida por alguém de bom senso e que resolva averiguar o que está por trás destas preterições injustificadas.
Devo acrescentar, por fim, que deixei de me desembarcar no Brás, porque presenciei ali cenas tétricas, como por exemplo: a composição está lotada na plataforma quatro, de repente o serviço de som anuncia: composição que sairia da plataforma quatro, sairá da oito e o povão sai correndo e mal se espreme na oito, a composição da quatro parte em seguida. Às vezes, o serviço de som anuncia nova alteração de plataforma, de preferência bem longa daquela. Penso que o cidadão-funcionário deve ter uma televisão no controle e se diverte com tanta humilhação. É muito, vocês não acham ?
De qualquer forma, se alguém de bom senso se dignar a ler esta carta, meu sonho utópico pode se tornar realidade e poderei, então, no futuro escrever à CPTM e aos jornais dizendo que a Empresa conseguiu mudar a filosofia e que a prestação de serviço é nota dez e merece, por isso mesmo, nosso respeito, nossa admiração e nosso carinho, com aumento de salário, é claro, se o Covas se humanizar.
Pensando bem, não acho que perdi tempo escrevendo a carta, porque, com certeza o coração agradece o desabafo que estava entalado na garganta.